sexta-feira, 30 de março de 2012

O real valor de uma amizade

Como é duro querer ser amigo verdadeiro de alguém, quando esta pessoa não enxerga o que é uma amizade verdadeira

"Meu Deus! é triste quando se quer mostrar uma amizade verdadeira, se quer ser um amigo fiel, quando as pessoas que nos cercam estão como que cegas e acostumadas com 'amizades falsas'. é preciso sair da superficialidade da vida, e perceber que o que é essencial é tão grande mas ao mesmo tempo tão simples que muitas vezes não enchergamos, pois só se vê bem com os olhos da alma".

amigo verdadeiro é aquele que em gestos simples revela quão grandioso é seu coração, que se mostra pronto para acolher o outro amigo que ri, que chora e que se alegra como num casa, onde se pode entrar e permanecer.

uma das coisas mais fúteis numa a amizade é pensar que o amor amigo se revela fazendo coisas grandiosas, que pobreza é pensar assim, o amor verdadeiro é simples, e só conseguimos perceber se estivermos prontos a deixar com que o amigo que é prefiguração de Deus nos tome pela mão e nos leve àquele que é a fonte do amor: Deus.

as vezes pensamos que os grandes amigos são aqueles que estão bem pertinho de nós, cuidado, a amizade cresce na distância, pois mesmo separados pelo tempo e pelo espaço, os amigos permanecem unidos porque a maturidade do amor que foi sendo fecundado no itinerário da vida, fez com que a vida de um fosse transplantada no coração do outro, é como diz a canção: "fica a tua vida em mim... pois não importa se tu vens a estar, quem sempre esteve nunca pode partir", pelo simples fato de ter se tornado eterno em nossas vidas.


sábado, 24 de março de 2012

A morte como fracasso e sucesso humano

A morte enquanto realidade humana pode ser tida como fracasso quando as pessoas tentam mascará-la, querendo simplesmente esconder o seu real significado. O problema muitas vezes está na forma como o ser humano encara esta realidade da morte, sobretudo, o homem ocidental, vejamos que no Ocidente, de modo geral, há hoje a tendência de esconder a morte, de não integrá-la à vida: trata-se de algo que não deve aparecer, algo de mau gosto, algo que fere o produzir, economizar, consumir do mundo atual. Sobretudo, quando vivemos em um mundo do culto desregrado da corporeidade, onde a morte seria o fim de meu “belo corpo”, é a sociedade das aparências. No Ocidente a morte tem assumido ares de tabu como foi falado no primeiro ponto. Basta observarmos em nossos dias a forma como são construídos os cemitérios, eles são apresentados como parques e jardins, os velórios aparecem como confortáveis apartamentos; demos um passo a mais volvamos nosso olhar para os hospitais, hoje as UTI’s tornaram-se ambientes extremamente frias e impessoais, quando alguém está internado depois de muita luta com a doença, onde o próprio paciente sente que a morte está sobrevindo a ele, se a pessoa vem a falecer, não é visto como o processo normal da vida humana, mas como falência da arte da medicina, tudo para esconder a realidade da morte, sem contar que a morte deixou de ter um caráter comunitário e se estabeleceu um caráter solitário. Assim, a morte é encurralada em lugares “especializados”. Num contexto assim, já não é possível falar na possibilidade de uma morte cristã consciente, recebendo os sacramentos. Até os que recebem os sacramentos, em geral, ao receberem, já estão inconscientes. Se chamar o ministro o morto desaparece logo, é um morrer de forma anônima.

            Esta postura ocidental rompe de modo alienante com o modo humano de encarar a morte. Efetivamente, sempre houve, em todas as religiões, fé na vida após a morte. Esta não pode ser a última palavra na consciência da humanidade. O que acontece em nossos dias é uma espécie de banalização ou até mesmo privatização da morte aqui vemos todo o fracasso da morte encarada como realidade humana.

A isso podemos ainda partir para outro campo, o daqueles que vivem o consumismo, entendendo de forma errada aquela máxima do “carpen diae”. Aquele futuro no qual todo ser humano espera, como o seu fim, a sua alegria, a sua esperança, muitos o destinam nos bens materiais, e nãos e dão conta de que em sua morte não poderão levar nada, tudo fica na terra dos mortais, onde a traça corrói.

O sucesso da morte pode ser entendido quando compreendemos o destino verdadeiro daqueles que terminam o seu curso terrestre, antes de tudo é necessário voltar à afirmação inicial: se é verdade que o cristão não sabe nada sobre a morte além daquilo que os outros sabem, é também verdade que ele recebeu palavras que esclarecem esse enigma, de modo que conhece a morte na verdade que o Espírito Santo lhe ensinou.  Assim, segundo o dado revelado, a morte como a experimentamos está vinculada ao pecado de uma humanidade que disse não a Deus. Por isso mesmo tem um caráter irrefutável de escravidão, tirania e absurdo, contra os quais não se pode fazer nada! “De morte morrerás” (Gn 2,17).

Porém, se parássemos aqui tudo estaria destinado ao fracasso, todavia, estamos diante do ponto exato onde irrompe o sucesso, vejamos, o homem Jesus, Filho de Deus encarnado, fez da morte um supremo ato de liberdade e de amor a Deus e aos homens: “O Pai me ama porque dou minha vida para de novo a retomar. Ninguém a tira de mim. Sou eu mesmo que a dou. Tenho o poder de dá-la e o poder de retomá-la. Esta é a ordem que recebi do meu Pai” (Jo 10,17s). “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).



Cristo morreu a morte com a angústia que lhe é própria enquanto algo que nos é imposto, mas transformou isto em abandono confiante no Deus vivo, esperança de ressurreição e caridade para com os irmãos. Assim, a morte mudou de sentido: não mais é necessariamente visibilidade da culpa, pena pelo pecado, mas pode ser convertida em ato de fé, esperança e amor! A morte foi tragada pela vitória! (1Cor 15,54)

            Se a morte é o fim do homem inteiro, a mudança operada por Cristo atinge visceralmente esta realidade, já que Cristo morreu para ressuscitar! Assim, a ressurreição é a recuperação da existência do homem inteiro, que entre no estado definitivo e pleno da existência. De ser-para-a-morte que se tornou, o homem volta a ser o que Deus pensou para ele: ser-para-a-Vida! A partir de Cristo, portanto, cassa a qualificação unilateral da morte pelo pecado, de modo que a morte cristã é distinta da morte simplesmente considerada pena pelo pecado; já não é final, mas passagem. Como o seu Senhor, o cristão morre para ressuscitar. No entanto, a morte continua sendo uma realidade que sempre assinala a existência, o ato supremo da história temporal do indivíduo. O cristão deve reproduzir na sua carne os mistérios da vida de Jesus, inclusive do ato mais decisivo de sua existência temporal: “Ou ignorais que todos nós, batizados para Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte?” (Rm 6,3)

Portanto, aquele que é batizado já não vê na morte o angustioso fim do seu ser, ou o fracasso, mas a possibilidade última e mais radical de configuração com seu modelo e, assim, o ato que deve ser vivido com vontade de entrega livre e amorosa, na esperança da ressurreição; para o cristão, ela é a derradeira graça, o ápice da vida inaugurada no Batismo e celebrada em cada Eucaristia.


sexta-feira, 23 de março de 2012

A experiência pessoal da morte

            Este segundo ponto está de certa maneira unido ao primeiro, pelo simples fato de que ao olhar a morte do outro, começo a refletir sobre a minha própria experiência de morte a qual também viverei. Isto implica que o ser humano deve caminhar para esta via ciente de que a morte não deve ser um fim fugaz, mas o começo de uma vida nova, o morrer é um nascer, os umbrais do futuro que ele espera já vão sendo abertos. A morte deve estar constantemente presente na vida. O fato de o homem ser aberto ao futuro, ao mesmo tempo que finito, apto a morrer a qualquer momento, dá à morte um caráter de iminência. Não se pode responsavelmente pensar a morte somente como evento terminal, mas como uma certeza que se projeta sobre o inteiro curso da vida. Tal perspectiva leva o homem a posicionar-se diante dela: ele é chamado a conferir um sentido à sua morte, não somente a expirar passivamente.

A morte deve não somente ser um ato do homem, mas um ato humano! É o que alguns chamam de morte-ação, que totaliza e consuma a vida, conferindo seu acabamento revelando o sentido de uma existência. Em certo sentido, a morte define o homem, revela sua essência! Por isso o homem deve trilhar o seu fim, o seu caminho para morte conferindo-lhe um pleno sentido, vale sempre repetir: não se pode, ou melhor, não se deve caminhar para a morte como se tudo se findasse naquele instante, a morte é fim, no sentido de que temos um nascer e também um morrer, mas ela também, e, sobretudo, início, na verdade o caminho para a morte nos abre a via para a vida verdadeira. A morte da pessoa humana no sentido cristão faz com que a pessoa em sua morte encontre o seu pleno sentido que é dado por Deus, pois é o Deus da vida que dá sentido à morte.

A morte é também o fim do homem inteiro. O ser humano é unidade de dois princípios ontológicos: espírito e matéria que, em união substancial tornam-se alma e corpo humanos. A alma cria o corpo, necessário para sua realização humana; o corpo informado pela alma dá-lhe expressão visível e real mundaneidade e sociabilidade. O homem é, portanto, espírito materializado e matéria animada.

            Todos estes elementos constitutivos do humano (unidade substancial de espírito e matéria, mundaneidade e sociabilidade) são afetados pela morte, que dissolve a unidade do ser humano, subtraindo-o do mundano e das relações interpessoais. Ela é, portanto, o fim do homem! É o homem inteiro que sofre a “violência da morte”! Portanto, não é uma parte do homem que faz a experiência da morte, mas é o homem num todo.

O homem em sua experiência pessoal de morte deve compreender que o ato de morrer não significa o desaparecer para sempre, pois nosso Deus não quer a morte. Deus dá a vida àquilo que está morto, Ele é o Deus da vida que ressuscita os que estão mortos, a morte é a experiência da transformação na qual, experimentará o seu novo nascimento em dimensões novas que não estarão sujeitas a materialidade e a corruptibilidade próprias de sua natureza; o ser humano receberá por meio de Cristo na força de seu Espírito um corpo pneumatificado.

quinta-feira, 22 de março de 2012

O drama da morte do Outro

Nestes últimos tempos observando a realidade que me circunda, tenho percebido que as pessoas, ou o mundo em si, tem querido esconder o drama da morte, são máscaras e mais máscaras, para tampar esse momento de dor, se é certo que a morte é sempre um momento de dor, saudade e sofrimento pela perda de alguém que amamos, é também verdade que não podemos fugir desta realidade, não adianta querermos tapar o sol com a peneira, ou arrumar meios de aliviar a dor do coração que chora a partida de que se ama. A morte é uma realidade existencial tão certa quanto o nascimento. Por isso quero postar algumas reflexões de cunho escatológico para que assim busquemos compreender melhor o Mistério da morte.



 O Homem vive para o Infinito, para o futuro, ou seja, para um fim. Este fim é o que decide a vida humana, é o que lhe dá plenitude, é uma vida que supera a sua própria condição, porque ela é Divina.

Nesta reflexão estamos diante de um dos grandes mistérios da vida humana que envolve este Fim, para o qual o homem caminha: a Morte. Isso compete dizer que refletir sobre a morte é refletir sobre o homem, a reflexão sobre a morte está ligada à reflexão sobre a vida, porque, quem experimenta estas duas realidades existenciais que estão intimamente unidas não são outro senão a pessoa humana é o homem que experimenta tanto o viver, quanto o morrer.

Em nossos dias fala-se muito na arte do viver bem, em contraposição com o discurso sobre a Morte, parece que estamos vivendo uma espécie de “fuga mortis”, uma fuga da morte, uma repressão, existe como que um tabu até então inquebrantável para muitos, a ponto das pessoas não gostarem de falar sobre a morte ou terem medo. A morte não é uma ilusão ou ficção, ela é algo de onipresente, não há como fugir dela, é inevitável, por isso, estejamos certos, cedo ou tarde todos nós morreremos.

Podemos fazer até a seguinte afirmação: “Morrer é parte integrante da vida, tão natural e previsível quanto nascer”. Entretanto, se é verdade que morreremos, é também verdade que só podemos compreender a morte a partir da morte do outro. Aqui se encontra a possibilidade e o limite de falarmos sobre a realidade da morte. Estamos diante da única via de compreendermos esta realidade que sobrevirá a nós: O DRAMA DA MORTE DO OUTRO. Ver a morte do outro é verdadeiramente em alguns aspectos um drama para os seres humanos, porque se deixam levar pelo desespero, sobretudo, se tomarmos alguns casos como o desespero pela morte de um ente querido, ou seja, cai-se numa angústia como se tudo estivesse acabado, como se a vida vivida fosse o único valor, nada mais passa a ter sentido, em muitos casos se passa a desejar até mesmo a própria morte.

Porém, olhar a morte do outro, deve fazer despertar em nós a consciência de que somos seres-para-morte, ao olhá-la logo perceberemos que somos fracos, limitados, sujeitos a ela; não podemos fazer da morte um absurdo, algo de inaceitável, se assim o for, logo estaremos tornando a própria vida absurda. Não é possível uma existência humana autêntica sem o reconhecimento da morte como possibilidade mais peculiar, irrefutável e intranscendível do poder-ser do homem! E só podemos nos dar conta disso quando contemplamos na real transparência à morte do outro que nos circunda.


terça-feira, 20 de março de 2012

Deus perto de nós

AS VEZES AO LONGO DE NOSSA POBRE EXISTÊNCIA, PROCURAMOS INCESSANTEMENTE O SENHOR JESUS, VAMOS PORCURÁ-LO TÃO LONGE, TÃO DISTANTE DE NÓS E ESQUECEMOS QUE O NOSSO SENHOR E SALVADOR, ESTÁ BEM PERTINHO DE NÓS, NOS CONHECENDO NOSSAS DORES, NOSSOS SORISOS, MAIS DO QUE NÓS MESMOS, ELE BATE CONSTANTEMENTE NAS PORTAS DE NOSSOS CORAÇÕES, PARA FAZER NELE A SUA MORADA, ELE TÃO GRANDE, SE TORNA TÃO PEQUENO E VEM HABITAR EM NÓS, VEM PARA REESCREVER UMA NOVA HISTÓRIA EM NOSSAS VIDAS E PARA DAR A ELAS O RUMO CERTO, VEM PARA CONDUZÍ-LAS AOS VERDES PRADOS DO SEU ETERNO AMOR, O SENHOR IMPRIMIU A SUA MARCA DE AMOR, NO SOLO DE NOSSO CORAÇÃO, SOMOS DELE E ISSO NOS BASTA".


segunda-feira, 19 de março de 2012

José o Guarda e protetor da Sagrada família

Celebrando a Solenidade de São José vemos o desígnio divino na vida deste homem, ele que é descendente de Davi, da prole eleita por Deus, por isso duas virtudes estão presentes na vida deste homem justo: Ele foi o guarda e protetor das maravilhas, das alegrias de Deus, e estas maravilhas são: Esposo da Virgem Santa, formosa e Bela, a escolhida para gerar em seu seio castíssimo o Filho de Deus em sua carne, a outra maravilha é ser Pai adotivo de Jesus; José respondeu com um sim obediente ao projeto de Deus, por meio de José, Jesus assume em sua carane a descendência davídica e assim se revela como o Verdadeiro Rei de Israel, o Messias prometido. São José foi o grande custodiador do mistério divino, protegeu em todo momento as duas maravilhas de Deus. Intercedei por nós ó Amantíssimo esposo.
 
 

sábado, 17 de março de 2012

DEUS É RICO EM MISERICÓRDIA (Reflexão do IV Domingo da Quaresma - por Sem. Danilo Santos)

Caros amigos em Cristo aproximam-se cada vez mais às solenidades pascais, já podemos vislumbrar o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, nossa salvação se aproxima, nossos corações devem se encher de profunda alegria, por isso que neste 4° Domingo da Quaresma é denominado de laetarae = “domingo do alegra-te”; assim nos mostra a antífona de Entrada da missa: “alegra-te, Jerusalém, Reuni-vos, vós todos que a amais, vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com abundância de suas consolações”. A Jerusalém somos nós a Igreja, o Novo Povo Santo de Deus, que somos chamados a viver a alegria que o Senhor tem preparado para cada um de nós, mesmo em meio às tristezas, dores e aflições da vida, pois somos chamados a crer que Deus tem preparado para cada um de nós um tempo novo.



Neste domingo somos chamados a contemplar o amor e a Misericórdia como dons gratuitos de Deus para cada um de nós; Ele nos revela esse divino amor em nossa história, ela é o lugar verdadeiro de nós encontrarmos e saborearmos Deus e a suavidade de seu amor. Só que este amor com o qual Deus nos amou e nos ama, muitas vezes é rejeitado por nós, somos infiéis para com Ele.

A história do povo santo de Israel que nos é descrita na 1ª leitura, é também a nossa história. vejamos, Deus fez aliança com seu povo: “Não terás outro deus além de mim” (Ex 20,3), Ele deveria ser o centro da vida do povo, só que o povo não responde com amor ao amor de Deus, foi infiel e começou a praticar a idolatria, começou a viver um paganismo total: “todos os chefes dos sacerdotes e o povo multiplicaram suas infidelidades, imitando as práticas abomináveis das nações pagãs, e profanaram o templo que o Senhor tinha santificado em Jerusalém” (2Cr 36,14).  Assim somos nós muitas vezes, abandonamos o amor de Deus e sua pessoa, para vivermos na idolatria, deixamo-nos seduzir pelo pecado, profanamos a casa de Deus que é cada um de nós. O interessante é que em meio a nossa infidelidade, Deus não nos trata como exige a nossa ação, assim como ele se compadeceu do povo, teve compaixão pelo erro cometido, e enviou seus mensageiros para reconduzir o povo ao caminho da vida e da aliança, só que o povo fez pouco caso, continuou a rejeitar o amor de Deus: “Mas eles zombavam dos enviados de Deus, desprezavam as suas palavras” (2Cr 36,16).

Aqui se revela o drama da vida do povo, toda angústia e sofrimento que ele enfrentará, a rejeição de Deus e a idolatria, ou seja, o pecado, fez com que o povo experimentasse o exílio no cativeiro da Babilônia, longe da terra, longe do Templo, tudo destruído, o seu tesouro foi enterrado pelo próprio povo. Nós quando pecamos experimentamos este mesmo exílio, o pecado fecha o nosso coração para Deus e para o seu amor, e quando a dor estraçalha a nossa alma, começamos a sentir saudades de estar junto de Deus, sentimos saudades de estar no aconchego de sua casa, onde podemos sempre de novo experimentar o seu amor, e esta a consequência que o pecado provoca no coração e na vida humana, passamos a ter saudades de Deus, este foi também o sentimento vivido pelo povo que nos é descrito pelo salmista: Junto aos rios da Babilônia/ nos sentávamos chorando,/ com saudades de Sião. Como havemos de cantar/ os cantares do Senhor/ numa terra estrangeira?/ (Sl 136). Podemos até nos perguntar: será que Deus fez pouco caso com o seu povo? A resposta nos é imediata: não! Pelo contrário, embora o povo lhe tenha sido infiel, Deus permaneceu fiel ao povo, Ele não esquece o seu povo: “jamais me esquecerei de ti Jerusalém, és minha grande alegria”. Deus é misericórdia e amor sem limites, Ele ama o seu povo. Assim somos nós, quantas vezes em meio ao sofrimento, a dor, às tristezas da vida, pensamos que Deus faz pouco caso de nós, ele nos esquece. O pecado nos afasta de Deus, e faz com que não percebamos o Deus que está próximo de nós. O pecado que fere a nossa alma, nos machuca, nos aprisiona, nos faz viver um verdadeiro exílio, provoca a ira de Deus, sinal de seu amor e de sua misericórdia para conosco. Foi assim com o povo de Israel, Deus manifestou o seu amor ao enviar o rei Ciro para libertar o povo, para reconduzi-lo ao caminho da vida.

No Novo Testamento, Deus continua a mostrar seu amor e sua misericórdia para com o seu povo, para conosco. São Paulo revela esse amor que Deus tem por cada um de nós, quando pelo pecado rejeitamos o dom de amor de Deus, e passamos a viver longe de seu caminho, Deus por puro dom e graça nos concede a salvação, diz-nos o apóstolo das gentes: “Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós sois salvos!” (Ef 2,4).  A mesma coisa diz Jesus a Nicodemos no Evangelho de hoje, mostrando para que Ele foi enviado: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna.
De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”.(Jo 1,16-17).

Foi por amor e para revelar o amor de Deus que Jesus se deixou entregar à morte para a nossa salvação, Ele ama o seu Deus e Pai e ama cada um de nós, não porque tenhamos algum mérito, mas por pura graça, por dom infinito de Deus a nós, já nos ensina o Teólogo Von Balthasar: “ao que não era digno de amor, Deus manifestou seu amor de forma gratuita”. E é no Filho elevado na cruz, tal serpente de bronze erguida no deserto do calvário que contemplamos e experimentamos sempre de novo o amor de Deus por nós, quando eu for elevado da terra saberão que Eu Sou, e quem é Deus: “Deus é amor” (1Jo 4,7).

Queridos amigos já estamos no fim deste período quaresmal, nesta caminhada de penitência, de chamado à conversão, e já deveremos ter presentes em nosso interior que somos míseros pecadores, estamos no lamaçal da vida de pecado, na fossa da iniquidade, e nós sabemos que somos fracos, ilimitados, que por nossas próprias forças não conseguimos sair de lá, mas Deus não nos abandona neste “charco de lodo e de lama”, não esquece de nós, Ele envia o seu Filho Unigênito para nos salvar, para nos tomar pela mão e nos erguer, nos arrancar deste lamaçal iníquo, seu amor por nós é sem fim. O problema é que muitas vezes nós não queremos sair deste lamaçal, as trevas do pecado já tomaram conta de nós, que acabamos rejeitando o amor de Deus para vivermos nas trevas, “a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz” (Jo 3,19-20).

Por isso, a resposta nossa ao amor que Deus nos revelou em seu Filho Jesus, nos é dita no Evangelho de hoje e não nos é difícil de ser praticada em nossa vida: “Quem nele (Filho) crê, não é condenado, mas, quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito” (Jo 3,18). Sejamos capazes de crer em Jesus, ou seja, aderir à sua pessoa, a viver nele unidos numa vida de graça, e de obras segundo o Espírito de Cristo. Que Ele nos ajude a viver segundo à sua vontade e a respondermos com amor ao amor que Deus tem para conosco. Assim seja!

quarta-feira, 14 de março de 2012

A SANTA MISSA: LITURGIA DA PALAVRA

POSTO AQUI MAIS UMA PARTE DE NOSSA FORMAÇÃO QUINZENAL AQUI NA PARÓQUIA, ESTAMOS ESTUDANDO A CELEBRAÇÃO DA SANTA MISSA, ESPERO QUE ESTE CONTEÚDO VOS AJUDE A AMAR E A VIVER MELHOR O SACRIFÍCIO EUCARISTICO

Antes de nos debruçarmos sobre a estrutura que a missa possui, convém ainda fazermos algumas observações a cerca da natureza da Santa Missa. Vejam que no último ponto do encontro passado nós terminamos dizendo que a missa possui um caráter sacrificial, ou seja, em sua essência ela é SACRIFÍCIO (sacrifício eucarístico do corpo e do Sangue de Cristo, que ele instituiu na última ceia para perpetuar o seu sacrifício na cruz). Por isso, o que nós celebramos, ou a Celebração Eucarística, não se trata de outro sacrifício, mas do mesmo e único realizado por Cristo.

Digo o mesmo e único sacrifício, porque, ele ainda é oferecido hoje, só que de forma sacramental, ele é memorial, não no sentido de algo passado, de uma mera recordação, mas no próprio sentido bíblico: Zikaron, ou seja, re-presenta (tornar presente). Então, a missa não é repetição, porque foi um único sacrifício, uma vez por todas; e não é renovação porque ele não se renova, pois não envelheceu e nem ficou caduca.

Faço esta explanação para que assim combatamos a teologia protestante nascida com Lutero que diz: “a missa não sacrifício, pois na última ceia Jesus deixou um testamento e um sinal da promessa feita por Deus de perdoar os nossos pecados assinada por Cristo, esta promessa foi acompanhada dos sinais do pão e do vinho que suscitam a fé”. Para eles, Cristo nos teria deixado só a sua ceia, porque, Ele não tinha necessidade de estabelecer outro sacrifício, este foi feito uma vez por todas na cruz, derramando o seu sangue. Por isso a Eucaristia seria outro sacrifício acrescentado ao da cruz, os católicos estariam menosprezando o único sacrifício. Então, para os protestantes a missa seria apenas a comemoração do sacrifício de Cristo na cruz e que não tem caráter expiatório, é só agradecimento  pelos pecados já perdoados.

Esta heresia protestante infelizmente adentrou em alguns espaços de nossa Igreja, quando muitos querem estabelecer a natureza da celebração eucarística só enquanto Ceia, ou seja, Banquete, espaço de comunhão fraterna entre irmãos, uma refeição comunitária, onde todos estão reunidos em nome de Cristo. Deveremos pensar catolicamente, a Missa é banquete, é ceia, sim! Todavia, é também, e, sobretudo, sacrifício, a Eucaristia é a celebração de um acontecimento pascal: o sacrifício de Cristo na cruz, é presença real do Cristo que se ofereceu na cruz para a nossa salvação.

Dadas as devidas observações, adentremos no tempo de nosso encontro, iniciaremos hoje, o estudo da estrutura da missa, bem sabemos que ela se divide em duas partes que estão intimamente unidas: LITURGIA DA PALAVRA E LITURGIA EUCARISTICA. Farei uso da Instrução Geral do Missal Romano promulgada pelo Beato Papa João Paulo II, no ano de 2002.



A MISSA: LITURGIA DA PALAVRA[1]



A Missa consta, por assim dizer, de duas partes, a saber, a liturgia da palavra e a liturgia eucarística, tão intimamente unidas entre si, que constituem um só ato de culto. De fato, na Missa se prepara tanto a mesa da Palavra de Deus como a do Corpo de Cristo, para ensinar e alimentar os fiéis. Há também alguns ritos que abrem e encerram a celebração.



ESTRUTURA DA CELEBRAÇÃO DA SANTA MISSA (liturgia da Palavra – liturgia Eucarística)

               

Desde o período dos apóstolos, a celebração da Eucaristia possuía uma estrutura, no início a Eucaristia era celebrada nas casas e se chamava: “fração do Pão” ( At 2,42) depois de uma refeição comum (ágape), se liam os textos do AT, o presidente fazia uma Homilia, depois pronunciava a benção de ação de graças sobre o pão e o vinho, em memória do que o Senhor  fez na última ceia, e depois os distribuía. No final da era apostólica, no tempo das perseguições aos cristãos, que por sinal tinha aumentado o seu número; os cristãos celebravam a Eucaristia na madrugada do Domingo. Na noite do sábado para o domingo os cristãos se reuniam. Cantava-se, liam-se textos da Escritura (AT) e as memórias dos Apóstolos (NT). Entre uma leitura e outra, aquele que presidia explicava os textos sagrados, relacionando tudo com Cristo. Quando o sol começava a despontar, aquele que presidia pronunciava a eucaristia (=a ação de graças) sobre o pão e o vinho. Depois todos comungavam e os diáconos levavam as espécies consagradas aos que não puderam participar. Sendo de origem apostólica, a estrutura da Eucaristia não pode ser mudada nem mesmo pela Igreja: tem de ter a liturgia da Palavra e a liturgia eucarística. 



-A Missa poderia começar logo com a preparação das oferendas e or. Eucarística, no entanto como vimos desde a igreja primitiva se começa com a liturgia da Palavra com a intenção de preparar e criar um atmosfera de fé, antes que o Mistério Admirável da Fé se realize.



I - LITURGIA DA PALAVRA         

» procissão de Entrada (Ingresso no espaço sagrado, no céu; é sair do espaço terrestre para entrar na eternidade, no coração de Deus, formamos um só Corpo e nos apresentamos em assembleia santa para as núpcias do Cordeiro,é a esposa que caminha e aguarda a vinda do Esposo (Ap 22,17), é o caminho de oração (cântico) para nos apresentarmos diante da majestade divina).

» acolhida (Sinal da Cruz = Sinal de nossa fé, rezaremos ao Pai, pelo Filho, no Espírito, imprimiremos em nós o mistério da páscoa)

» ato penitencial (Súplica e reconhecimento da Misericórdia de Deus= Kyrie Eleison = “Senhor, vós sois piedade” ou “Senhor, nós proclamamos a vossa misericórdia”. É também, o reconhecimento de nossa impureza e indignidade).

» glória (Hino angélico no qual a Igreja congregada no Espírito glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro).

» coleta (a Igreja em silêncio eleva as suas intenções ao Pai, pelo Filho no Espírito Santo)

» I leitura

» salmo           os tesouros da Sagrada Escritura nos são abertos, os dois testamentos estão unidos.

» II leitura

» aleluia (aclamamos em pé o Senhor Jesus que vai nos falar, a Boa-Nova da Salvação)

» evangelho (ponto culminante da Liturgia da Palavra: A Palavra de Deus, o Senhor Jesus que nos fala)

» homilia (explicação, explanação da palavra de Deus como alimento de fé para a vida cristã)

» credo (resposta de fé ao que foi anunciado, professamos os mistérios de nossa fé)

» oração dos fiéis (apresentamos a Deus as preces pela salvação de todos)

              

  II - LITURGIA EUCARÍSTICA  (Coração, o centro e o cume da Celebração: cumprimento do mandato de Cristo na última ceia)  

» apresentação das ofertas ≠ procissão as ofertas ou preparação das oferendas.

» oração sobre as oferendas (suplicamos a Deus que ele acolha os nossos dons e nos torne participantes dos seus mistérios)

                               ORAÇÃO EUCARÍSTICA (pela oração, elevamos a Deus um sacrifício de louvor (Hb 13,15))              

» prefácio (somos chamados a elevar os nossos corações ao alto e Glorificarmos a Deus pelas maravilhas que Ele realizou na história, sobretudo, a Grande Maravilha da Salvação: entrega de seu Filho Unigênito)

» Sanctus (Neste hino proclamamos: a Santidade de Deus; a sua majestade manifestada na criação, e a sua auto-doação a nós: Bendito o que vem)

» epiclese (invocação do Espírito Santo sobre os dons do Pão e do Vinho, para que sejam transubstanciados no Corpo e Sangue de Cristo)

»Narrativa da Instituição (mediante palavras e gestos de Cristo realiza-se o sacrifício que ele instituiu na última ceia, dando-nos o seu corpo e sangue nas espécies do pão e do vinho)

» anámnese (memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, obediência ao mandato de Cristo)

» intercessões (Eucaristia celebrada em comunhão com toda a Igreja)

» “Por Cristo”= doxologia (louvor que exprime a honra e a glória que se eleva a Deus Pai, através de Cristo Sumo e Eterno Sacerdote, no Espírito pelo dom redentor da salvação humana).

                               RITO DA COMUNHÃO (banquete pascal = nele os Filhos de Deus devidamente preparados recebem o alimento que os sustenta na caminhada: o Corpo e Sangue de Cristo)

» Pai-nosso (oração dos filhos de Deus)

» rito da paz (é a partilha da paz que só o príncipe da paz, Cristo pode nos dar, assim como o vínculo de unidade e amor)

» fração do Pão (Cordeiro Imolado, o seu corpo partido e entregue, sendo muitos nos tornamos um só Corpo com Cristo)

» comunhão da assembleia (nos alimentamos da Vida de Deus, nos tornamos quem recebemos

» silêncio sagrado (reconhecimento de que somos templos vivos de Deus e a nossa ação de graças pelo dom maravilhoso que nos foi concedido)

» oração após a comunhão (rogamos a Deus que a Eucaristia nos conforme ao seu Filho Jesus)

                               RITOS FINAIS:                  

» eventuais avisos

» bênção (benção que desce sobre a assembléia como dom gratuito do amor de Deus)

» despedida = “Ite Missa est” – a Missão de anunciar a paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus, o que celebramos.









[1] Para este estudo fiz uso das seguintes referências: JUNGMANN, J. MISSARUM SOLEMNIA; BIANCHI, Enzo. Presbíteros Palavra e Liturgia; AQUINO, Felipe. Para Entender e celebrar a Liturgia. BECKHAUSER, Alberto. Novas mudanças na missa. MARSILI, Salvatore. Sinais do Mistério de Cristo. Instrução Geral do Missão Romano.

sábado, 10 de março de 2012

A VIDA NOVA PELA LEI DO AMOR - REFLEXÃO DO 3º DOMINGO DA QUARESMA (Por Sem. Danilo Santos)

Quão bela são as leituras escriturísticas da liturgia dominical, nela vemos o amor que Deus tem para conosco. Vejam, O Deus dos cristãos é um Deus que faz história com o seu povo, é um Deus que se revela na história humana, assim, nós podemos perceber já na História do Povo santo de Israel, quando este estava cativo no Egito, preso, exilado, Deus porque o ama, liberta este povo dos grilhões da escravidão, e o convida a caminhar pelo deserto rumo à terra prometida, é na sua história que o Povo conhece o Deus Vivo e verdadeiro, assim nos diz o salmista ao descrever-nos o sentimento e admiração que brotou do coração do povo quando este foi liberto do cativeiro do Egito: “eu bem sei que o Senhor é tão grande, que é maior do que todos os deuses”.
Queridos irmãos e irmãs neste santo e favorável tempo da quaresma nós podemos fazer a mesma experiência do Povo de Israel. Vejam que nós estamos exilados (pecado) daí este tempo quaresmal, onde somos chamados a abrir nossos corações, a fazermos penitência, a chorarmos os nossos pecados, e mais, a nos convertermos para que libertos do pecado, com o coração purificado possamos sair da escravidão (êxodo) e celebrarmos a páscoa, a passagem da morte para a vida, dos vícios à virtude, para que assim, experimentemos a ação maravilhosa de Deus na nossa vida, na nossa história.

Assim como Deus libertou o seu povo da escravidão, Ele também quer nos libertar de nossos pecados, deste mal que nos afasta de Deus e nos aprisiona no cativeiro da morte. Deus não libertou o povo por acaso, não! Ele libertou o povo para fazer com Ele uma aliança de amor, para que o povo se tornasse propriedade peculiar dele, objeto de seu amor, uma sua parte pessoal. Esta aliança de Deus é o desejo amoroso que ele tem de comunicar ao seu povo uma Vida Nova. E esta Vida nova será comunicada por meio de Um PACTO, uma aliança de amor, que se dará por meio do decálogo, ou seja, da Lei, sinal da presença de Deus, do seu amor pelo povo. A lei, estas dez cláusulas não devem ser vistas como um fardo, ou uma exigência moral, mas como um verdadeiro sim do povo ao amor de Deus, a resposta de amor e de fé por tudo aquilo que Deus fez em favor do povo Santo: “Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses além de mim”. (Ex 20,2-3).

A lei é para que o povo compreenda que só e unicamente Deus deve ser o centro da vida dele, sinal da presença de Deus na vida dele. Repito, ela não é um fardo, um peso, uma obrigação, o salmista nos ajuda a compreender o que é a lei: é conforto para alma, alegria ao coração, é a luz que ilumina as nossas vidas, é o tesouro precioso que nos faz estar unidos a Deus, nela nós encontramos a vida plena, nela nós experimentamos o amor de Deus, e  o respondemos amando-o. certamente e nós sabemos o povo não foi fiel a Deus, abandonou os seus preceitos, rejeitou o amor de predileção dele. De modo que um novo tempo iria surgir, Deus iria novamente atuar na história.

Entendamos, esta Vida Nova e plena, a aliança de amor, a Vida verdadeira que Deus queria conceder ao seu povo santo e quer conceder a nós,. ela Vida Nova se dará em plenitude pelo sacrifício pascal de Cristo, sua morte e ressurreição selará a Nova e eterna aliança de Deus com seu povo. Um tempo novo há de surgir, a lei encontrará a sua plenitude. E o Senhor Jesus no evangelho de Hoje anuncia este tempo Novo. Reparemos, o Senhor está em Jerusalém para a páscoa, no Templo, e o que é o Templo? É o lugar da presença de Deus, o lugar onde a glória de Deus se revela. No gesto de Jesus em expulsar os vendilhões, os cambistas e os animais do Templo, Ele revela o seu zelo amoroso pela casa de oração, mas também Ele se revela como Novo Templo e Novo Culto, o seu Corpo, a sua pessoa, é o lugar onde podemos encontrar Deus, vê-lo revelado, e onde podemos adorá-lo em espírito e em verdade. Será na sua morte e ressurreição que o Novo Templo, o Novo Culto e a Nova Lei serão estabelecidos, ali se dará a Nova aliança de Deus com o seu Povo, a vida nova que ele quer nos comunicar pelo seu sangue derramado na ara da cruz.

Mas para experimentarmos a cada dia esta vida nova que Deus nos concede em sua aliança de amor conosco, a partir  deste sinal que vimos no evangelho, não basta só vermos, mas é preciso entendermos e vivermos, é aquilo que São Paulo nos exorta na segunda leitura, é fazendo o caminho da cruz e nela, que entenderemos e experimentaremos o Poder de Deus, a sua força, a Vida nova que ele quer nos dar. É na loucura da cruz, contemplando a fraqueza de Deus no Filho crucificado que compreenderemos a aliança eterna do amor de Deus para conosco, é lá que a lei encontra a sua Plenitude: o Amor. Que assim como o Senhor Jesus purificou o Templo às vésperas da páscoa dos judeus, que ele já estando próxima a páscoa dos cristãos, possa purificar o nosso templo interior. Assim seja!!!   

quinta-feira, 8 de março de 2012

A BELEZA DIVINA DA MULHER

Neste dia dedicado à mulher, quero expressar a minha admiração por esta singela figura que tem um papel importantíssimo na vida humana, sua singeleza, docilidade, ternura, afeição, sensibilidade, delicadeza, garra, labor, revelam o amor de Deus presente na vida dela. Quero destacar aqui a importância da mulher destacando três características que revelam a sua beleza que perpassam a sua vida, revelando que esta beleza não vem dela mesma, mas é dom de Deus, a mulher tem e sempre teve um papel importante e decisivo na história humana e na história da salvação. Portanto, a primeira característica que a Mulher possui é a capacidade de gerar,  só ela possui esta admirável capacidade, por isso deve ser valorizada e não pode ser substituída, Deus a fez assim, e ninguém pode tirar esta graça que lhe é própria; por isso é da constituição humana da mulher gerar um Filho, quão bela é esta dádiva de Deus, mesmo em meio ao sofrimento do cansaço, das dores, dos incômodos de passar 9 meses carregando uma vida em seu seio, no processo de gestação, é prazeroso se a mulher vive este período consciente do papel que ela está exercendo, digo isto, porque a mulher se torna um instrumento da vida que é dom de Deus, ela se torna uma terra fértil, na qual a semente da vida é plantada, e se fecundada no amor esponsal, gera, por conseguinte, um fruto especial; a isto está ligada a segunda característica bela que a mulher traz que é SER MÃE, vejam que coisa extraordinário, dar a sua vida para que outro(FILHO) tenha vida, o dom de ser mãe, faz da mulher, uma imagem viva daquela que soube como ninguém ser mãe, a Virgem Maria, Mãe dos viventes, mãe dos Filhos de Deus; a mulher ela é escolhida por Deus, para ser mediadora da vida que é dom de Deus, então a mulher passa a ser uma colaboradora direta no plano divino, ela gera em seu seio, um Filho, como fruto de um amor verdadeiro que nasce em Deus e que se derrama na união familiar.  No ser mãe, há uma unidade entre o humano e o divino, por isso que é importante que a mulher não rejeite este fruto divino em seu seio humano, porque a Vida é dom de Deus, e não pode ser tirada senão, pelo próprio autor e consumador da vida que é Deus, tudo é Dele é para Ele. Uma última característica que a mulher possui como dádiva de Deus é que só ela possui o alimento mais puro da face da terra, o Leite materno, que alimenta os seus filhos durante um tempo, no leite materno a mulher, mãe dá a o seu filhinho a força, a coragem, o vigor, o sustento, enfim, dá a sua própria vida, coisa que não pode ser substituída por nenhum outro alimento na tenra vida de uma criança. É claro que teríamos inúmeras qualidades a serem destacadas na mulher, mas creio que estas por estarem intimamente unidas a Deus, revelam a preciosidade que a mulher possui para a vida humana. Termino com este poema de Pablo Neruda dedicado às mulheres:
Mulheres
Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para a injustiça
Elas não levam 'não' como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversário ou um casamento.
(Pablo Neruda)


terça-feira, 6 de março de 2012

A paixão de todo o corpo de Cristo

Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo

 (Séc.V)

A paixão de todo o corpo de Cristo

Senhor, eu clamo por vós, socorrei-me sem demora (Sl 140,1). Isto todos nós podemos dizer.

Não sou eu que digo, é o Cristo total que diz. Contudo, estas palavras foram ditas especialmente em nome do Corpo, porque, quando Cristo estava neste mundo, orou como homem; orou ao Pai em nome do Corpo; e enquanto orava, gotas de sangue caíram de todo o seu corpo. Assim está escrito no Evangelho: Jesus rezava com mais insistência e seu suor tornou-se como gotas de sangue (Lc 22,44). Que significa este derramamento de sangue de todo o seu corpo, senão a paixão dos mártires de toda a Igreja?

Senhor, eu clamo por vós, socorrei-me sem demora. Quando eu grito, escutai minha voz! (Sl 140,1). Julgavas ter acabado de vez o teu clamor ao dizer: eu clamo por vós. Clamaste, mas não julgues que já estejas em segurança. Se findou a tribulação, findou também o clamor; mas se a tribulação da Igreja e do Corpo de Cristo continua até o fim dos tempos, não só devemos dizer:eu clamo por vós, socorrei-me sem demora; mas: Quando eu grito, escutai minha voz! Minha oração suba a vós como incenso, e minhas mãos, como oferta da tarde (Sl 140,2). Todo cristão sabe que esta expressão continua a ser atribuída à própria Cabeça. Porque, na verdade, foi ao cair da tarde daquele dia, que o Senhor, voluntariamente, entregou na cruz sua vida, para retomá-la em seguida. Também aqui estávamos representados. Com efeito, o que estava suspenso na cruz foi o que ele assumiu da nossa natureza. Como seria possível que o Pai rejeitasse e abandonasse algum momento seu Filho Unigênito, sendo ambos um só Deus? Contudo, cravando nossa frágil natureza na cruz, onde o nosso homem velho, como diz o Apóstolo, foi crucificado com Cristo (Rm 6,6), clamou com a voz da nossa humanidade: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Sl 21,2).

Eis, portanto, o verdadeiro sacrifício vespertino: a paixão do Senhor, a cruz do Senhor, a oblação da vítima salvadora, o holocausto agradável a Deus. Esse sacrifício vespertino, ele o converteu, por sua ressurreição, em oferenda da manhã. Assim, a oração que se eleva, com toda pureza, de um coração fiel, é como o incenso que sobe do altar sagrado. Não há aroma mais agradável a Deus: possam todos os fiéis oferecê-lo ao Senhor.

Por isso, o nosso homem velho – são palavras do Apóstolo – foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo do pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado (Rm 6,6).


sexta-feira, 2 de março de 2012

QUEM ME LEVA PARA FRENTE É O AMOR DE DEUS

A nossa vida ela tem um fim, uma meta: Deus, é Ele a nossa alegria e felicidade. As vezes me dói perguntar a alguém como ele está, e escutar: "estou indo". é perigoso dizer isso, pois no caminho da vida, temos que saber para onde estamos indo e se esta caminhada nos leva para o nosso bem supremo que é Deus. neste vou indo, corremos o sério risco de deixar com que a vida nos leve para onde não sabemos, vamos sendo levados, agora sem rumo, quase como se tudo isso não fosse importante, aonde ela me levar estará bem. cuidado! porque você pode parar num poço profundo sem saída, ou ver a sua vida sendo lançada no lamaçal da infelicidade, não fomos feitos para o nada, mas para o Tudo. Por isso estando tristes ou alegres, queiramos caminhar tendo como meta Cristo, e sendos levados para a frente da vida, pelo amor que vem dele, pois nele podemos ancorar o barco de nossa vida, muitas vezes furado, mas que lá estaremos seguros, porque ele mesmo tratará de concertar os nossos furos.