sábado, 31 de dezembro de 2011

BENDITA E GRANDE MÃE DE DEUS

Neste primeiro dia do ano, a santa liturgia católica celebra a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, nossos corações se voltam para Filha de Sião que foi escolhida para ser a mãe do Salvador, por ela nos foi dada a Salvação, porque de seu seio, qual terra nova e boa, nos foi concedido, Jesus, o Deus Salvador.
“Desponta um sol mais fecundo, da morte funde os grilhões. Maria traz Deus ao mundo, vinde adorá-lo nações”.

É costume no oriente prestar honras a uma mulher que se tornou mãe, um dia depois do parto, de modo que nossos irmãos orientais celebram um dia após o Natal, a festa da Congratulação de Maria, prestam louvores àquela bendita mãe que trouxe o Filho de Deus ao mundo em nossa carne. No ocidente, é costume da Igreja de Roma, celebrar a congratulação à Maria, oito dias depois da Solenidade do Natal, culminando a oitava festiva do nascimento de Jesus. Nossos corações, nossas vidas se alegremente, cantam as glórias e os louvores, tal como os pastores acorremos à Belém de hoje e nos voltamos para manjedoura com o menino envolto em faixas, para prestar honra a Ele, Deus pequenino e à sua Mãe.
A antífona da missa de hoje nos diz: “Salve ó Virgem Mãe de Deus, vós destes à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos”. Não é por acaso que a Liturgia mais uma vez nos faz experimentar de novo a alegria do nascimento de Jesus, nós contemplamos o menino de Belém, este pequenino, tão frágil, humilde, simples, mas ali na manjedoura vemos o Deus forte e admirável, ele é o Rei, o soberano que veio reger o mundo com amor, justiça, equidade e paz. Por isso que hoje a Igreja contempla aquela que deu à luz a este menino (Deus feito homem), como a Grande Mãe de Deus, não que ele seja mãe de Deus Pai, e nem do Espírito Santo como se fosse mãe da Natureza divina, seria uma heresia pensar assim; Maria é Mãe de Deus, é a Teothokos, porque gerou em seu seio fecundado pelo Espírito Santo, qual terra fértil, Deus feito homem, nela Deus assumiu a nossa natureza, nossa pobre condição; a esta verdade nos fala a segunda leitura da missa, diz-nos a carta de S. Paulo aos Gálatas: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4). O Filho enviado, é o Verbo de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, veio a nós por meio da Mulher, que foi tantas vezes prefigurada no Antigo Testamento, sinal da Virgem Maria, pois bem, tudo aquilo que o Filho é em sua humanidade, ele recebeu de Maria, sua Mãe.
Maria a escolhida por Deus, preservada de toda imundície do pecado, na plenitude do Tempos gerou humanamente o Filho de Deus, o Salvador; é admirável contemplarmos a virgindade de Maria, podemos ver isto por meio da antífona de um dos salmos das primeiras vésperas desta solenidade, assim  canta a Liturgia a cerca desta verdade de fé: “Como a sarça, que Moisés viu arder sem se queimar, assim intacta é a vossa admirável virgindade. Maria, Mãe de Deus, por nós intercedei”. O salvador nasceu desta terra nova e fértil, que permaneceu virgem antes, durante e após o parto. Deus não violou a natureza de Maria, mas a cumulou de graças, Maria é toda de Deus em corpo e alma. Ainda continua a divina liturgia a cantar louvores à Virgindade de Maria: “Eis do Senhor a porta aberta, de toda a graça portadora. Passou o rei, e permanece fechada, como sempre fora”. Aqui vemos explicita a virgindade perene de Maria, o seio de Maria é esta porta que se abriu para receber o Rei e Senhor da história, por ela ele passou, e ela se fechou como sempre esteve, abriu-se só e unicamente para que o Rei da glória pudesse entrar.
No sim de Maria, sua livre aceitação de ser Mãe do salvador, vemos despontar a aurora de um novo tempo para a humanidade que andava nas trevas, o sim da Virgem Filha de Sião, traz ao mundo a salvação, traz ao mundo as bênçãos que vem de Deus, rompem-se as trevas do mal, a maldição que reinava em virtude do pecado de Adão e Eva, foi eliminada de uma vez por todas, pelas bênçãos trazidas pelo nascimento do Salvador, por isso que a primeira Leitura retirada do Livro dos números nos mostra a benção Araaônica destina aos Filhos de Israel, mas que agora é concedida ao Novo Israel, a cada um de nós: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” (Nm 6,24-26).
Verdadeiramente, por meio de Maria toda a sorte de graças e bênçãos nos foram dadas, sobretudo, fomos resgatados e libertos da lei prisioneira do pecado, que nos afugentava, e nos foi concedida a graça de sermos Filhos adotivos, no Filho Jesus, assim nos diz S. Paulo:  “Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá ó Pai! Assim, já não és escravo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro: tudo isso por graça de Deus” (Gl 4, 4-7). Todavia, ainda algo mais nos foi concedido, este menino que foi concebido pelo Espírito no seio da Virgem, é o príncipe da paz, o Salvador que veio reger o mundo com justiça, equidade e paz. Podemos perceber esta verdade por meio do final do Evangelho de hoje: “Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus” (Lc 2,21).
Este menino nasceu sujeito à lei, e a lei prescrevia que no oitavo dia, toda criança do sexo masculino fosse circuncidado, ou seja, recebia a marca do povo eleito, Jesus era judeu, sinal de sua divindade que se une a nossa humanidade. O Nome que foi dado ao menino, revela sua identidade, sua missão e nossa alegria. O Nome que foi dado ao menino é Jesus = “Deus Salva”. Ele é Deus, o Senhor do universo, por isso que os magos saem do oriente para lhe oferecer os presentes ao Rei soberano, mas repito, o reinado de Deus é de amor e paz, Maria deu à luz ao príncipe da paz. Por isso que por meio de Paulo VI num pedida a ONU se celebra o dia 1 de janeiro, como dia mundial da paz, não por acaso, mas porque, pelo Sim de Maria o mundo encontrou de novo à paz verdadeira.
 A missão do menino seria a de salvar a humanidade de suas misérias e fraquezas, de conduzi-la ao Reino de seu Deus e Pai, veio para enxugar nosso pranto e nos dar a alegria sem fim. Por isso que em Jesus nós encontramos também a nossa alegria, somente ele nos conduz às verdes pastagens da vida, só ele pode nos mostrar o caminho que deveremos seguir, só ele nos conhece por inteiro, conhece a verdade de nosso ser e de nosso viver.
A certeza de nossa alegria é sabermos que Ele é o Emanuel- o Deus conosco, ele veio em nossa carne para caminharmos juntos, para partilharmos as alegrias e sofrimentos, vitórias e derrotas, perdas e conquistas, enfim, Ele veio para nos conduzir ao Céu. Certamente este novo ano que desponta para nós não será somente de alegrias, mas também de tristezas, mas quem põe em Deus a sua confiança, não é desamparado, quem Nele crer não é decepcionado, porque no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção. Que assim seja!



   


Nenhum comentário:

Postar um comentário