sábado, 27 de outubro de 2012

"FILHO DE DAVI, JESUS, TEM COMPAIXÃO DE MIM, CONCEDE-ME QUE EU VEJA!"

Queridos irmãos e irmãs, a liturgia deste 30º domingo comum, nos chama a vivermos com Jesus um encontro entre a nossa pobreza e a sua riqueza, a nossa miséria e a sua misericórdia.

A primeira leitura (Jr 31,7-9) desta liturgia é um pequenino trecho do livro das consolações de Jeremias ao povo. Vejam, o povo de Deus é um povo pobre, “nele se encontram: cegos, aleijados, mulheres grávidas” (Jr 31,8), sua história é marcada pela dor, pelo sofrimento, pela escravidão. Quanta angústia! Quanta tristeza este povo não enfrentou! A ponto de seu coração brotar o grito suplicante: “Salva Senhor o teu povo” (Jr 31,7). Este povo, o Israel de Deus, somos nós, gente fraca, humilde que na estrada da vida derrama os prantos e as suas lágrimas. Todavia, somos encorajados pelo Senhor Deus que não nos abandona, que vem em nosso auxílio, nos tira da terra de nossos sofrimentos, e nos reúne junto dele, para nos conduzir às torrentes da felicidade, pelos caminhos retos da vida. Ele olha para a nossa miséria e nos enche com sua misericórdia.

O Evangelho (Mc 10, 46-52) de uma maneira toda especial nos revela este encontro de pobreza e riqueza, de miséria e misericórdia. É o encontro de Jesus com o cego Bartimeu.  Vejam, Jesus está se dirigindo para Jerusalém, rumo à sua paixão na cruz, vem caminhando com seus discípulos e uma numerosa multidão, e eis que passando por Jericó, às portas da cidade estava um cego, não sabemos o seu nome, somente que ele é filho de Timeu (Bartimeu), estava sentado à beira do caminho, mendigando.

Atenção! aos seguintes detalhes da vida deste cego, primeiro ele é um mendigo, um pedinte, um pobre, não somente de algo material, mas sobretudo, de uma vida feliz, de amor, de uma vida nova; a isso se refere também uma outra sua condição, ele está sentado à beira do caminho, típico de alguém que está à margem da vida, rejeitado, cansado, derrotado pelas dores, angústias e sofrimentos da vida. Este cego sem nome, indigente, é a imagem de cada um de nós, cegos pelas trevas de um mundo hostil a Deus, que pelas amarguras da vida, já não temos mais forças para caminhar, estagnamos na vida, vivemos mendigando uma vida maior, e feliz. Eis que quando, o cego ouve o alvoroço da grande multidão que passa, ele pergunta o que estava acontecendo, e dizem: “É Jesus o Nazareno que passa” (Mc 10,47). Ao escutar esta resposta do povo, logo vemos uma atitude surpreendente daquele cego, ele começa a gritar: “Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim”! (Mc 10,48).

Reparem que coisa bela está por trás deste grito suplicante do cego, primeiro ele é um homem de fé, reconhece que aquele homem que passa na sua vida não é um qualquer, é o Filho de Davi, o Messias, o Ungido de Deus, o esperado das nações que viria para trazer a salvação aos homens, assim o chama de Jesus: O Deus salvador, só Ele poderia dar-lhe a vida nova. Por isso não perderia  a chance de encontrar-se com Ele. O grito do cego é um grito que parte da miséria de sua alma, de seu coração, o cego pede que ele tenha compaixão, tenha misericórdia dele. Quando a multidão ouve este grito de fé do cego, ela começa a repreendê-lo, pedindo-o que se calasse. Sim, a multidão, não crê que Jesus é Deus, é o Salvador, é aquele que vem curar as nossas feridas. É imagem do mundo pagão, e incrédulo em que vivemos que tenta calar o nosso grito de fé para com Jesus. Na verdade aquele cego vê mais do que a multidão, enquanto aquela via Jesus como um homem, o cego o vê como Deus, o Filho de Davi, o Messias.

O grito suplicante daquele cego não passou despercebido, adentraram pelos ouvidos e o coração de Jesus, de modo que Jesus para e manda chama-lo. Queridos irmãos, essa atitude de Jesus revela que ele não nos abandona, ele tem cuidado de nós, diante do alvoroço de nossa vida, do barulho de nosso mundo,  ele ouve nosso grito de clamor, cheio de dor e sofrimento, como ouviu o grito do cego. Portanto, os discípulos chamam aquele cego dizendo: “Coragem! Ele te chama. Levanta-te!” (Mc 10,49). Hoje estas palavras se tornam presentes na vida de cada um de nós,  vocês são estes cego, e o sacerdote é o discípulo que neste dia vem até você enviado por Jesus, para te conduzir até Ele, como um mediador, é esta a missão do sacerdote, que nos é revelada na segunda leitura (Hb 5,1-6): “Todo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus” (Hb 5,1). Sim, nós recebemos de Jesus à missão de tomarmos a vida sofrida de vocês e a levarmos a Cristo. Pois bem, ao escutar o convite dos discípulos, aquele cego deixa o manto, dá um pulo e vai até Jesus (Mc 10, 50). Que atitude surpreendente de Bartimeu, primeiro ele deixa o manto, era uma capa pesada feita de couro, na qual ele se protegia, era também o instrumento de sua vida, nele estava seu sustento, a sua segurança, era o seu tesouro, era tudo o que l tinha. Entretanto, ela também é sinal da vida antiga e velha, que ele agora deixa para trás, por isso dá um pulo, e vai até Jesus. Que coisa bonita! Quem de nós já viu um cego dando um salto, aqui é a atitude de um homem que de fato tem fé, que sabe em quem depositou a sua confiança, que reconhece que aquele que o chama é o próprio Deus.

Podemos nos perguntar: qual é o nosso manto pesado, sinal de nossa ínfima segurança ou tesouro, a riqueza que temos e nela encontramos como nosso maior bem, no qual temos que deixar porque ela ainda nos impede de ir ao encontro de Jesus? Reconhece que tu és pobre, fraco, e que tua força e riqueza é Jesus, deixa o que tens e vai ao encontro dele.

Tendo-o diante de si, Jesus lhe pergunta: que queres que eu te faça?. E o cego com toda fé diz: Meu mestre que eu veja! É como se aquele cego tivesse dito: que eu encontre a luz que ilumina a minha vida, que eu possa ver o caminho que me conduz à vida verdadeira. Jesus reconhece a humildade e a fé daquele homem, por isso o diz: Vai, a tua fé te salvou! Eis que a cura aconteceu, a vida nova foi dada aquele cego mendigo, sua miséria se encontrou com a misericórdia de Deus. E vejam que coisa interessante, depois de ter sido curado, aquele homem agora, deixa o seu caminho, o seu lugar, e segue Jesus no caminho, Ele quer agora trilhar os passos de Jesus, tornar-se seu discípulo. Que caminho é esse? É o dá cruz, nele encontramos a Luz verdadeira, nele encontramos nossa maior riqueza, pois é passando pelo coração aberto de Cristo na cruz, que adentraremos no céu, dá-nos força Senhor de caminharmos iluminados pela luz que vem de tua cruz. Assim Seja!

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