sábado, 22 de setembro de 2012

O CAMINHO DA CRUZ É O CAMINHO DA PEQUENEZ.

Queridos irmãos e irmãs, celebrando este XXV Domingo do Tempo Comum, o Senhor Jesus nos apresenta mais uma vez o caminho da cruz, como sentido pleno da vida do cristão, porque, ser cristão é trilhar o caminho da paixão e da cruz. E hoje somos chamados a aprender a sermos humildes, pequenos e servos com Cristo.

O Evangelho de Marcos lido nesta liturgia nos apresenta o segundo anúncio da paixão que Jesus deverá enfrentar. Pois bem, Jesus vai caminhando com seus discípulos com passos firmes rumo a Jerusalém, e vai mostrando-lhes e ensinando-lhes o caminho  da paixão, da cruz que Ele deveria sofrer, assim diz: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”.  Ou seja, Ele vai pondo no coração dos discípulos e hoje em nossos corações, a firme certeza, de que não há outro caminho para entrar na glória senão abraçando a cruz cotidiana. É importante ressaltar que aqui Ele se identifica com aquele Justo Filho de Deus o qual vimos na 1ª leitura, “Armemos ciladas ao justo... porque sua presença nos incomoda ...Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; 20vamos condená-lo à morte vergonhosa.

Ao ouvirem estas palavras os discípulos não entendem, ou seja, não aceitam que o Messias tenha que enfrentar a cruz, tenha que morrer, uma vez que é forte e poderoso. Na mentalidade deles está um messianismo de grandeza, de sucesso e de glória; por isso que ao ouvirem as palavras de Jesus eles ficaram: com medo e calados, mas também diz-nos o evangelista Mateus que eles ficaram: “profundamente tristes” (Mt 17,23). Essa tristeza e silêncio dos discípulos é o sentimento de alguém que quer a glória, quer o céu, quer entrar no Reino da vida plena, mas sem enfrentar o sofrimento da cruz. Somos nós muitas vezes, queremos seguir Jesus sem carregarmos a nossa cruz, sem enfrentarmos as tribulações da vida, daí seguimos outras pessoas, os gurus desta vida que prometem facilidades, como dir macedo, RR soares, Valdemiro santiago, pronto! mas não Jesus, desejamos as vantangens da vida, e do Reino de Deus, mas sem enfrentar a dor, estamos querendo viver um cristianismo light, sem cruz.

Mas este sentimento de fuga da cruz, por parte dos discípulos é ainda maior, vejamos: quando Jesus chega em casa com Eles lhes faz a seguinte pergunta: “o que ias discutindo pelo caminho?”, eles ficaram calados, porque sabiam que seria vergonhoso dizer ao mestre tal sentimento de repugnância pela cruz, pois vinham discutindo quem dentre Eles seria o maior. Primeiro aqui podemos ver o quão distante e dissociado se encontrava o pensamento, o coração dos discípulos em relação a Jesus. Enquanto, o Senhor com sabedoria do alto lhes indicava o caminho da humilhação, do serviço, da doação por amor, de suportar com coragem os tormentos da cruz, de pôr o dom da vida a serviço; os discípulos pelo contrário, com uma sabedoria meramente humana, impregnada de presunção, pensavam no poder, na glória, nas vantagens, nos privilégios, nos altos postos da vida. Todos estes males, tudo isso é fruto das paixões desordenadas que existem no coração humano. É a imagem bem relatada por São Tiago na segunda leitura de hoje: “Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más... De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós?”.

Estas palavras valem para nós nos dias de hoje, primeiro dizemos que seguimos o Senhor, mas o caminho de nossa vida tem sido em diversas ocasiões bem diferente do dele. Depois, quantas vezes nós em nossas comunidades, trabalhos, estudos, buscamos ser maiores e melhores que os outros, edificamos nossos pedestais, num ar de superioridade, de prepotência, nos deixamos levar pela inveja e criamos determinadas rivalidades entre nós, não podemos esquecer que se nossa presunção nos leva a estarmos no alto, cuidado! o tombo pode ser grande. Todavia, nós como cristãos e cristãs, discípulos de Cristo não deveremos agir assim, a atitude do cristão é de alguém que cresce, mas na humildade,  no serviço, pois os humilhados de Deus, logo serão exaltados.

Pois bem, Jesus ao ter conhecimento destas palavras, começa a ensinar aos seus, qual deve ser a verdadeira atitude do discípulo, e vejam o que o  texto sagrado diz: que Jesus ensinou-lhes: “em casa” (v.33), ou seja, na intimidade com Ele, estando a sós, olhos nos olhos. E mais, diz-nos que Jesus “estava sentado” (v.35) típico de um Mestre, ou melhor, daquele que é o Único e Verdadeiro Mestre, que não engana e que conduzirá os seus no caminho da vida plena e verdadeira. Hoje esta palavra se torna viva em nós. Somos nós amados irmãos e irmãs que aqui estamos na Casa do Senhor, nesta Igreja, casa de oração, para na intimidade com Ele, escutarmos as suas palavras, experimentarmos seus sentimentos e para aprender dele a vida nova que ele quer nos comunicar. Então, Jesus, outrora mostrou aos discípulos e hoje mostra a nós qual deve ser a nossa atitude:  disse-lhes: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!”.

Vejam, se é verdade que nós queremos ser os primeiros na vida, ou seja, queremos experimentar a glória, e isso é digno de fé, porque o Senhor revela isso, ao nos dizer: “quem quiser ser o primeiro”, é mais verdade ainda que para tanto, e esta é a condição, nós deveremos  ser servos uns dos outros, pensar em nós, pensando no outro, ou seja, ser humildes, ser servos, ser pequenos, como o próprio Senhor Jesus assim se fez, Ele veio e está em nosso meio como aquele que serve, como aquele que veio servir e dar a vida em resgate por muitos. Eis o caminho trilhado pelo Senhor! só experimenta a glória quem se faz pequeno.

Por isso o Senhor como exemplo vivo põe em seus braços e no meio dos discípulos uma CRIANÇA, que era sinal de  debilidade, fragilidade, daqueles que eram insignificantes, mas também sinal de pequenez de coração e de humildade verdadeira. Esta criança é imagem de Jesus, “quem acolher em meu nome está criança, é a mim que está acolhendo”. Sim, Jesus foi aquele que se fez vulnerável, Ele sendo o primeiro (Deus), se fez último (criança/ servo), se fez fraco para que enfrentando a cruz, se doando livremente por amor a nós, pudesse ser de novo e eternamente o primeiro (Ressuscitado - primícias da vida nova). A criança representa também todos os pequeninos de Deus que deveremos acolher e servir, os pobres, os órfãos, os drogados, as prostitutas, enfim, todos aqueles que sofrem. Por fim, esta criança, deverá ser cada um de nós, deveremos ter um coração dócil, cheio de amor, cheio de simplicidade, sermos simples, humildes, ser pequenos como Cristo.

Que este seja nosso desejo, e que sejamos fortalecidos por está frágil hóstia, que receberemos em nossas mãos e em nossos lábios, a vida do Senhor que se fez pequeno na encarnação, veio aos nossos pés e que agora vem em nosso interior. Amém.

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