quarta-feira, 14 de março de 2012

A SANTA MISSA: LITURGIA DA PALAVRA

POSTO AQUI MAIS UMA PARTE DE NOSSA FORMAÇÃO QUINZENAL AQUI NA PARÓQUIA, ESTAMOS ESTUDANDO A CELEBRAÇÃO DA SANTA MISSA, ESPERO QUE ESTE CONTEÚDO VOS AJUDE A AMAR E A VIVER MELHOR O SACRIFÍCIO EUCARISTICO

Antes de nos debruçarmos sobre a estrutura que a missa possui, convém ainda fazermos algumas observações a cerca da natureza da Santa Missa. Vejam que no último ponto do encontro passado nós terminamos dizendo que a missa possui um caráter sacrificial, ou seja, em sua essência ela é SACRIFÍCIO (sacrifício eucarístico do corpo e do Sangue de Cristo, que ele instituiu na última ceia para perpetuar o seu sacrifício na cruz). Por isso, o que nós celebramos, ou a Celebração Eucarística, não se trata de outro sacrifício, mas do mesmo e único realizado por Cristo.

Digo o mesmo e único sacrifício, porque, ele ainda é oferecido hoje, só que de forma sacramental, ele é memorial, não no sentido de algo passado, de uma mera recordação, mas no próprio sentido bíblico: Zikaron, ou seja, re-presenta (tornar presente). Então, a missa não é repetição, porque foi um único sacrifício, uma vez por todas; e não é renovação porque ele não se renova, pois não envelheceu e nem ficou caduca.

Faço esta explanação para que assim combatamos a teologia protestante nascida com Lutero que diz: “a missa não sacrifício, pois na última ceia Jesus deixou um testamento e um sinal da promessa feita por Deus de perdoar os nossos pecados assinada por Cristo, esta promessa foi acompanhada dos sinais do pão e do vinho que suscitam a fé”. Para eles, Cristo nos teria deixado só a sua ceia, porque, Ele não tinha necessidade de estabelecer outro sacrifício, este foi feito uma vez por todas na cruz, derramando o seu sangue. Por isso a Eucaristia seria outro sacrifício acrescentado ao da cruz, os católicos estariam menosprezando o único sacrifício. Então, para os protestantes a missa seria apenas a comemoração do sacrifício de Cristo na cruz e que não tem caráter expiatório, é só agradecimento  pelos pecados já perdoados.

Esta heresia protestante infelizmente adentrou em alguns espaços de nossa Igreja, quando muitos querem estabelecer a natureza da celebração eucarística só enquanto Ceia, ou seja, Banquete, espaço de comunhão fraterna entre irmãos, uma refeição comunitária, onde todos estão reunidos em nome de Cristo. Deveremos pensar catolicamente, a Missa é banquete, é ceia, sim! Todavia, é também, e, sobretudo, sacrifício, a Eucaristia é a celebração de um acontecimento pascal: o sacrifício de Cristo na cruz, é presença real do Cristo que se ofereceu na cruz para a nossa salvação.

Dadas as devidas observações, adentremos no tempo de nosso encontro, iniciaremos hoje, o estudo da estrutura da missa, bem sabemos que ela se divide em duas partes que estão intimamente unidas: LITURGIA DA PALAVRA E LITURGIA EUCARISTICA. Farei uso da Instrução Geral do Missal Romano promulgada pelo Beato Papa João Paulo II, no ano de 2002.



A MISSA: LITURGIA DA PALAVRA[1]



A Missa consta, por assim dizer, de duas partes, a saber, a liturgia da palavra e a liturgia eucarística, tão intimamente unidas entre si, que constituem um só ato de culto. De fato, na Missa se prepara tanto a mesa da Palavra de Deus como a do Corpo de Cristo, para ensinar e alimentar os fiéis. Há também alguns ritos que abrem e encerram a celebração.



ESTRUTURA DA CELEBRAÇÃO DA SANTA MISSA (liturgia da Palavra – liturgia Eucarística)

               

Desde o período dos apóstolos, a celebração da Eucaristia possuía uma estrutura, no início a Eucaristia era celebrada nas casas e se chamava: “fração do Pão” ( At 2,42) depois de uma refeição comum (ágape), se liam os textos do AT, o presidente fazia uma Homilia, depois pronunciava a benção de ação de graças sobre o pão e o vinho, em memória do que o Senhor  fez na última ceia, e depois os distribuía. No final da era apostólica, no tempo das perseguições aos cristãos, que por sinal tinha aumentado o seu número; os cristãos celebravam a Eucaristia na madrugada do Domingo. Na noite do sábado para o domingo os cristãos se reuniam. Cantava-se, liam-se textos da Escritura (AT) e as memórias dos Apóstolos (NT). Entre uma leitura e outra, aquele que presidia explicava os textos sagrados, relacionando tudo com Cristo. Quando o sol começava a despontar, aquele que presidia pronunciava a eucaristia (=a ação de graças) sobre o pão e o vinho. Depois todos comungavam e os diáconos levavam as espécies consagradas aos que não puderam participar. Sendo de origem apostólica, a estrutura da Eucaristia não pode ser mudada nem mesmo pela Igreja: tem de ter a liturgia da Palavra e a liturgia eucarística. 



-A Missa poderia começar logo com a preparação das oferendas e or. Eucarística, no entanto como vimos desde a igreja primitiva se começa com a liturgia da Palavra com a intenção de preparar e criar um atmosfera de fé, antes que o Mistério Admirável da Fé se realize.



I - LITURGIA DA PALAVRA         

» procissão de Entrada (Ingresso no espaço sagrado, no céu; é sair do espaço terrestre para entrar na eternidade, no coração de Deus, formamos um só Corpo e nos apresentamos em assembleia santa para as núpcias do Cordeiro,é a esposa que caminha e aguarda a vinda do Esposo (Ap 22,17), é o caminho de oração (cântico) para nos apresentarmos diante da majestade divina).

» acolhida (Sinal da Cruz = Sinal de nossa fé, rezaremos ao Pai, pelo Filho, no Espírito, imprimiremos em nós o mistério da páscoa)

» ato penitencial (Súplica e reconhecimento da Misericórdia de Deus= Kyrie Eleison = “Senhor, vós sois piedade” ou “Senhor, nós proclamamos a vossa misericórdia”. É também, o reconhecimento de nossa impureza e indignidade).

» glória (Hino angélico no qual a Igreja congregada no Espírito glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro).

» coleta (a Igreja em silêncio eleva as suas intenções ao Pai, pelo Filho no Espírito Santo)

» I leitura

» salmo           os tesouros da Sagrada Escritura nos são abertos, os dois testamentos estão unidos.

» II leitura

» aleluia (aclamamos em pé o Senhor Jesus que vai nos falar, a Boa-Nova da Salvação)

» evangelho (ponto culminante da Liturgia da Palavra: A Palavra de Deus, o Senhor Jesus que nos fala)

» homilia (explicação, explanação da palavra de Deus como alimento de fé para a vida cristã)

» credo (resposta de fé ao que foi anunciado, professamos os mistérios de nossa fé)

» oração dos fiéis (apresentamos a Deus as preces pela salvação de todos)

              

  II - LITURGIA EUCARÍSTICA  (Coração, o centro e o cume da Celebração: cumprimento do mandato de Cristo na última ceia)  

» apresentação das ofertas ≠ procissão as ofertas ou preparação das oferendas.

» oração sobre as oferendas (suplicamos a Deus que ele acolha os nossos dons e nos torne participantes dos seus mistérios)

                               ORAÇÃO EUCARÍSTICA (pela oração, elevamos a Deus um sacrifício de louvor (Hb 13,15))              

» prefácio (somos chamados a elevar os nossos corações ao alto e Glorificarmos a Deus pelas maravilhas que Ele realizou na história, sobretudo, a Grande Maravilha da Salvação: entrega de seu Filho Unigênito)

» Sanctus (Neste hino proclamamos: a Santidade de Deus; a sua majestade manifestada na criação, e a sua auto-doação a nós: Bendito o que vem)

» epiclese (invocação do Espírito Santo sobre os dons do Pão e do Vinho, para que sejam transubstanciados no Corpo e Sangue de Cristo)

»Narrativa da Instituição (mediante palavras e gestos de Cristo realiza-se o sacrifício que ele instituiu na última ceia, dando-nos o seu corpo e sangue nas espécies do pão e do vinho)

» anámnese (memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, obediência ao mandato de Cristo)

» intercessões (Eucaristia celebrada em comunhão com toda a Igreja)

» “Por Cristo”= doxologia (louvor que exprime a honra e a glória que se eleva a Deus Pai, através de Cristo Sumo e Eterno Sacerdote, no Espírito pelo dom redentor da salvação humana).

                               RITO DA COMUNHÃO (banquete pascal = nele os Filhos de Deus devidamente preparados recebem o alimento que os sustenta na caminhada: o Corpo e Sangue de Cristo)

» Pai-nosso (oração dos filhos de Deus)

» rito da paz (é a partilha da paz que só o príncipe da paz, Cristo pode nos dar, assim como o vínculo de unidade e amor)

» fração do Pão (Cordeiro Imolado, o seu corpo partido e entregue, sendo muitos nos tornamos um só Corpo com Cristo)

» comunhão da assembleia (nos alimentamos da Vida de Deus, nos tornamos quem recebemos

» silêncio sagrado (reconhecimento de que somos templos vivos de Deus e a nossa ação de graças pelo dom maravilhoso que nos foi concedido)

» oração após a comunhão (rogamos a Deus que a Eucaristia nos conforme ao seu Filho Jesus)

                               RITOS FINAIS:                  

» eventuais avisos

» bênção (benção que desce sobre a assembléia como dom gratuito do amor de Deus)

» despedida = “Ite Missa est” – a Missão de anunciar a paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus, o que celebramos.









[1] Para este estudo fiz uso das seguintes referências: JUNGMANN, J. MISSARUM SOLEMNIA; BIANCHI, Enzo. Presbíteros Palavra e Liturgia; AQUINO, Felipe. Para Entender e celebrar a Liturgia. BECKHAUSER, Alberto. Novas mudanças na missa. MARSILI, Salvatore. Sinais do Mistério de Cristo. Instrução Geral do Missão Romano.

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