quarta-feira, 30 de novembro de 2011

SANTO ANDRÉ ENCONTROU O MESSIAS

É muito profundo o encontro de Jesus com o apóstolo André, reparemos de per si que este apóstolo foi o primeiro a ser chamado por Jesus para segui-lo como seu discípulo, Jesus o chamou para compartilhar a sua vida, palavras, ações com ele. O evangelista João mostra este encontro de André com Jesus, primeiro, André era discípulo de João batista e certamente aprendeu muitos ensinamentos sobre quem era o Messias e para que ele viria, depois o próprio André vivia o anseio de conhecer este enviado de Deus. quando Jesus ia passando João convida André a fixar o olhar no homem que passava na estrada de suas vidas, mas o interessante é quem passava não era um homem qualquer como tantos outros, mas era o Cordeiro de Deus aquele que tira o pecado do mundo, era o Redentor da humanidade, aquele que cumpriria e saciaria todos os anseios que o povo de Israel sentia, pois bem ao ver Jesus os dois discípulos seguiram o Cordeiro, lembremo-nos que seguir é ser chamado a imitá-lo, configurando a sua vida à dele, não se pode segui-lo porque ele causa admiração ou simplesmente porque o achou bonitinho, ou para matar a curiosidade, não; de repente quando Jesus olha vê que os discípulos estavam seguindo-o, logo faz uma pergunta desconcertante e sábia: a quem procurais? Esta pergunta de Jesus é fundamental para quem quer segui-lo, o que nós procuramos quando seguimos Jesus, será que são os nossos interesses? Um meio de satisfazer nossos meros anseios e prazeres? Ou porque vemos nele um milagreiro, um revolucionário? Seguir Jesus envolve duas atitudes: não ter medo de segui-lo e depois dar a ele o destino da própria vida, é se eixar conduzir para um lugar desconhecido, mas ter uma fé firme de confiar que o Senhor nos conduz para uma vida maior.
À pergunta de Jesus, os discípulos respondem: Mestre onde moras? Queriam conhecer o habitat do Senhor, só que a morada de Jesus não é uma casa construída por mãos humanas, a morada de Jesus é o céus de Deus, ou seja, o mistério de Deus mesmo, e só quem faz o caminho com Jesus é capaz de conhecer onde ele mora, e não é por acaso que Jesus os convida: “Vinde e vede”, ou seja, Jesus em outras palavras estava dizendo, venham, me sigam, caminhem após mim, trilhem o meu caminho e vocês me conhecerão, saberão quem eu sou e também onde eu habito. É este o convite que Jesus nos faz, ele nos chama ao seu seguimento, a partilharmos nossa vida com a dele, a sermos peregrinos com o Grande Peregrino.
André foi, viu, ficou com Jesus, o interessante é que ele passou um tempo muito grande, demorou com o Senhor, certamente foi um encontro de profundidade imensa, Jesus transmitiu o que é segui-lo, revelou quem ele é, a ponto de quando André saiu do encontro com o Senhor correu ao encontro de seu irmão Simão Pedro e disse: “encontramos o Messias”. Quão profundo foi o encontro de André com o Senhor, ele compreendeu quem de fato era aquele homem que ele seguiu e foi até a sua morada, era o Messias, o Ungido de Deus, aquele que tinha a missão de reconduzir à humanidade ao caminho da vida verdadeira, era o esperado que veio saciar o desejo do povo de uma vida feliz, longe da escravidão. André compreendeu que deveria trilhar o caminho do seu Mestre, Jesus, por isso associou sua vida a Cristo a ponto de no final ser morto numa cruz, porque soube imitar a Jesus, encontrou o segredo do discipulado.

A Virgem Mãe Imaculada que orna o altar da Matriz de Coruripe







Que momento maravilhoso e feliz estou vivendo nesta terra coruripense, e sobretudo, nesta querida paróquia da Imaculada Conceição, quão bela a noite de ontem que iniciou a Festa de nossa Mãe Imaculada, quantas pessoas caminhavam com fé sendo guiadas pela Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, as pequenas luzes das velas acesas eram o sinal de que também o coração de cada Filho e Filha estava aceso, iluminado, pelo desejo ardente de se deixar conduzir por Maria até  Cristo, quanta emoção, quanta felicidade pude ver no semblante daquelas pessoas humildes e simples, os cânticos e louvores vibrantes ressoavam no céu estrelado, lembrando a coroa de doze estrelas que pousa sobre a cabeça da Virgem Filha de Sião, ao chegar na Casa da Mãe, a Igreja Matriz uma outra multidão esperava ansiosa para acolher a Virgem Maria, como se espera verdadeiramente alguém que se ama, foram vivas e mais vivas, os olhos e os corações estavam estridentes de alegria, entre cantos de festa e com grande alegria a Mãe era entronizada no seu trono, no seu palácio, em vestes vistosas ao Rei se dirige, e nós lhe fazíamos o cortejo. Confesso que nunca participei de uma festa Mariana tão bela e tão cheia de fé como esta que estou vendo aqui, louvo a Deus por este momento feliz e santo que ele tem me concedido. Eu vos louvo e vos dou graças ó meu Deus, pelas maravilhas que tu tens realizado em minha vida. Quantos amigos e amigas tenho encontrado, quantas amizades Deus tem exertado em minha história, quantas pessoas, Filhos e Filhas de Deus, crianças, jovens, idosos, homens e mulheres têm me ajudado a querer ser um bom e santo padre, a ser um bom cristão, tem sonhado os seus e os meus sonhos, quantos momentos de profunda oração e espiritualidade, creio que  aqui se encerram as palavras do apóstolo Paulo: "o amor de Cristo nos impele" (2Cor 5,14). verdadeiramente, o amor de Deus pode ser sentido e experimentado na vida dos seus filhos e filhas, fazer da vida do próximo um altar onde se adora Deus na simplicidade de uma humilde existência que vive para Ele. Louvo a Deus por esta graça que ele tem me concedido, tudo é para honra e glória dele, a final sou dele, não me pertenço mais, sou seu instrumento.
que o Senhor me ajude a realizar com humildade e com solicitude a missão que ele me confiou. Deus vos abençoe amados irmãos e irmãs, amigos e amigas desta querida e amada paróquia da Imaculada Conceição, sejamos ponte que leva ao céu. Deus vos abençoe.
Com minha oração e meu abraço fraterno em Cristo.


SAGRADO TEMPO DO ADVENTO - IV

I.              ESPIRITUALIDADE DO ADVENTO

Para celebrar o grande acontecimento da manifestação de Deus que adentra em nossa história pela sua encarnação, a Igreja quer se preparar bem para esta grande dádiva de Deus que vem ao nosso encontro para nos conduzir até ele.

a)    Expectativa vigilante e alegre

Deus fez-nos uma promessa, e Ele é fiel, Ele vem para nos restaurar, não celebramos algo fictício, ou mágico, mas algo real. Esperamos peregrinantes à Vinda gloriosa do Senhor; esta espera deve ser marcada pela a alegria de que Deus cumprirá a sua promessa porque Ele é um Deus justo fiel e sem falsidade. A alegria da espera se manifesta cosmicamente pelos céus que derramam o orvalhoexultam de grande alegria, Maria e João batista que exultam de alegria e o próprio nascimento de Jesus é marcado pela alegria do cantar dos anjos.

b)    Conversão
Esperamos o Senhor com prontidão, esperança e alegria, mas para isso devemos ter um coração novo, aberto, limpo para acolhermos o Salvador que vem, ó portas levantai vossos frontões, elevai-vos bem mais alto antigas portas, afim de que o Rei da glória possa entrar.

c)    Pobreza
Os pobres do Senhor, os anwins, que possuem um coração manso e humilde, coração temente à Deus. O Senhor vem para os que tem o coração pobre, pois Ele mesmo é o POBRE DE DEUS, primeiro porque sendo rico se fez pobre, assumindo a conditio pecatoribus, para nos enriquecer, veio aos homens para que os homens fossem a Deus, nasceu em uma aldeia pobre, a pequenina Belém, e depois nasceu num lugar pobre, a humilde manjedoura, revelando-se ali como alimento da humanidade. É possível ver esta pobreza interior manifestada em Maria santíssima, em João Batista, José, Zacarias, Isabel.





ANDRÉ, O PROTOCLÍTICO (O primeiro a ser chamado)

Das Homilias sobre o Evangelho de João, de São João Crisóstomo, bispo
(Hom. 19,1: PG 59,120-121)
(Séc.IV)

Encontramos o Messias
André, tendo permanecido com Jesus e aprendido com ele muitas coisas, não escondeu o tesouro só para si mas correu depressa à procura de seu irmão, para fazê-lo participar da sua descoberta. Repara o que lhe disse: Encontramos o Messias (que quer dizer Cristo) (Jo 1,41).
Vede como logo revela o que aprendera em pouco tempo! Demonstra assim o valor do Mestre que o persuadira, bem como a aplicação e o zelo daqueles que, desde o princípio, já estavam atentos. Esta expressão, com efeito, é de quem deseja intensamente a sua vinda, espera aquele que deveria vir do céu, exulta de alegria quando ele se manifestou, e se apresa em comunicar aos outros a grande notícia.
Repara também a docilidade e a prontidão de espírito de Pedro. Acorre imediatamente. E conduziu-o a Jesus (Jo 1,42), afirma o Evangelho. Mas ninguém condene a facilidade com que, não sem muita reflexão, aceitou a notícia. É provável que o irmão lhe tenha falado pormenorizadamente mais coisas. Na verdade, os evangelistas sempre narram muitas coisas resumidamente, por razões de brevidade. Aliás, não afirma que acreditou logo, mas: E conduziu-o a Jesus (Jo 1,42), e a ele o confiou para que aprendesse com Jesus todas as coisas.
Estava ali, também, outro discípulo que viera com os mesmos sentimentos. Se João Batista, quando afirma: Eis o Cordeiro e batiza no Espírito Santo (cf. Jo 1,29.33), deixou mais clara, sobre esta questão, a doutrina que seria dada pelo Cristo, muito mais fez André. Pois, não se julgando capaz de explicar tudo, conduziu o irmão à própria fonte da luz, tão contente e pressuroso, que não duvidou sequer um momento.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

SAGRADO TEMPO DO ADVENTO - III


I.              IMAGENS MODELOS DO ADVENTO

Na liturgia deste santo tempo do Advento emergem 4 figuras bíblicas que são verdadeiros modelos para nós de vivência da vinda do Senhor. Estas figuras são: o profeta Isaías, João Batista, a Virgem Maria e seu esposo São José. Destaquemos a importância de cada um deles na liturgia do Advento.

ISAÍAS – é indicada como leitura espiritual para o Advento, uma vez que ele desperta o caráter da esperança de um tempo novo como advento do Messias. Este profeta aparece em todas as leituras dominicais, em sua profecia ecoa a grande esperança de libertação para o povo exilado que enfrentou momentos difíceis. A segunda parte de seu livro (40-55) é denominado Livro das consolações, justamente porque consola o povo e lhes anuncia um novo êxodo, nova criação, uma expectativa de futuro, é a Redenção de Israel.

JOÃO BATISTA – é o último dos profetas, e o maior nascido de mulher como disse o próprio Jesus. Ele veio preparar os caminhos do Senhor que estava por vir, anunciando aos povos a urgência da conversão e da abertura do coração para o Messias que estava para chegar. Ele é o exortador para a mudança de rumo da própria vida, “quem quer encontrar o Senhor que vem, deve mudar uma e outra vez de pensamento” (Joseph Ratzinger). João Batista só é importante porque ele existe não para si mesmo, mas para outro, Cristo.

MARIA – Cooperadora na obra da redenção do gênero humano, assim reza a Igreja num dos prefácios do advento: “do seio virginal da Filha de Sião germinou aquele que nos alimenta com o pão do céu e garante para todo gênero humano a salvação e a paz”. Maria é a Nova Eva, o seu sim foi a resposta de fé para que em seu seio imaculado o Verbo de Deus viesse ao mundo assumindo a nossa condição. Destacamos na liturgia também, a sua maternidade divina, Maria é a Mãe de Deus porque foi em sua carne que o Filho de Deus foi gerado humanamente. Ela também permaneceu Virgem, antes, durante e após o parto, seu seio, qual terra fértil, foi germinado só pelo Espírito Santo.

JOSÉ O PAI LEGAL DE JESUS – Eis o homem Justo da estirpe de Davi, nele se cumpre a promessa messiânica de que o salvador sairia da estirpe de Davi, dela o Novo Rei viria. José e modelo de obediência, não renegou Maria como sua esposa, aceitou ser o Pai legal de Jesus, seu coração estava sempre em prontidão para pronunciar o seu sim ao projeto de Deus.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O SAGRADO TEMPO DO ADVENTO - II

- É interessante notarmos que com o nascimento de Jesus cumpre-se todas as promessas do Antigo Testamento, e isto faz com que a história seja dividida num antes de Cristo e depois de Cristo, por conseguinte, o advento é justamente este tempo que precedeu a manifestação do Senhor. Isto permite que vejamos o próprio natal como um anúncio escatológico.

- Esta é a estrutura(escatológica e natalícia) que possui o tempo do advento; durante quatro semanas a Santa Mãe Igreja meditará sobre estas duas vindas de Deus na nossa história;o seu nascimento como cumprimento das expectativas do antigo testamento, e a sua manifestação cheia de glória no final dos tempos. Vejamos como estão dispostas estas quatro semanas:

- O advento abre o ano litúrgico da Igreja, tem início com o 1º domingo do advento e vai até antes das primeiras vésperas do Natal do Senhor. Um período que compreende 4 domingos, a primeira parte vai desde o 1º domingo até o dia 16 de Dezembro a Igreja vive o advento escatológico, de modo que os textos litúrgicos, assim como as leituras falam-nos do Futuro Messiânico, o Senhor que virá, e que devemos esperar vigilantes (Mc 13,33-37; Mt 25,1-13), purificando nossos corações, preparando os caminhos para o Senhor. Esta espera deve ser aguardada com alegria, a Igreja que muito suspira e grita ansiosa: vem Senhor não tardes mais! Vem dá-nos a tua salvação.



“Senhor Nosso Deus, dai-nos esperar solícitos a Vinda do Cristo, vosso Filho. Que ele, ao chegar nos encontre vigilantes na oração e proclamando o vosso louvor” (Or.Coleta da segunda-feira da 1ª semana)

“Revestido de sua glória ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje esperamos vigilantes” (prefácio do 1º domingo).


Numa segunda parte do advento que é a Grande Semana, a semana santa do Natal que vai do dia 17 ao dia 24 de Dezembro, os corações dos féis e de toda a Igreja se voltam para a meditação contemplativa da manifestação do Senhor em nossa carne, sua descida a nós, para redimir a humanidade ferida pelo pecado. A Igreja em seus textos litúrgicos lê as profecias que anunciam a chegada do Messias, sua descendia davídica,“o cetro não se afastará de Judá” (Gn 49,10), ele que surge como o rebento de Davi: “farei surgir de Davi um rebento justo” (Jr 23,5) ele que será gerado pela Virgem, filha de Sião, “Eis que uma Virgem conceberá e dará a luz um Filho e o seu nome será Emanuel” (Is 7,14). Os evangelhos apontam para a genealogia de Jesus (Mt 1,1-17), e a cada dia que passa as profecias vão anunciando com mais ânsia e fervor a chegada do Esperado das Nações.

“Eis que vem o desejado de todos os povos e encherá de glória o templo do Senhor”. (antífona de comunhão)

“Florescerá um ramo da raiz de Jessé: a glória do Senhor encherá a terra inteira e todo homem verá a salvação de Deus”. (antífona de entrada)

-As leituras dominicais trazem a seguinte ordem temática em cada um dos três ciclos litúrgicos (A-B-C):

  • A Vigilância na espera de Cristo (1º Domingo)
  • Urgente convite à conversão contido na pregação de João Batista (2º domingo)
  • O testemunho dado a Jesus pelo seu precursor (3º domingo)
  • O anúncio do nascimento de Jesus a José e Maria (4º domingo)


Podemos estabelecer também a seguinte ordem:

1º Domingo = Parusia Final
2º e 3º domingos= Vinda cotidiana do Senhor
4º Domingo= Prepara-nos para o nascimento do Senhor


Retomando a segunda parte do advento vemos que é durante estes dias que a Igreja também reza as antífonas ó, na aclamação ao Evangelho, é sinal do espanto comovido da Igreja que contempla ansiosamente o mistério do Cristo que vem para nascer em meio aos homens, Jesus é denominado de: Sabedoria, Guia de Israel, Rebento de Jessé, Chave de Davi, Sol Nascente, Rei das nações, Emanuel. O interessante destas antífonas é que sendo rezadas na semana santa do natal, elas são reveladoras de um mistério, vejamos, em latim, se tomarmos cada uma das iniciais de cada palavra começando pela última, ou seja, ó Emanuel, unidas darão a palavra latina: Ero cras, que quer dizer “amanhã chegarei”, ou seja, como a última antífona é lida no dia 23, ou seja, no dia que antecede a véspera do Natal, ela indica a grande chega do Emanuel, o Deus-Conosco.

- agora, diante destas duas vindas de Cristo ao mundo (natal e parusia) a Igreja aponta para uma vinda intermediária, que se dá por meio da Eucaristia, ou seja, é o Senhor que VEM na história a cada instante, na Eucaristia se celebra a páscoa, mas também se celebra a encarnação e o nascimento de Jesus; Santo Agostinho nos ajuda a compreender este dois grandiosos mistérios, diz ele: a encarnação na missa se dá quando assim como o útero da Virgem Maria foi fecundado pelo Espírito Santo, também as mãos do sacerdote são como aquele sagrado útero, que na força do Espírito no qual ele invoca sobre as espécies do pão e do vinho, tornam-nas fecundas de modo que é gerado mais uma vez o Filho de Deus, a isso se une o mistério do Natal, quando o menino nasceu foi posto numa manjedoura, no lugar onde se punha o alimento para os animais, isto indicava que aquele que nasceu na casa do Pão, em Belém, seria o Pão Vivo que alimenta toda a humanidade, e o altar se torna mais uma vez um manjedoura onde repousa o Pão Vivo, o Filho de Deus, e mais, diz-nos os textos sagrados é dito que o menino foi envolto em faixas (Lc 2,12), assim também na missa no altar qual manjedoura, o Corpo do Senhor está envolvido pelas alfaias sagradas, ou seja, os sagrados panos litúrgicos. Na Eucaristia, também se adentra já parusia, ou seja, no fim escatológico, mas, se fica esperando a Vinda gloriosa do Senhor, é o grito suplicante da esposa que na força do Espírito implora: Maranatha! Vem Senhor Jesus! (Ap 22,21).

-Dito isto podemos falar de três vindas de Jesus, sua manifestação na história, pois ele caminha e atua dentro dela levando-a para a sua meta:

·         Ele Veio na Encarnação
·         Ele vem pela a Eucaristia
·         Ele virá no Fim dos tempos

domingo, 27 de novembro de 2011

VIGIAI, EIS QUE O SENHOR VIRÁ, CONVERTEI-VOS

Quão belíssimos foram os textos da Santa Liturgia que abriu o sacro tempo do advento do Senhor, nela escutamos pelo menos duas exortações firmes que ressoaram como um refrão solene do Senhor a nós: convertei-vos e vigiai. Vejamos, cada uma destas palavras, primeiro a CONVERSÃO, com o pecado de Adão e Eva, toda raça humana ficou sujeita ao pecado, de modo que, trazemos em nós as consequências do pecado original, e por isso estamos inclinados ao pecado, e pecar é sempre afastar-se de Deus, transgredir as suas leis de amor, é abandoná-lo, repudiá-lo e negá-lo, deixamos o caminho da vida bem-aventurada para trilharmos caminhos que nos fazem estar distantes dos átrios do Senhor, e, por conseguinte, abominamos o Deus que nos criou e que nos teceu com amor, ternura e compaixão, saímos como ovelhas desgarradas, longe agora do Pastor, somos como o povo de Israel que ao Deus que o cercou de carinho, ele pagou com a idolatria, por isso, exortava o profeta Isaías: “Tu te irritaste, porque nós pecamos... Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento. Não há quem invoque teu nome, quem se levante para encontrar-se contigo” (Is 64,4-6). Eis os males que nos assolam quando estamos vivendo só e unicamente para o pecado, quando esquecemos o Deus que nos criou, estamos tão frágeis que o vento do pecado nos leva para longe de Deus, ficamos imundos, como um lixo, sujos pela imundície do pecado.
Pecar é desfigurar a imagem de Deus que há em nós, lembremo-nos que fomos feitos do barro, o Senhor nos teceu, modelou, formou qual oleiro divino, “nós todos, somos obra de tuas mãos” (Is 64,7). O Senhor Deus com seu amor de Pai foi nos lapidando, foi imprimindo as suas feições em nós, a tal ponto de nos tronamos imagem e semelhança dele, que grande dom, ó esplendorosa dádiva de Deus a nós. Simplesmente, o pecado desfigurou esta imagem, este precioso vaso espiritual que somos nós, tudo parece estar perdido, por isso rogamos: “Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome... Por amor de teus servos, das tribos de tua herança, volta atrás. Ah! se rompesses os céus e descesses!” (Is 63,16.19). É o nosso suspiro, não temos forças para sozinhos retomarmos o caminho da felicidade, mas porque Deus não nos abandona, Ele em seu amor infinito romperá os céus e de lá nos enviará seu Filho, o Verbo para adentrar na nossa história e nos conduzir para o caminho da vida, Ele virá do alto, para restaurar a imagem de Deus em nós, imagem que o pecado dilacerou em duas partes, o Filhos virá a nós para que sejamos conduzidos aos caminhos de outrora, o caminho da salvação. Roguemos a Deus que ele volva a sua face sobre nós, iluminando-nos, guiando-nos no caminho da vida, que não nos venha a acontecer de que atolados no pecado, vivamos longe da presença de Deus, podemos até pensar que Deus nos abandonou, pelo contrário, quando pecamos nos escondemos da presença de Deus, qual Adão e Eva no paraíso. Deveremos mudar nosso coração, convertermo-nos em quanto há tempo, porque pode ser que se deixarmos para amanhã ou depois, ficarmos adiando o Senhor chegue e nos encontre despreparados. É aqui que entra a outra palavra: VIGILÂNCIA. Antes é preciso dizer que temos todos os meios possíveis para mudarmos de vida, Deus ao nos criar nos concedeu diversos dons, carimãs para desenvolvermos em prol de nós mesmos e daqueles que nos rodeiam, Deus nos deu tudo e não nos falta nada, deu-nos toda possibilidade de seguir o caminho da vida pelo amor e pela doação humilde da própria vida, “Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós. Assim, não tendes falta de nenhum dom”. (1Cor 1,5-7). Todas estas dádivas nós as recebemos ao sermos criados para podermos caminhar segundo os desígnios de Deus, isto porque nós não fomos criados para a mediocridade do pecado, não nossa vocação é ser um com Cristo, fomos feitos para Deus, somos dele; por isso que nos exortava São Paulo: “Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso”. (1Cor 1,9). Deus ao nos criar nos convidou a uma comunhão de vida com ele, Deus quer nos tornar divinos, mas para isso temos que nos esforçar diariamente, como um atleta que para desempenhar bem a sua função deve estar preparado, e é justamente neste ponto que podemos falar de Vigilância; e isto implica, não em estarmos acomodados, dormindo literalmente, inertes na vida, mas a estarmos prontos, com o coração e toda a existência livres para Deus, deveremos estar em atitude de prontidão.    
O Senhor nos chama a retomar o estado inicial no qual fomos criados. Chamados a ser santos e irrepreensíveis desde já até o fim. E para esperar este fim que se aproxima e vem juntamente como seu Senhor, devemos estar vigilantes, a não dormirmos o sonos do pecado. Sabemos que o Senhor virá uma segunda vez, revestido de glória é assim que proclamamos no credo. Depois que o Senhor foi elevado aos céus, voltando para a pátria de onde saiu, a terra estrangeira de que nos falava o evangelho, ele qual patrão  deixou cada um de nós seus servos e empregados para cuidarmos de sua casa, ou seja, o a Igreja, cuidar aqui significa zelar piedosamente. Deu-nos também tarefas, ou seja, sinal dos dons e carismas. Deixou um porteiro a nos vigiar, a olhar as nossas ações, mas quem é este porteiro? São os profetas que indicaram ao povo o caminho do redil do Senhor, é João Batista, o último e o maior dos profetas do Senhor que vai preparar os caminhos do Messias. Devemos estar vigilantes à espera do Senhor que vem, não sabemos quando, onde e como ele virá, só sabemos com fé que embora ele tarde, tão subitamente ele chegará. Devemos estar vigilantes em nosso coração, nosso modo de ser, pensar, agir, que ele nos encontre prontos e tendo-nos afastado do pecado, da escuridão do mundo dos sem-Deus, sejamos contados entre seus eleitos e ressoe em nossos corações as mesmas palavras do salmista:  “E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus!/ Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!” (Sl 79).

sábado, 26 de novembro de 2011

RITO PARA A COROA DO ADVENTO

Oferto-vos este Rito  da coroa do Adveto para ser usado durante estes quatro domingos quando forem acesas as 4 respectivas velas. 












RITO PARA A COROA DO ADVENTO
A bênção da Coroa do Advento, bem como o ato de acender a vela de cada domingo, acontecem após o ato penitencial da Santa Missa.
I Domingo
Comentarista:
Vemos hoje, no Presbitério, a Coroa do Advento. Trata-se de um simples arranjo de ornamentos verdes e velas que nos recorda o significado deste sagrado tempo que agora iniciamos.
A Coroa do Advento teve sua origem entre os pagãos do norte da Europa, que preparavam uma roda de carroça, enfeitada com ramos e luzes, para agradar a um deus pagão, o deus do sol, que se escondia durante as longas noites do inverno do norte europeu.
Os cristãos, também no inverno, no mês de dezembro, celebravam o Natal. Assim, adotaram o mesmo costume dos pagãos, mudando-lhe, porém, completamente, o significado. Para eles, a Coroa do Advento lembra a preparação para o Natal, festa da luz e da vida, quando veio ao nosso mundo o Cristo, Sol que não tem ocaso. Colocavam, então, na Coroa, quatro velas, representando os quatro domingos do Advento. A cada domingo uma vela a mais ia sendo acesa, recordando a luz de Cristo que se aproxima com o seu santo nascimento.
Esta luz vem chegando aos poucos: primeiro, na promessa do Salvador, depois, no anúncio dos profetas, na escolha da Virgem Maria e, finalmente, no nascimento do Cristo Senhor, Deus-Conosco, Emanuel.
A Coroa circular, sem início e sem fim recorda a eternidade do Filho de Deus Pai que vai nascer no tempo. O verde simboliza a vida e a esperança. As velas recordam a luz do Senhor, cada vez mais próximo, até fazer-se Sol nascente que nos vem visitar no Natal.

Agora o sacerdote irá abençoar nossa Cora e, em seguida, acender a primeira vela. É a luz de Cristo que já começa a despontar; que ela brilhe em nosso coração!

Celebrante:
V. O nosso auxílio está no nome do Senhor.
R
. Que fez o céu e a terra.
Senhor nosso Deus, sois o doador de toda bênção
e a fonte de todo dom perfeito.
Abençoai + esta Coroa em honra do Advento do Cristo, vosso Filho,
e dai-nos esperar solícitos a sua vinda.
Que ele, ao chegar, nos encontre vigilantes na oração
e proclamando o seu louvor.
Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor.
O sacerdote asperge com água benta a Coroa e acende a primeira vela. Enquanto acende, pode dizer:
A vós, meu Deus, elevo a minha alma.
Confio em vós, que eu não seja envergonhado!
Não se riam de mim meus inimigos,
pois não será desiludido quem em vós espera (SI 24,1.3)

II Domingo
Comentarista:
Eis que vem o Desejado das Nações, e toda a terra se encherá de sua luz! Mais uma vela brilhará hoje em nossa Coroa. Aproxima-se mais o Natal, celebração do nascimento do Cristo segundo a carne Ele é a luz do alto, o Sol nascente que nos vem visitar. Preparemos os nossos caminhos!
Sacerdote:
Ó Deus onipotente,
ao acendermos mais esta vela em honra do Advento do vosso Cristo,
dai ao vosso povo esperar vigilante a sua chegada,
para que, instruídos pelo próprio Salvador,
corramos ao seu encontro com nossas lâmpadas acesas.
Por Cristo, nosso Senhor.
Já estando uma vela acesa, o sacerdote acende a segunda vela. Enquanto o faz, pode dizer:
Povo de Sião, o Senhor vem para salvar as nações!
E na alegria do vosso coração,
soará majestosa a sua voz (Is 30,19.30)




III Domingo
Comentarista:
Celebremos mais um domingo do Advento e acendamos mais uma vela da nossa Coroa. Assim reconheceremos que o Senhor está mais próximo de nós. Recordemos que a luz destas velas deve afugentar as trevas do pecado em nossas vidas e conduzir-nos a uma conversão total. Deste modo, estaremos prontos para celebrar o nascimento d’Aquele que é luz para iluminar as nações e guia de nossos passos no caminho da paz.
Sacerdote:
Ao acendermos esta vela,
concedei-nos, ó Deus todo-poderoso,
que desponte em nossos corações o esplendor da vossa Glória,
para que, vencidas as trevas do pecado,
a vinda do vosso Unigênito revele que somos filhos da luz.
Por Cristo, nosso Senhor.
Já estando acesas as duas velas, o sacerdote acende a terceira. Enquanto o faz, pode dizer:
Alegrai-vos sempre no Senhor.
De novo eu vos digo: alegrai-vos!
O Senhor está perto! (FI 4,4.5)
IV Domingo
Comentarista:
Ainda uma última vez acenderemos uma vela da Coroa do Advento. O Senhor agora está mais próximo. Neste Quarto Domingo toda a Coroa será iluminada!
O Senhor Jesus vem ao nosso encontro. Mas ele não vem sozinho: é nos braços da Virgem Mãe que iremos encontrá-lo. Olhemos para ela e saberemos como se cumpre a vontade do Pai, como se recebe Cristo Jesus e como poderemos colocar nossa vida a serviço dos irmãos! Celebremos com alegria o Natal próximo, recordando as palavras do Apóstolo: “Aproximai-vos do Senhor e sereis iluminados e não haverá sombra em vossas faces!”

Sacerdote:
Acendendo esta vela, nós vos pedimos, ó Deus,
que a luz da vossa graça sempre nos preceda e acompanhe
para que, esperando ansiosamente
a vinda d’Aquele que a Virgem concebeu,
possamos obter a vossa ajuda nesta vida e na outra.
Por Cristo, nosso Senhor.

Já estando acesas as três velas, o sacerdote acende a quarta. Enquanto o faz, pode dizer:

Céus, deixai cair o orvalho; nuvens, chovei o Justo;.
abra-se a terra e brote o Salvador! (Is 45,8).







O SAGRADO TEMPO DO ADVENTO - I

Amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo, o Justo-esperado, a vós graça e paz! Nossa mãe igreja neste final de semana inicia com fé o sagrado tempo do advento, como momento de preparação do coração para celebrarmos em nossa história o nscimento do Filho de Deus em nosso tempo. Por isso oferto-vos uma pequeno estudo teológico-espiritual que preparei para que juntos possamos ter uma consciência viva sobre o mistério que vamos celebrar. Durante alguns dias postarei alguns textos sobre o advento a partir deste estudo. Espero que vos sirva de ajuda para bem celebrarmos o advento. Desde já sugiro como leitura espiritual neste tempo do advento o Livro do Profeta Isaías.






Na próxima postagem falaremos melhor sobre este advento escatológico e natalício



ADVENTO[1]


“O Advento significa a vinda do Senhor já começada, mas também só começada. O cristão não olha só para o que passou e já foi, mas também para aquilo que virá... sabe que a presença de Deus, que agora apenas começou, um dia será presença consumada”.( Joseph Ratzinger)


INTRODUÇÃO

Há dois grandes períodos que perpassam a vida da Igreja no que diz respeito à celebração de fé na liturgia, são os dois polos em cujo redor gira todo o ano litúrgico, são eles: Páscoa e Natal. O primeiro compreende a quaresma e a festa de pentecostes. O segundo compreende o advento e a epifania. Estes dois ciclos litúrgicos (Ciclo pascal – Ciclo do natal) estão intimamente ligados, de modo que em todo o ano litúrgico a santa Mãe Igreja celebra com fé todo o Mistério de Jesus Cristo, desde sua Encarnação até a espera da sua segunda vinda gloriosa. Em cada um destes ciclos se celebra o Mistério da Redenção, na páscoa ele encontra o seu ponto máximo, no natal nossa atenção se volta em Jesus Cristo, o Deus que por nós se fez homem, e que também por nós sofrerá a paixão e morte para nossa salvação. Tanto a páscoa como o natal, são precedidos de tempos de preparação que elevam o coração dos fiéis ao mistério que será celebrado, ao tempo pascal tem-se a QUARESMAe ao tempo do natal, tem-se o ADVENTO. Deste modo nossa reflexão discorrerá sobre o Santo Advento como tempo de preparação para a manifestação de DEUS feito homem em JESUS.


I.              HISTÓRIA E ORIGEM

Antes de descobrirmos o sentido da Palavra Advento, chamo-vos a atenção sobre a descaracterização que o tempo do advento, e consequentemente o Natal tem sofrido, em virtude de um mundo marcado pelo consumismo econômico, uma sociedade industrial, mercantilista, que destrói todo sentimento de fé e de piedade que o doce tempo do advento possui, passa-se a se viver um natal mágico! Queremos, pois recuperar o sentido profundo deste tempo.

- Até o século VIII não se falava em um tempo de preparação para o Natal do Senhor, tinha-se apenas alguns poucos dias de jejum que antecediam o natal, possuindo um caráter penitencial; foi somente no século VIII em diante que o Natal passou a ser precedido por um período de preparação, chamado advento, mas que a princípio evocava mais a segunda vinda de Cristo do que seu nascimento, de modo que os domingos que precediam o natal eram destinados há concluir o ano litúrgico, sinal do cumprimento da missão do Redentor. Depois se passou a ter uma característica de preparação para celebrar o nascimento do Senhor Jesus.

- A Palavra Advento não significa nem tanto “aguardar” ou “esperar”, como muitos de nós aprendemos, mas significa “presença”, pois deriva do termo grego parusia = presença/chegada, isto é, presença iniciada. Para entendermos melhor, busquemos o sentido histórico da palavra.Na antiguidade ela era aplicada para explicar a presença do rei, sua chegada no meio de seu povo, era a sua Parusia. Portanto, tirou-se o sentido pagão e se cristianizou, agora o Advento quer dizer a presença iniciada de Deus mesmo, ou seja sua chegada em nossa história; o cardeal Ratzinger nos ajuda a compreender esta realidade quando nos diz: “A presença de Deus no mundo já começou, mas ainda não está consumada”. Por isso que o tempo do advento será marcado pelo suspirar de fé da Igreja na espera da manifestação do Senhor que já veio uma primeira vez, mas que virá uma segunda vez.
- É verdade que nos colocamos numa atitude de espera, nos unindo a todo o povo de Israel que esperava a chega do Messias, o advento do Reino de Deus, mas a liturgia nos faz perceber já a presença de Jesus em nosso meio, como dissemos é uma presença iniciada.

Isto nos permite apontar para duas realidades que permeiam o sentido do advento como preparação para a vinda do Senhor. Podemos falar em dois adventos:

·         Advento escatológico
·         Advento natalício

Então, diremos que se trata da manifestação do Senhor em nossa carne(1ª vinda) e a manifestação do Senhor em sua glória(2ª vinda).

- É interessante notarmos que com o nascimento de Jesus cumpre-se todas as promessas do Antigo Testamento, e isto faz com que a história seja dividida num antes de Cristo e depois de Cristo, por conseguinte, o advento é justamente este tempo que precedeu a manifestação do Senhor. Isto permite que vejamos o próprio natal como um anúncio escatológico.


[1] Para esta formação fiz uso das seguintes bibliografias: MARSILI, Salvatore. Sinais do Mistério de Cristo. p. 545-548. 621-626. BERGAMINI, Augusto. Cristo festa da Igreja. p. 175-194. BOROBIO, Dionísio. A Celebração na Igreja. vol 3. p. 166-167. 174-179. RATZINGER, Joseph. Dogma e Anúncio. p. 319-326.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O DESEJO DE SE UNIR A JESUS EUCARÍSTICO


Do livro Imitação de Cristo


Vai, pois, à santa mesa com fé sincera e firme, e recebe o Sacramento com fervoroso e pio respeito; e tudo o que não puderes compreender neste mistério, encomenda-o com segurança a Deus, que tudo pode. Deus não engana a quem Nele confia; porém, o que demasiadamente crê em si mesmo é, muitas vezes, enganado. A razão humana é fraca e pode enganar-se; mas a fé verdadeira não pode ser enganada. A razão e todas as investigações naturais devem seguir a fé e não precedê-la nem quebrantá-la. Porque a fé e o amor elevam-se a cima de tudo e obram de um modo oculto no Santíssimo Sacramento do altar... ó dulcíssimo e amantíssimo Senhor a quem agora desejo receber devotamente! Vós conheceis a minha fraqueza e as necessidades que padeço; sabeis em quantos males e vícios estou abismado, quais são meus trabalhos, minhas penas, tentações, meus cuidados e minhas iniquidades. Venho a vós buscar remédio, a vós recorro para achar consolação e alívio. Falo a quem tudo sabe, a quem são manifestos todos os segredos do meu coração e a quem só me pode socorrer e perfeitamente consolar... dignai-vos, Senhor, ficar comigo, pois eu desejo ardentemente estar convosco: Todo o meu desejo é que meu coração esteja inteiramente unido a vós.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

MARIA, AQUELA QUE ACREDITOU NAS PROMESSAS DE DEUS

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermo 25,7-8: PL 46,937-938)
(Séc.V)

Aquela que acreditou em virtude da fé,
também pela fé concebeu
Prestai atenção, rogo-vos, naquilo que Cristo Senhor diz, estendendo a mão para seus
discípulos: Eis minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de meu Pai que me enviou, este
é meu irmão, irmã e mãe (Mt 12,49-50). Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que
creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a
salvação e que foi criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Sim! Ela o fez! Santa
Maria fez totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do
que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. Assim Maria
era feliz porque, já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente.

Vede se não é assim como digo. O Senhor passava acompanhado pelas turbas, fazendo milagres
divinos, quando certa mulher exclamou: Bem-aventurado o seio que te trouxe. Feliz o ventre
que te trouxe! (Lc 11,27) O Senhor, para que não se buscasse a felicidade na carne, que
respondeu então? Muito mais felizes os que ouvem a palavra de Deus e a guardam (Lc 11,28).
Por conseguinte, também aqui é Maria feliz, porque ouviu a palavra de Deus e a guardou.
Guardou a verdade na mente mais do que a carne no seio. Verdade, Cristo; carne, Cristo; a
verdade-Cristo na mente de Maria; a carne-Cristo no seio de Maria. É maior o que está na
mente do que o trazido no seio.

Santa Maria, feliz Maria! Contudo, a Igreja é maior que a Virgem Maria. Por quê? Porque
Maria é porção da Igreja, membro santo, membro excelente, membro supereminente, mas
membro do corpo total. Se ela pertence ao corpo total, logo é maior o corpo que o membro. A
cabeça é o Senhor; e o Cristo total, é a cabeça e o corpo. Que direi? Temos cabeça divina,
temos Deus por cabeça!

Portanto, irmãos, dai atenção avós mesmos. Também vós sois membros de Cristo, também vós
sois corpo de Cristo. Vede de que modo o sois. Diz: Eis minha mãe e meus irmãos (Mt 12,49).
Como sereis mãe de Cristo? Todo aquele que ouve e faz a vontade de meu Pai que está nos
céus, este é meu irmão e irmã e mãe (cf. Mt 12,50). Pensai: entendo irmão, entendo irmã; é
uma só a herança, e é essa a misericórdia de Cristo que, sendo único, não quis ficar sozinho;
quis que fôssemos herdeiros do Pai, co-herdeiros seus.