sábado, 5 de maio de 2012

Morte e ressurreição no Antigo Testamento - I

Diante de uma das grandes questões que tocam a existência humana: para onde vamos? e frente a um mundo que foge da realidade da morte, comos e ela fosse o fim de tudo, queria convosco partilhar uma pequena síntese de um estudo sobre a ESCATOLOGIA ( doutrina das coisas últimas) que tenho feito. espero que vos ajude a compreender melhor a realidade na morte e da Ressurreição


A FÉ NA MORTE E RESSURREIÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO



O presente tema a ser refletido, dista sobre a vida do Indivíduo, da pessoa em sua individualidade, poderíamos falar de uma ESCATOLOGIA INDIVIDUAL, a esperança da consumação da vida de um indivíduo. Deste modo nos concentramos dentro de uma perspectiva escriturística, no Antigo Testamento, com o intuito de observarmos como é concebida a idéia de morte e fé na Ressurreição.

É bom destacar que o Povo santo de Israel, vê a esperança individual unida à esperança coletiva. Isto pode ser entendido a partir da promessa Abraãmica: “farei de ti um grande povo” (Gn 12,2). A vida do indivíduo deverá ser trilhada a partir de dois ideais: poder viver uma relação de comunhão e de vida com o Povo e com Deus. Não é por acaso que o Israel primitivo tinha a sua vida pautada por três pilares: Vida longa, descendência numerosa, ser sepultado em Israel.

Então, a vida significava participação na comunhão com Deus e com o Povo; ao passo que a morte é estar excluído desta comunhão vital. Por isso, que nas Escrituras, a vida e a morte são primeiramente noções teológicas, não biológicas ou mesmo antropológicas. Por isso mesmo, muitos textos escriturísticos insistem, sobretudo, na dimensão de relação/relacionamento, e não primeiramente sobre a idéia antropológica em si, basta que observemos este fragmento escriturístico do Livro do Deuteronômio que nos diz: “Eis que hoje ponho diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a desgraça” (Dt 30,15). Ao falarmos em relação ou relacionamento, recordemo-nos que Israel se entende como povo, a partir de sua relação com Deus, Israel vive para estar unido ao Senhor e único Deus.

Portanto, a vida está ligada, ou melhor, relacionada ao louvor de Deus, de modo que no Antigo Testamento não existe uma idéia clara sobre o estado dos mortos. Fala-se em sheol, hades, mas que não é vida, e sim um estado de enfraquecimento, de debilidade vivido pelo ser humano. Isto implica em dizer que quem vive distante de Deus, sem nenhuma relação para com Ele, verdadeiramente não vive: os mortos não vivem: “Sou trazido às portas do Sheol, pelo resto de meus anos. Eu disse: Já não verei o Senhor na terra dos viventes. Não avistarei mais homem algum entre os habitantes do mundo. Porque o Sheol não pode louvar-te nem a morte te celebrar. Os que descem à cova já não esperam em tua fidelidade. O vivente, apenas o vivente te louva, como eu hoje!” (Is 38,10-11.18-19).

Na verdade estar no Sheol, ou seja, viver a experiência da morte, é estar cortado da comunhão com Deus e com os viventes. Porém, este vazio existente somente é preenchido pela esperança de Israel na fidelidade de Deus: ele é o Senhor de tudo, onipotente e onipresente, é dele e nele que o Novo surge para preencher a vida humana de esperança e de vida: “Aonde irei para estar longe de teu espírito? Aonde fugirei para estar longe de tua face? Se eu escalar os céus, aí estás; se me deitar no abismo, também aí estás” (Sl 139,7).


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