domingo, 25 de maio de 2014

NÃO VOS DEIXAREI ÓRFÃOS. EU VIREI A VÓS

Amados irmãos e irmãs

O Evangelho deste VI Domingo da Páscoa é uma continuação do evangelho do domingo passado que nos narra o discurso de despedida de Jesus na última ceia.  Anunciando a sua partida do meio de seus discípulos, se depara com um abatimento do coração destes seus amigos que não sabiam como viveriam sem a presença de seu Mestre e Senhor. Por isso, mais uma vez, Jesus vai consolar e confortar o coração triste de seus discípulos.

Ele começa, fazendo uma promessa cheia de esperança, verdade e alegria, ei-la: “Não vos deixarei órfãos. Eu Virei a vós”.  Estas palavras do mestre Jesus, são a certeza fiel, a verdade plena, de um Deus que não engana os que ele escolheu, por isso ele não os desamparará, os seus discípulos não estarão sozinhos em suas vidas. Jesus hoje nesta sua Ceia de amor, nesta santa missa ele diz isso também a nós: “Não vos deixarei órfãos, mas virei a vós”.  Pois em nossas aflições e angústias, quando os sofrimentos nos levam a pensar que estamos desamparados, Deus não nos abandona e não nos deixa sozinhos, Ele sempre vem em nosso socorro.

Mas podemos perguntar: Como Jesus virá ao nosso encontro? Ele mesmo nos diz: “Rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça convosco”.  Antes de tudo, deveremos compreender que se ele enviará, outro, Defensor, consolador e intercessor. É porque já existia um primeiro.  Este é Cristo, sim é Ele o primeiro consolador da humanidade, é ele que por primeiro nos defende das tentações do inimigo e também intercede ao Pai por cada um de nós, “temos como advogado (Defensor), junto do Pai, Jesus Cristo” (1Jo 2,1).  

Este outro defensor que garante a presença eterna de Cristo em nossa vida é o “Espírito da Verdade”, ou seja, o Espírito Santo. Pois bem, é pelo Espírito Santo dom de Deus que Cristo permanece, continua vivo no meio dos seus, no coração da humanidade e na vida da Igreja. Nós experimentamos esta verdade quando escutamos a Palavra de Deus, nela é Jesus quem nos fala pela força do Espírito Santo, “vossas palavras Senhor são Espírito e vida” (Sl 18,1). Esta palavra toca nosso coração, nos consola e acalma, porque Cristo está vivo e presente nela.

Depois, na Eucaristia, também experimentamos esta presença viva e real de Jesus em nosso meio na força do Espírito, pois o Pão e vinho consagrados são plenos do Espírito Santo. De modo que quando comungamos a Eucaristia entramos em profunda e íntima comunhão com Jesus, Ele está em nós e nós nele, somos pelo Espírito Santo unidos num só Corpo. Por isso rezamos na missa esta verdade: “participando do Corpo e sangue de Cristo sejamos reunidos pelo Espírito Santo num só Corpo”.


Mas o bonito de tudo é que o Senhor não quer somente permanecer conosco ao nosso lado, mas é em nós que o Senhor Jesus deseja permanecer para sempre na força de seu Espírito. Por isso ele nos dizia no Evangelho: “O Espírito da Verdade... permanecerá junto de vós e estará dentro de vós”.  Verdadeiramente o nosso coração foi criado para ser Templo de Deus e morada do Espírito Santo. Todavia, será que nós estamos nos abrindo inteiramente a este dom, a esta graça de Deus em nossa vida? Será que estamos “santificando os nossos corações para Cristo” (1Pd 3,15)? 

Deste modo, cada vez que buscamos fazer a vontade de Deus, guardamos a sua Palavra em nossos corações, cada vez que buscamos romper com a vida de pecado e passamos a viver segundo o Espírito, amando a Deus e nos unindo a Ele, nunca estaremos sozinhos. Jesus será sempre uma presença viva em nós, e nele nós encontraremos vida, pois ele mesmo nos disse: “E vós vivereis, vós em mim e eu em vós”. Esta é pois a vida nova pelo Espirito! Amém. 

domingo, 18 de maio de 2014

JESUS, O VERDADEIRO CAMINHO DA VIDA FELIZ

Caros irmãos e irmãs

A Santa Liturgia deste 5º Domingo da páscoa nos faz contemplar Cristo Ressuscitado, como aquele que é o caminho a verdade e a vida para cada um de nós. Em Jesus, Deus quer mudar o rumo de nossa vida.

Jesus começa o Evangelho de hoje dizendo uma palavra de consolo e fortaleza aos seus discípulos, as quais valem para cada um de nós: “Não se perturbe o vosso coração”. De fato o coração dos discípulos estava perturbado, inquieto por três motivos, vejamos: um deles (Judas) iria entregar Jesus, outro discípulo (Pedro) iria negar e abandonar o Senhor; por fim o próprio Jesus iria deixar os seus em virtude de sua morte. De fato, diante destes acontecimentos era como se os discípulos perdessem o rumo da própria vida sem saber como de fato seriam felizes.

É o que acontece também com cada um de nós, somos um povo caminhante, nossos passos e nossas vidas se dirigem para uma meta: a felicidade plena. Todavia, em muitos momentos estamos inquietos, perturbados e angustiados pelos sofrimentos da vida, sem saber que rumo tomar e nem o que fazer para encontrar esta felicidade. Todavia, o Senhor hoje nos olha nos olhos e com infinito amor nos diz:“Não se perturbe o vosso coração”.

 E Jesus continuou a orientar o caminho dos discípulos e de cada um de nós dizendo: “tenha fé em Deus, tenha fé em mim também”. Crer em Deus Pai e crer em Jesus! Não como duas realidades separadas, mas como um único ato de fé nos fazendo perceber que em Jesus, Deus mostrou o seu rosto para nós, Ele se fez conhecer a nós. Por isso nos diz Jesus: “Quem me vê, vê o Pai”. Em Jesus, Deus está próximo de nós e não nos abandona, mas sempre nos socorre e nos salva em seu amor.

Pois bem, o Remédio salvífico que Jesus ensina aos discípulos e a nós para acalmarmos nossos corações inquietos e abatidos é a Fé. E a fé é um ato de confiança, entrega e total abandono em Deus, é um ato de firmar a própria vida num alicerce seguro, numa rocha firme que é Cristo. Assim nos orientava S. Pedro na segunda leitura: “Aproximai-vos do Senhor, pedra viva, escolhida e honrosa aos olhos de Deus”.

Em verdade, quando em nossas agonias nos firmamos e nos apoiamos em Jesus, com a nossa fé humilde e sincera, nós encontramos forças para prosseguir e nada pode nos abalar.  Nele teremos sempre um consolo para nossa alma, porque quem crê nunca está sozinho. Jesus está sempre conosco porque Ele é nosso Mestre e guia para a felicidade.

Por isso que Jesus disse aos seus discípulos: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim”. Estas palavras de Jesus revelam onde nós encontraremos a verdadeira felicidade.  Jesus é o único e verdadeiro caminho, que nos leva a verdadeira felicidade e a verdadeira vida que consistem em estarmos unidos a Deus. Portanto, em Deus nosso coração perturbado e inquieto vai encontrar seu verdadeiro repouso, como nos diz Sto Agostinho: “Senhor fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousar em ti”.


Portanto, caríssimos irmãos e irmãs, caminhemos com fé unidos a Cristo, e permitamos que ele nos tome pela mão e nos conduza à nossa verdadeira morada, a qual Ele preparou para nós: o Céu, o coração do próprio Deus que é amor e felicidade sem fim. Amém.

domingo, 11 de maio de 2014

JESUS, O BOM PASTOR E A PORTA DAS OVELHAS

Meus irmãos e minha irmãs!

Inundados pelas alegrias pascais, neste santo domingo, nossos corações se voltam para Cristo Ressuscitado e o contemplamos como o Bom, Belo e Verdadeiro Pastor de nossas vidas.

É no Evangelho que nós podemos perceber esta identidade de Cristo, quando em resposta aos maus e falsos pastores de seu tempo, os quais apascentavam a si mesmos, roubando a alegria e a vida das ovelhas, oprimindo-as, maltratando-as e ferindo-as, Ele se revela como o verdadeiro e único pastor por excelência que adentra no redil de escravidão e sofrimento das ovelhas, “as chama pelo nome, elas escutam a sua voz e ele as conduz para fora, faz sair todas que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem porque conhecem à sua voz”.

Deveras, Jesus conhece as suas ovelhas, elas são unicamente dele, propriedade exclusiva, objetos do seu infinito amor, são suas imagens. Por isso as chama pelo nome em sinal de intimidade, porque o nome e a vida delas estão para sempre gravadas no seu coração e em suas chagas de amor. Ele as conduz para fora do falso redil, as liberta, e caminha a frente delas porque é Pastor, guia e mestre, vai agora conduzindo-as para um outro redil, de felicidade e vida plena, elas o seguem porque conhecem a sua doce voz de ternura e amor, mas também porque nele encontram abrigo e descanso.

Jesus, o Bom Pastor caminhando pelas estradas da vida, vai conduzindo às suas ovelhas, ou seja, cada um de nós para outro redil, onde ele é a Porta pela qual as ovelhas devem passar apara encontrar as verdes pastagens, a vida feliz em abundância, a salvação. Assim, Ele nos diz: “Eu sou a porta; quem entrar por mim será salvo”. O Que significa esta afirmação de Jesus: Eu sou a Porta das Ovelhas? Ela indica que a alegria, o repouso, a felicidade, o amor, a graça, a benção e, sobretudo, a Salvação que nós suas ovelhas buscamos, só encontraremos nele. Na medida em que o seguirmos, nos unindo a ele e amando-o.  Verdadeiramente, Jesus é a porta da vida eterna e feliz para as ovelhas.

Interessante que nós já adentramos por esta porta em nosso batismo, na morte e ressurreição de Cristo, passamos  pois a pertencer ao seu redil.  Assim como os judeus, os quais Pedro anunciou-lhes o evangelho e se converteram e foram batizados, conforme nos diz a primeira leitura: “os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o batismo e se uniram a Ele”. Convém perguntar: Qual é o redil de Cristo Bom Pastor no qual nós suas ovelhas deveremos permanecer? A Resposta é uma: A Igreja! Ela é o redil de Cristo, a casa onde o pastor leva as suas ovelhas para cuidar delas, apascenta-las e dar-lhes a vida em abundância. Esta vida abundante é a vida do próprio pastor dada como alimento na Eucaristia: "o Bom Pastor da a vida pelas suas ovelhas. No seu Redil (Igreja) Ele nos prepara uma mesa (altar), e dando-se a si mesmo, dá-nos a verdadeira vida.


Todavia, em nossos sofrimentos, na luta contra o pecado, corremos o risco de nos desgarrarmos e escutando a voz de falsos pastores, abandonarmos o Redil de Cristo Bom pastor. Lembremo-nos, pois do que escutamos na segunda leitura: “também, Cristo sofreu por vós... sobre a cruz, carregou os nossos pecados... por suas feridas fostes curados... andáveis como ovelhas desgarradas, mas voltastes ao pastor e guarda de vossas vidas”.  Quando por nossos pecados, abandonarmos o redil de Cristo, tenhamos a coragem de como ovelhas feridas, voltar a Ele que cuida de nós, pois Ele é o Pastor que nos conduz, com Ele não nos falta coisa alguma, junto dele felicidade e todo bem sempre encontraremos. Amém.


sábado, 26 de abril de 2014

O AMOR MISERICORDIOSO DO RESSUSCITADO

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, o Senhor Ressuscitado.

Neste segundo domingo pascal, o Domingo da Divina Misericórdia, a santa liturgia nos convida a contemplar esta misericórdia de Deus em Jesus Ressuscitado que aparece no meio dos seus discípulos.

A primeira atitude misericordiosa de Jesus será a de acalmar o coração inquieto, inseguro, triste e cheio de medo dos discípulos, eles que estavam não somente com as portas de sua casa fechadas, mas também as portas de seus corações. Assim, Jesus na tarde de domingo aparece, se põe no meio deles e deseja-lhes a paz.

Vejam, primeiro que tudo, a presença de Jesus Ressuscitado no meio dos seus, é sinal de que por amor ele deseja ser o centro da vida dos seus discípulos, deseja ser a alegria, a felicidade, deseja habitar para sempre em seus corações, por isso, deseja-lhes a paz: “A paz esteja convosco”. Esta paz ela é sinal da vida plena da graça que Jesus nos trouxe em sua ressurreição, de fato ela acalma o coração, transforma a tristeza em alegria, dá esperança e enche o coração de felicidade. Esta Paz não é somente uma saudação, mas é uma pessoa: Jesus que em seu amor misericordioso, deseja ficar para sempre no meio dos seus.

 Depois, num segundo gesto de misericórdia, o Senhor Jesus lhes mostra as suas mãos e o seu lado chagados, sinais do seu amor e de sua misericórdia infinita para com os discípulos e a humanidade, mas também para dizer que é do seu sacrifício de amor  na cruz que provém a verdadeira paz. É como se Jesus estivesse a dizer a eles e a nós: em tuas agonias, em teus medos e sofrimentos, lembra-te eu sofri por ti, eu estou contigo, eu sou a razão da tua alegria e felicidade.

Uma outra atitude de misericórdia de Jesus, foi ter soprado sobre os seus o dom do Espírito Santo. O Espírito de Ressurreição que agora recria o coração e a vida dos discípulos, fazendo deles novas criaturas, com a missão também de recriar e de ressuscitar a vida de muitos homens e mulheres mortos pelo pecado, distantes de Deus.

Por conseguinte, Jesus agora manifestará a sua misericórdia a Tomé que não estava presente na primeira aparição, e por isso, se deixando levar pela incredulidade, duvida da aparição do Cristo Ressuscitado, credo somente se  visse as mãos chagados e o lado ferido de Jesus e neles tocasse.  Pois bem, Jesus em seu amor e misericórdia benevolentes, cheio de compaixão vai ao encontro de Tomé e aparece a Ele, oferecendo-o as provas de sua paixão para que ele tocasse e acreditasse que Jesus o Crucificado Ressuscitou verdadeiramente: “Põe teu dedo aqui e vê as minhas mãos! Estende a tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo Tomé, mas crê!
O Senhor mais uma vez oferece as suas chagas de amor e misericórdia, as feridas de sua paixão redentora, nelas estão a vida de Tomé, a minha vida e a tua vida, em seu Corpo Glorioso, Jesus as carregará para sempre, elas são as marcas da vitória de Cristo, e da nossa vitória. Elas são o sinal da fé, da esperança e da caridade. A incredulidade de Tomé é vencida pelo seu grande ato de fé: “Meu Senhor e Meu Deus”!

A misericórdia divina curou a incredulidade de Tomé, o fez feliz! Todavia, a misericórdia e a bondade de Jesus tocam também à nossa vida. Isto se revela quando Jesus diante de Tomé, louva a fé daqueles que creram sem o ter visto: “Felizes os que creram sem ter visto”Esta palavra de Jesus é para  os cristãos de todos os tempos, é para todos nós! Somos felizes porque pelo batismo em sua Ressurreição dele recebemos a vida nova que vem do céu e o dom da fé. Somos felizes porque “sem ver o Senhor nós o amamos, e nele acreditamos, nele depositamos nossa vida, isso é a razão de nossa alegria se fim”, de nossa confiança e esperança, por ele somos sustentados quando enfrentamos as provações da vida em virtude de nossa fé.  Por isso com humildade sejamos capazes de como Tomé dizer professar nossa fé no amor misericordioso de Jesus e dizer: Meu Senhor, Meu Deus, Meu Tudo! Só a vós desejo, só a vós amo! Jesus eu confio em vós! Amém!



sábado, 12 de abril de 2014

O MISTÉRIO DO DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR


Meus irmãos e minhas irmãs

Hoje com esta celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, iniciamos com muita fé a Grande Semana da Paixão do Senhor, a Semana Santa. Recordamos espiritualmente, a entrada de Jesus em Jerusalém. Esta solene procissão de entrada revela os últimos passos do caminho de Jesus para o cumprimento da sua grande missão, ele sobe a Jerusalém para num ato de amor oferecer a sua vida na cruz em obediência ao Pai pela salvação da humanidade.

Jesus que agora adentra a cidade santa, em solene procissão é aclamado e reconhecido como Rei: “Hosana ao Filho de Davi, Bendito o que vem em nome do Senhor”.  De fato, Ele é o Rei, Ele é o Messias esperado, o Deus que veio para salvar Israel e toda a humanidade. Todavia, deveremos perceber que o reinado de Jesus é marcado pela humildade, mansidão e pobreza. Para expressar tamanha verdade, o vemos entrar em Jerusalém montado num jumentinho, para que se cumprisse a profecia: “Eis que o teu rei vem a ti, montado num jumento”. O Jumentinho era o animal dos pobres, Jesus é o verdadeiro Pobre de Deus, “o anawin de Ihaweh”.  

Sim, amados irmãos e irmãs, falar de um Rei Jesus que se faz pobre é poder contemplar o seu desígnio de amor para conosco. Porque Ele sendo Deus, em uma  profunda humildade se esvaziou, se aniquilou e se fez homem. Ele sendo rico se fez pobre. O Rei assumiu a condição de escravo. Portanto, Jesus é o servo de Deus destinado ao sofrimento, deste modo podemos compreender que a entrada de Jesus em Jerusalém é verdadeiramente uma procissão que  leva-o à cruz, por isso o santo evangelho deste domingo nos narra: a Paixão e Morte de Jesus.

Vejam Jesus, em total obediência ao Pai se entrega livremente para enfrentar os tormentos da cruz. De fato, nele se realizam as palavras da primeira leitura: “ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba, não desviei o rosto de bofetões e cusparadas”. Esta total aceitação por parte de Jesus à cruz, revela um ato de profundo e eterno amor, amor para com o Pai na obediência à sua vontade e amor para com a humanidade. Assim vemos que o reinado de Jesus é o Reino do amor até o fim, da doação sem limites de sua própria vida.  Ao olharmos para a cruz  vemos nela o verdadeiro trono do Rei Jesus é nela que o Senhor é exaltado revelando todo o seu poder e sua glória.

Pois bem, nos unamos a Jesus nesta caminhada para a cruz, que os ramos que sustentamos nas mãos, sejam o sinal de nossa adesão ao Senhor, que não o traiamos, nem o abandonemos, não estendamos mantos e ramos, mas estendamos nossas vidas em sua vida, prostremo-nos aos seus pés e o sigamos até o fim.  AMÉM

sábado, 22 de fevereiro de 2014

SEDE PERFEITOS NO AMOR

Queridos irmãos e irmãs em Cristo

Na liturgia deste 7º Domingo Comum, Deus nos chama à santidade a partir do amor ao próximo.

Já na primeira leitura nós vemos Deus falando a Moisés, convidando toda a comunidade de Israel a estar mais unida a Ele, a partir da vivência da santidade, quando diz: “sede santos, porque eu, o Senhor sou santo”. Vejam, Deus é o Santo, e porque Ele escolheu o seu povo para viver uma aliança de amor, Ele convida este povo a ser como Ele, ou seja, a estar unido a Ele, a imitá-lo, a participar de sua vida santa. De fato, este sempre foi o desejo de Deus, desde quando criou a humanidade: “Ele nos fez para sermos santos e irrepreensíveis” (Ef 1,4). Todavia, o que é ser santo? Reparem, ser santo, é ser separado, consagrado inteiramente a Deus.  Portanto, eu vivo o dom da santidade quando eu me ofereço por inteiro a Deus, a fim de viver em profunda comunhão com Ele.

Entretanto, viver o dom da santidade é não somente se abrir por inteiro a Deus, mas também, ter os sentimentos de Deus no convívio com o próximo, sobretudo, nos momentos mais difíceis. Por isso, eu me santifico quando no relacionamento com os outros, “não tenho ódio no coração... não procuro vingança, nem guardar rancor”. Mas com humildade busco corrigi-los, repreendê-los fraternalmente, “amando-os como a mim mesmo”, porque eles são a imagem e semelhança de Deus, e por isso, dignos de amor.

No Evangelho, Jesus, em seu sermão da montanha, depois de ter anunciado a nova Lei, a Lei do amor. Também chama os seus discípulos e a nós à perfeição da santidade: “sede perfeitos como vosso pai celeste é perfeito”. A partir da prática da Lei do amor, a qual Ele veio pôr em nossas vidas e em nossos corações.

Primeira coisa que Jesus faz, é corrigir mais uma vez uma lei de seu tempo, a “LEI DE TALIÃO”, que dizia: “olho por olho, dente por dente” (Lv 24,20). Esta lei se praticava para diminuir um pouco a vingança, e, por conseguinte, a violência. Entretanto, a Lei de Jesus, ou melhor, o próprio Jesus não veio para propagar a violência, nem a vingança, e sim a paz; Jesus é o príncipe da paz, aquele que “veio vencer o mal com o bem”(Sl 35,11-13). Por isso, Ele ensina aos seus discípulos que por mais difíceis que sejam as situações, a não retribuírem com vingança o mal praticado “não enfrenteis quem é malvado”, mas a viverem o dom do amor sem medidas.

Por isso, encontramos Jesus a nos ensinar como outrora ensinou aos discípulos que agora não deveremos somente amar o nosso próximo, mas Ele nos diz: “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem”. Esta é a novidade que Jesus trouxe para a humanidade, viver o dom do amor, da misericórdia, da compaixão até mesmo com os que nos odeiam, nos machucam, ofendem e perseguem. Assim, a melhor forma de amá-los é rezando por eles, os confiando a Deus. Não podemos encontrar aqui um grande obstáculo, mas sim um meio eficaz de se alcançar a santidade. Desse modo, eu não posso odiar  este irmão porque ele é filho do mesmo Deus, e, por conseguinte, o próprio Deus em seu Filho Jesus amou os seus inimigos, rezando por eles e perdoando-os. Se assim agirmos, estaremos “nos tornando de fato Filhos do Pai que está nos céus”; ser santo é viver como filho de Deus, e por isso, fazer a vontade do Pai.


Portanto, podemos pensar que na mentalidade do mundo no qual nós vivemos, pagar o ódio com amor é uma loucura. S. Paulo nos diz: “a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus”. Mas para nós que somos de Cristo, este caminho de amar os inimigos é a nossa via de santificação. Amém!!


sábado, 15 de fevereiro de 2014

A Plenitude da Lei em Cristo - HOMILIA DO 6º DOMINGO COMUM

Amados irmãos e irmãs em Cristo

A Liturgia deste 6º Domingo Comum, nos convida a ver na Lei de Deus, o verdadeiro meio eficaz que nos conduz à vida feliz.

Já na primeira leitura, o autor do livro do Eclesiástico, exortava aos judeus de seu tempo, a perceberem qual era o verdadeiro caminho a ser seguido para ser feliz e viver bem, uma vez que eles estavam sendo seduzidos a abandonar a fé de Israel e a buscar a felicidade seguindo os deuses pagãos.

Assim, o autor sagrado dizia: “Se quiserdes observar os mandamentos, eles te guardarão, se confias em Deus, tu viverás”.  Vejam, se o povo observasse os mandamentos de Deus, a sua Lei, se deixando orientar por eles, e fosse se confiando inteiramente a Deus, nele estaria, pois a verdadeira felicidade. Todavia, Deus deu ao homem a liberdade, Ele não o prende, de modo que o homem é livre em seguir o caminho de Deus ou não. Por isso que o autor sagrado continuava a dizer: “Diante do homem está à vida e a morte, ele receberá aquilo que preferir”. Portanto, eu sou feliz à medida que eu observo os mandamentos do Senhor e neles encontro vida, ao passo que eu não os observo eu vou experimentando a infelicidade e a morte.

No Evangelho que é ainda uma continuação do grande sermão da montanha, Jesus mostra aos seus discípulos a importância da Lei para a vida do povo santo de Deus, ou melhor, Jesus dá aos seus discípulos a Nova Lei, pois se outrora no monte Sinai, Moisés recebeu de Deus a lei para o Povo. Jesus, o Novo Moisés do monte das bem aventuranças dá ao novo povo, o novo Israel, a Nova Lei. De fato, a Vinda do Messias deveria trazer a revelação de finitiva da lei, por isso que Jesus diz: “Eu não vim abolir a Lei, mas dar pleno cumprimento”. O Que Jesus queria dizer com esta afirmação?

Vejam, primeiro que tudo, Ele não veio para abolir a Lei, porque em si ela é de suma importância para o caminho de Israel, ela foi dom de divino, sinal da aliança de amor, de fidelidade entre Deus e seu povo amado e eleito. Porém, em Jesus a lei encontra o seu verdadeiro sentido de ser; vejam, em Jesus agindo e vivendo na força do Espírito Santo, Ele revela que a Plenitude da Lei é o  amor que em obediência ele vive com o Pai. Esta atitude de Jesus revela também que a Lei não é um conjunto de normas, preceitos, proibições, chegando a ser um fardo para o povo. A Lei é na verdade uma adesão, um sim, uma entrega de amor da vida do Povo a Deus. Portanto, podemos entender que o cumprimento, a “plenitude da lei é o amor”. Sendo assim, observar os mandamentos é na verdade amar o próprio Deus e amando-o, devo amar à sua imagem e semelhança que é o próximo.

Por isso, em Cristo, na força de seu Espírito de amor, derramado em nossos corações, amo a Deus e observo os seus mandamentos e neles encontro a verdadeira vida e a felicidade verdadeira, e deste modo me torno grande no Reino dos céus, ou seja, feliz, Bem-aventurado.


Peçamos, pois a Deus a graça de sermos sempre iluminados pela misteriosa sabedoria de seu Espírito, para que caminhando nas estradas de nossa vida, guardemos em nossos corações a Lei do Senhor, para sermos felizes em plenitude.