sábado, 17 de dezembro de 2011

Meditação do Evangelho do 4º Domingo do Advento (Sem. Danilo Santos)

A santa Liturgia deste 4º domingo do advento nos insere na Semana Santa do Natal que vai do dia 17 ao dia 23 de dezembro, neste período a Igreja mergulhará no advento natalício, ou seja, na manifestação do Verbo de Deus em nossa carne, o mistério do seu santo nascimento. A Santa Mãe Igreja durante esta semana irá suspirar ansiosa e ardorosamente pela vinda do Messias que está para chegar.

Pois bem, neste domingo voltamos nossos corações  duas realidades que estão intimamente ligadas: Casa (templo) e Casa (dinastia). Entendamos estas duas realidades, na primeira leitura do Livro de Samuel, vemos o desejo do Rei Davi, de edificar para Deus uma casa, uma digna habitação, uma vez que a arca se encontrava embaixo e uma tenda. Davi queria dar ao povo um lugar para que ele pudesse cultuar a Deus. Entretanto, não era Davi quem deveria edificar o templo, mas sim, o próprio Deus; assim diz o Senhor:Porventura és tu que construirás uma casa para eu habitar?... Vou preparar um lugar para o meu povo, Israel: eu o implantarei, de modo que possa morar lá sem jamais ser inquietado” (2Sm 7,5.10). O desejo de Davi seria realizado não por ele, mas, pelo próprio Deus, uma vez que ele não habita num santuário construído por mãos humanas. Só que o importante aqui é que o Senhor Deus, não iria somente construir uma casa, enquanto Templo, mas, sobretudo, uma casa enquanto dinastia, reinado, descendência, essa era a grande casa que Deus deixaria para Davi e toda a ração de Israel, e também para todas as nações.

Em diversos momentos da história, a descendência de Davi parecia que iria ser exterminada, mas Deus que é fiel a salvou das mãos dos inimigos, porque ele tinha um desígnio de salvação a manifestar sobre ela; a sua aliança com a casa de Davi não poderia ser rompida, por isso nos diz o salmista: “Eu firmei uma Aliança com meu servo, meu eleito,/ e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor./ Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem,/ de geração em geração garantirei o teu reinado!” (Sl 88). A aliança do Senhor revela o seu grande amor, sinal de sua fidelidade para conosco, por isso que, deveria ser o próprio Deus a edificar a sua casa no meio das nações, a dinastia davídica não poderia terminar, é dela que Deus suscitará a seu Filho, o Rei, o Messias. Por isso que nos dizia ainda a primeira leitura sobre a grande promessa que Deus fez a Davi, mas que repito toca também ao povo de Israel, e sobretudo, a todas as nações, ei-la: “suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho”. (2Sm 7,14). É claro que num primeiro momento, se pode pensar no Filho de Davi nascido de sua carne, ou seja, Salomão, todavia, esta profecia se refere a alguém que é maior que Salomão, e que ao mesmo tempo é o verdadeiro Salomão, ou seja, o Rei da Paz, é o Messias, o Descendente de Davi, o rebento de sua estirpe, Jesus, o verdadeiro Rei de Israel, o Filho de Davi.

O Evangelho de S. Lucas nos aponta para esta grande dádiva de Deus, vemos o relato do anúncio do anjo à Virgem Maria, concluiu-se o tempo do reinado de Davi, agora na extremidade dos tempos, Deus manifesta o seu desígnio de salvação ao escolher uma pobre mulher da pequenina Nazaré, terra pobre e humilde, da qual surgirá o Rei que dominará com humildade e mansidão toda a terra, é dela que o mistério de salvação escondido a séculos, desde toda eternidade, será manifestado (Rm 16, 25.26).
A Virgem Maria estava prometida em casamento com um varão chamado José que era descendente de Davi. Eis o ponto exato que nos faz perceber em Jesus o cumprimento da promessa de Deus a Davi. É em virtude de seu Pai, José que Jesus torna-se descendente de Davi, é ele o Filho que garantirá o reinado, o Rei eterno e soberano. Filho não somente de Davi, mas, sobretudo, Filho do Altíssimo. É em Maria que esta promessa irá se cumprir, Deus a escolheu entre todas as mulheres da terra, cumulou-a plenamente de graça, antes mesmo da encarnação, quando fez dela imaculada, toda pura e toda santa por isso o anjo a saudou: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28). Maria é a casa, o Templo de Deus, onde ele irá habitar, onde o Verbo Divino será gerado humanamente na força do Espírito Santo, por isso, o próprio Deus a reveste com sua graça, tornando-a um Templo santo, uma morada digna. Deveras é Deus quem edifica a sua própria casa, sua morada e sua descendência.

Portanto, o Filho que nascerá do seio virgem de Maria é Jesus, o Filho do Altíssimo, o rei que estará eternamente sentado no trono de Davi para reger com justiça, paz e equidade, Reinará eternamente, e seu reino não terá fim. É verdade que a princípio Maria não compreendeu como se daria tão grande graça em sua vida, não é por virtude ou méritos próprios da Virgem filha de sião, mas por meio de Deus, pois é Ele que realiza a suas promessas, mas é bem verdade que ele sempre se utiliza dos seres humanos, não força a liberdade, assim nos dizia o evangelho:  “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus” (Lc 1,35).

Logo, Maria compreendeu a grande missão para a qual ela foi chamada, por isso numa entrega total, na obediência da fé (Rm 16,26), respondeu sim ao Anjo, a Deus e a humanidade: “Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38). O Sim que revela o grande mistério de salvação da humanidade escondido em sigilo desde toda a eternidade; toda a humanidade suspirava esperando ansiosamente, este sim, é o Fiat da nova criação, da restauração da humanidade, é como rezamos no ofício da imaculada: “Deus vos salve relógio que andando atrasado serviu de sinal  ao Verbo Encarnado”.  A ele, o único Deus, o sábio, por meio de Jesus Cristo, a glória, pelos séculos dos séculos. Amém! (Rm 16,27).




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