sábado, 1 de setembro de 2012

DE CORAÇÃO PURIFICADO, HABITAREMOS NO CORAÇÃO DE DEUS

Amados irmãos e irmãs em Cristo Jesus, celebrando este XXII Domingo do tempo comum, a divina liturgia, faz ressoar em nossos corações as palavras desejosas do salmista que diz: “Senhor quem morará em vossa casa, e em vosso monte santo habitará”? (Sl 14). Somos chamados a de coração humilde, nos perguntar: o que faremos, para entrar na pátria feliz, na vida de amor com Deus, para assim vivermos a vida em plenitude e a alegria verdadeira? A resposta nós encontramos na primeira leitura: “ter a Lei de Deus diante de nossos olhos”.

Pois bem, neste domingo a Lei aparece no centro de nossa liturgia, o grande dom que Deus concedeu ao povo para que ele, seguindo os seus preceitos seja santo, como Deus é santo. Na liturgia do domingo passado, nós víamos que Deus é ciumento, não quer ser posto em pé de igualdade com os outros deuses, Ele é fiel, e nos chama para viver com ele uma aliança de amor, mas ao mesmo tempo, sabe que nós corremos o risco de lhe sermos infiéis, por isso, dá-nos um meio eficaz de podermos caminhar com fidelidade para vivermos esta aliança de amor. Deu-nos a Lei, as dez palavras, que não são um fardo, mas uma instrução, uma pedagoga que  vai nos ensinando a viver com Deus uma vida feliz; foi isso que nós escutamos na primeira leitura, Deus, por meio de Moisés convidando o povo a guardar os mandamentos, a pô-los em prática, a se deixar guiar por estas palavras santas de Deus, de modo que seguindo a Lei, como sinal de obediência o povo viveria na vontade de Deus, e por conseguinte, seria feliz, experimentaria o dom da terra prometida. Era praticando a Lei que o povo encontraria a sua identidade, de ser o povo santo de Deus, e também quem Deus é: próximo, cheio de amor, “Qual a nação cujos deuses lhe são tão próximos, como o Senhor nosso Deus” (Dt 4,7).

Esta lei deve ser vivida, não de forma externa, como meros preceitos, mas deve partir do interior que anseia fazer a vontade de Deus, fazendo com que o coração se converta por inteiro a Deus. Por isso que no Evangelho de Hoje nós encontramos Jesus que num diálogo com os fariseus e os mestres da lei, homens que até conheciam e viviam por demais a Lei, mas num determinado momento de suas vidas, abandonaram o essencial da lei, para viver a sua exterioridade, por isso criaram mais preceitos, cerca de 613, que como uma grande barreira envolveram a lei, levando-a a ser um pesado fardo na vida do povo, um instrumento de opressão, um destes preceitos da tradição dos antigos, nós encontramos no evangelho, quando os fariseus e os mestres da lei criticam os discípulos de Jesus que comiam os alimentos  sem lavar as mãos, ou seja, estavam com as mãos impuras, e também deveriam lavar os alimentos, pois tudo estava impuro, esta lei de purificação era destinada só e unicamente aos sacerdotes, mas a partir das prescrições farisaicas, criou-se a necessidade de que o povo também seguisse estes ritos de abluções e purificações.

Todavia, Jesus, veio não para abolir a lei,  mas para dar pleno cumprimento, portanto, ele faz ver que aqueles fariseus amam a Deus de forma externa, aparente, mascarada, daí chama-los de Hipócritas, e não com todo o coração, com toda a alma, dizem que seguem os divinos mandamentos, mas na verdade, seguem meros preceitos, por isso lhes advertiu: “vocês me honram com os lábios, mas o vosso coração, está distante” (Mc 6, 6).  Jesus os fará ver que o que torna o homem impuro, não é o que vem de fora, mas o que sai do seu interior, do coração do homem. Ou seja, Jesus faz ver que para servir a Deus, seguindo os seus mandamentos, faz-se necessário que tenhamos o coração purificado de tudo aquilo que nos afasta dele, pois é do coração humano que saem as más intenções e inclinações; interessante é que Jesus cita pelo menos doze males que afetam o homem em seu interior, e o tornam impuro, e que de certa maneira estão ligados aos dez mandamentos, ei-los: “imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo” (Mc 7,21). Por isso, faz-se necessário que convertamos o nosso coração a Deus, nos rendamos inteiramente ao seu divino amor, tenhamos os olhos voltados unicamente para ele, e com isso nosso coração se esvaziando do que é mal, se encherá de tudo aquilo que é bom e torna o homem feliz.

Nós só seremos felizes, e teremos a vida pura, se formos capazes de viver a Palavra de Deus, a Lei de Deus, em nossa vida, assim nos ensina o salmista noutra passagem: “como o jovem poderá ter vida pura? Observando ó Senhor vossa palavra”. A isso, também, nos adverte São Tiago na segunda leitura: “é preciso ser praticantes da palavra e não meros ouvintes”. Amados irmãos e irmãs, nós fomos criados por meio desta Palavra, depois, no dia de nosso batismo, ela foi plantada em nossos corações, como uma semente que deve crescer e dar fruto. Portanto, seria utópico, conhecer a Palavra, que é Deus, e é amor, pois a plenitude da lei é o amor, e não pô-la em prática, não transbordá-la na vida cotidiana. Enquanto membros da religião do amor, “que assisti os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixa contaminar pelo mundo”, somos fortalecidos a viver este amor, que nasce do coração de Deus, e está inserido em nosso interior, e assim nos faz de coração purificado, viver a felicidade sem fim, que é habitar um dia na casa de Deus. Voltamos, pois, à pergunta inicial: “Senhor quem morará em vossa casa e no vosso monte santo habitará? Que em nada prejudica o seu irmão, nem cobre de insultos seu vizinho, que não dá valor algum ao homem ímpio, mas honra os que respeitam o Senhor”. Somente de coração purificado, poderemos habitar no coração santo de Deus. Que assim seja!


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