sábado, 15 de setembro de 2012

No caminho de nossas vidas, o Senhor nos diz que o caminho dele é o caminho da cruz.

Caríssimos irmãos e irmãs, estamos no XXIV domingo do Tempo comum, reunidos para celebrar os divinos mistérios de Nosso Senhor Jesus Cristo, na liturgia de hoje, somos chamados a redescobrir quem verdadeiramente é Jesus, e sua missão em nosso meio, e o caminho que deveremos seguir.

Vejam queridos irmãos, num determinado momento da vida, fomos chamados por Deus, para caminharmos com Ele, entretanto, nós, seus discípulos, corremos o grande risco de nesta caminhada, não sabermos quem deveras é Jesus. Pois bem, o evangelho nos diz que Jesus partiu com seus discípulos, e no caminho perguntou a eles: “quem dizem os homens que eu Sou? E eles responderam: alguns dizem que tu és João Batista, outros que és Elias, outros ainda que és algum dos profetas. E vós quem dizeis que eu Sou?”. Ou seja, aqui existe algo muito revelador, no caminho, na estrada da vida, no itinerário da vida dos discípulos e hoje no caminho de nossas vidas o Senhor Jesus nos faz esta pergunta: e Vós quem dizeis que eu Sou?

Pedro logo dá a resposta: “Tu és o Messias!” a afirmação de Pedro em partes está correta, sim Jesus é deveras, o ungido de Deus, aquele que veio para salvar a humanidade com poder e braço forte; certamente na mentalidade de Pedro, e  dos discípulos, e pode ser que hoje de cada um de nós, seja a de ver Jesus como um Messias poderoso, mas que veio para destruir tudo, ou um messias político, revolucionário, ou até como muitos pensam um milagreiro. Todavia, Jesus é mais que isso, por isso proíbe severamente que os discípulos falem algo a seu respeito, isto porque Ele mais do que aquilo que eles sabiam. Ele é o Messias, mas de uma forma diferente, seu poder é manifestado na fraqueza, ele vem como servo sofredor, como filho do homem, como aquele que vem para experimentar a cruz, os tormentos, as humilhações, rejeições, injúrias, enfim vem para enfrentar o sofrimento. Por isso ele apresenta aos discípulos o seu messianismo, dizendo: “31Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias.  

Jesus, se identifica de forma muito clara com aquele Servo sofredor da primeira leitura, que Isaías falava para cada um de nós, o homem das dores que sofre livremente os tormentos da vida, é maltratado, torturado, esmagado  
em extremo por amor a Deus e à humanidade. É este o messianismo de Jesus, passa pela morte, pela cruz. E o interessante é que sobre isso Jesus fala abertamente, assim diz-nos o evangelho: 32Ele dizia isso abertamente”, em outras ocasiões e até no Evangelho de hoje Jesus proibia que as pessoas falassem que Ele era o Messias, hoje Ele faz o contrário, fala abertamente, com vigor, com parresia, ou seja, é o caminho da cruz, que para ele não é opcional, mas faz parte de sua missão, por isso ele disse: o Filho do homem, devia sofrer. Vejam, isso vale muito para nós, só poderemos anunciar a Cristo se tivermos consciência de que tudo passa pela cruz, sem a cruz, não é possível falar sore Jesus, ou até falamos, mas aí é outro e não o Verdadeiro Ungido de Deus.

Pedro quando escuta esta palavra de Jesus, logo as renega, porque ele não aceita que o Messias tenha que passar pela cruz, pelo sofrimento, logo diz-nos o Evangelho: “Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo” (Mc 8,32). Aqui não aparecem as palavras que Pedro utilizou, mas o evangelista Mateus nos diz: “Deus não te permita senhor, isso jamais te acontecerá” (Mt 16,22). Reparem que ousadia de Pedro, repreende o Senhor, quer impedi-lo de enfrentar o caminho da cruz, ele quer ser o mestre, quer dizer que rumo Jesus deve seguir, faz de Jesus seu discípulo.

Nós muitas vezes queremos crer e seguir a Jesus sem a cruz, sem passarmos pelos sofrimentos, o mundo de hoje, tão marcado pelo comodismo, tem nos levado a isso, e logo abandonamos o Senhor.  Todavia, Jesus mostra para Pedro que só há um Mestre, e é o próprio Jesus, por isso repreende-o duramente: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”. Estas palavras duras de Jesus estão cheias da verdade que o discípulo precisa conhecer, nelas o Senhor mostra para Pedro e para nós qual o lugar que nós deveremos ocupar no seguimento a Jesus. Vejam, esta palavra de Jesus não é somente vai para longe, ou afasta-se, elas indicam submissão, ou ao pé da letra quer dizer: para trás de mim. É como se Jesus estivesse dizendo a Pedro; sai da minha frente, para de ser uma pedra de tropeço querendo me derrubar, podemos ver isto no evangelho de São Mateus, quando neste mesmo evangelho aparece esta expressão: “tu me serve de pedra de tropeço” (Mt 16,23).

O lugar do discípulo é atrás do Mestre, seguindo as pegadas deixadas por Ele, é Ele quem mostra, quem guia no caminho da vida, se somos seus discípulos deveremos entregar a Ele nosso destino, nossa vida já não nos pertence mais. Por isso que Jesus olha para a multidão e para os discípulos e os interroga, para saber se eles estão dispostos a segui-lo, se eles querem trilhar o caminho da paixão: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”.  Sim, seguir a Jesus é primeiro ir após Ele, é este o nosso lugar, depois é preciso morrer, largar nossas pretensões ambiciosas e mesquinhas, a tua prepotência, teu orgulho, tua vaidade, toma a cruz, toma a minha história e siga-me.

Ter fé, crer em Jesus como escutamos na segunda leitura de S. Tiago é ser capaz de entregar a Ele o rumo de nossa vida, não ter medo de carregar a cruz. É a fé que se traduz em obras, ou seja, na vida que confia que Deus é o nosso auxiliador, assim como o Servo da primeira leitura que disse:Sim, o Senhor Deus é meu Auxiliador; quem é que me vai condenar?” (Is 50,9). No caminho de nossas vidas, o Senhor nos diz que o caminho dele é o caminho da cruz. Assim seja!.


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