sábado, 13 de outubro de 2012

SER SÁBIO, É TER CRISTO COMO RIQUEZA MAIOR.

Amados irmãos e irmãs, celebrando este 28º domingo do tempo comum, a liturgia da santa mãe Igreja convida a nós seus filhos, a vivermos com verdadeira sabedoria, abraçando a grande riqueza que é Cristo.

A primeira leitura, retirada do livro da Sabedoria, nos mostra um grande elogio que Salomão fez à Sabedoria; primeiro ele a pediu a Deus em oração, e ele à concedeu. E nesta divina sabedoria ele encontrou o seu bem, o seu tesouro, a ponto de preferi-la a todas às posses de seu reino, a todo ouro e prata, e a julgá-los sem valor. Por tudo isso, ele compreendeu que nela estava, toda uma “riqueza incalculável” (Sb 7,11). Agora podemos nos perguntar: Que sabedoria é esta, que ultrapassa toda e qualquer riqueza e bem material, a ponto de se abandonar tudo e tê-la como posse? Esta sabedoria, já nos é revelada no próprio livro da sabedoria que diz: “contigo está a sabedoria, que conhece tuas obras, estava presente quando criaste o mundo” (Sb  9,9). Esta sabedoria é uma pessoa, a qual já nos dizia S. Paulo: “Cristo, é a sabedoria de Deus” (1Cor 1,24), que de maneira ímpar nos é revelada no Evangelho: Jesus, amados irmãos é esta sabedoria, que vale mais do que tudo, é ele nossa verdadeira riqueza.

Vejamos esta verdade, o Evangelho nos mostra o encontro de Jesus com um homem rico, um anônimo, que apressadamente, com muita piedade se aproxima de Jesus, se ajoelha e dirigi-lhe uma pergunta central sobre o destino de sua vida, ei-la: Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17). Esta pergunta é também aquela que inquieta nosso coração em cada instante de nossa vida, em outras palavras ela pode ser traduzida assim: Meu Bom Deus o que eu deverei fazer para encontrar a felicidade plena, que eu tanto anseio? Que caminho seguir para ser feliz? Diz-me ó meu bom mestre!. Esta pergunta do homem rico, revela que ele vê em Jesus, não um homem qualquer, mas um homem bom, um homem de Deus que pode direcionar como um Mestre o caminho de sua vida. Jesus o responde com estas palavras:  “Por que me chamas de bom? Só Deus é o Bom!”. Primeiro que tudo, Jesus o mostra que a fonte de toda bondade, é Deus, o Pai. Todavia, Jesus porque é um com Deus, participa desta bondade, de modo que, Jesus,  de per si, o faz ver que só em Deus, está o verdadeiro bem, o bem maior, e estando com Deus se pode viver bem, e ser feliz e rico de verdade. E, mais, Jesus vai mostrar-lhe o caminho da vida feliz, por isso o pergunta: “tu conheces os mandamentos!” Por conseguinte, apresenta a segunda tábua da lei, aquela que se refere ao amor ao próximo. E sábia e piedosamente, a resposta do homem rico foi positiva, ele os praticava, porque sabia que observar a lei, era ter a garantia da vida feliz e imortal: “andareis em todo caminho que Deus vos ordenou, para que vivas, sendo felizes e prolongueis os vossos dias na terra” (Dt 5,33). Certamente o homem achou que já tinha atingido a meta para a vida feliz. Todavia, existia algo mais a ser feito.

Então, Jesus acolhe esta resposta, cheia de alegria do homem rico, e fita-lhe o olhar, o ama e o convida a uma nova etapa, a um salto maior no rumo da própria vida, e diz-lhe: “uma só coisa de falta, vai vende tudo o que tens, dá aos pobres, depois, vem e segue-me”. Que proposta desafiadora de Jesus para com aquele homem, Ele o chama, a viver o desapego do que é material, de suas posses e riquezas, dos ínfimos bens, a tomar o que lhe pertencia e a praticar a caridade. Vejam, queridos irmãos e irmãs, na verdade Jesus estava chamando-o ao desapego de si, a deixar-se, para dar-se inteiramente a Jesus, era como se Jesus tivesse dito assim: “vai, vende tudo o que és, e segue-me”, ou seja, renuncia aos teus ínfimos ideais, aos teus sonhos tolos, Tu não me chamaste de Bom, vem pois me seguir, vem provar de minha bondade, deixa eu ser o teu bem maior, para assim encontrares o verdadeiro tesouro, a verdadeira felicidade, a verdadeira vida, deixa com que eu seja a tua Riqueza verdadeira. Diante da proposta de Jesus, aquele homem, “ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico”. Certamente ele se questionou, como pode ser que Deus tenha concedido uma vida feliz, com todas as posses e riquezas e agora eu tenho que abrir mão delas! Ter que renunciar a todos os meus planos e conquistas, não é possível! É a pergunta que pode estar a envolver nossos corações, toda a nossa vida, será que vale a pena deixar minhas riquezas, bens, fortunas, meus sonhos, ideais, conquistas terrenas e considera-los como um nada, para viver o despojamento de si, seguindo o Homem de Nazaré? Vejam, se é verdade que os bens vem de Deus, é mais verdade ainda que o próprio Deus já nos advertia: “quando a vossa riqueza prosperar, a ela não se prenda o vosso coração” (Sl 62, 9).  Aquele  Homem não foi capaz de ir em busca da verdadeira riqueza, seguia os mandamentos, mas seu coração ainda não estava inclinado para a primeira tábua que lhe pedia o amor a Deus a cima de tudo, estava pois, apegado às suas riquezas. Desta maneira se a gente se apega ao que é material, encontrando neles o fim, a razão maior de nossa vida, nossa felicidade plena, logo vamos perdendo a verdadeira riqueza que não perece jamais, porque é eterna, que é o próprio Cristo.

Jesus faz-nos ver esta verdade quando olhando para seus discípulos, os mostra o perigo do apego às riquezas: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!”. Quando alguém está tão apegado aos bens e posses, é duro para ele desapegar-se e renunciá-los, pois muitos acham que já encontraram a felicidade verdadeira, que já se bastam a si mesmos, que não precisam de Deus, que dar a vida a ele é tolice, só há perdas. Por conseguinte, o Senhor nos convida hoje, a nos desapegarmos de nós mesmos, destas ínfimas riquezas, as quais pensamos que é o nosso tudo, e a pormos a nossa vida nos caminhos dele. Portanto, Quem quiser experimentar, o dom da vida feliz tem que aprender a deixar tudo, considerar tudo como um lixo, a fim de ganhar a Cristo, de segui-lo, pois quem o segue não fica de mãos vazias, mas de coração. Agora,  não é possível querer seguir a Cristo só para ganhar lucros e riquezas materiais, ou buscar a felicidade de forma fácil, como se prega por aí nos meios protestantes, na chamada teologia da prosperidade; cuidado você pode ganhar tudo o que é material, mas pode perder o tesouro imperecível que é a vida eterna com Cristo. Não tenhamos medo, pois quem vive o desapego de si, já nos diz Cristo: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna”. É  esta a nossa recompensa se o seguirmos, que palavras belas e encorajadoras de Jesus, quem se dá a Ele na renúncia de si mesmo, ganhará a vida feliz, agora não de forma fácil como muitos pregam, mas com perseguições, pois é enfrentando as dificuldades, as dores, os vales de lágrimas da vida, ou seja, o caminho de cruz que encontraremos e conquistaremos nossa maior riqueza. Deixemos, portanto, que esta palavra viva e eficaz (Hb 4, 12) que é o próprio Cristo que escutamos, seja como uma espada afiada que rasgue nosso interior, esvaziando-o de nossas pretensões ambiciosas de apego ao que é material, e nos faça ter um coração sábio, voltado para Cristo nossa riqueza maior. Assim seja!

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