LITURGIA[1]
Liturgia feita pela palavra e opinião do homem, baseia-se em areia, e ainda que o homem a guarneça com grandes obras artísticas, ela sempre permanecerá fútil (cardeal Joseph Ratzinger – Intr. Espírito da liturgia)
Uma pergunta inicial deverá ser feita: Por que refletirmos sobre a liturgia? Qual a sua importância para nós? A resposta é simples, porque a Liturgia é a vida da Igreja, diz-nos o Catecismo: “A Liturgia é o ápice para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo é a fonte donde emana a sua força”[2]. Nela nós celebramos os mistérios de nossa salvação e redenção, tendo o seu ápice no Mistério da Páscoa de Cristo, “que morrendo destruiu a morte e ressurgindo deu-nos a vida”[3], o Senhor nos deu a vida em plenitude. De modo que quando a Igreja celebra a Eucaristia que é memorial do Sacrifício de Cristo, ela recebe esta vida plena que brota do Pai, pelo Filho, no Espírito Santo; nos são dadas as bênçãos espirituais vindas de Deus, é a vida que renova o mundo, que redime o pecado e transfigura a nossa vida, que faz-nos experimentar a eternidade. Com isto nós já compreendemos que a Liturgia não é algo humano, mas, é Obra da Santíssima Trindade. Por isso que a Liturgia é importante para a vida da Igreja. Sem ela não haveria Igreja, existiria uma ONG, uma associação que iria se reunir tendo como função: recordar a Pessoa de Jesus de Nazaré. Na liturgia, a Palavra de Deus é atual, Cristo está vivo em nosso meio, podemos participar de sua páscoa e comungar as delícias do céu.
Muitos acham bobagem, se preocupar com a Liturgia, com cerimônia, com rito, com ornamentações, seria uma fuga da realidade, seria um preocupar-se com coisas externas. Pensar assim é por em jogo a essência do Cristianismo, a alma da religião cristã, da fé cristã. Aqui não se trata de gostar ou não gostar da Liturgia. Trata-se de penetrar no Mistério de nossa Salvação, pois Conhecer a Liturgia é conhecer a Cristo e tudo aquilo que ele fez e ensinou.
Por isso, para bem entendermos o que é a Liturgia, vamos defini-la: primeiro no seu caráter histórico e etimológico ela “é o serviço da parte do povo em favor do povo”. Na Tradição cristã ela quer significar que “o Povo de Deus toma parte na Obra de Deus”. Vamos entender melhor isto:
A Liturgia é o exercício do serviço sacerdotal de Jesus Cristo, no qual mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo particular a cada sinal, realizada a santificação do homem, e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, cabeça e membros[4]
Destrinchemos esta definição: primeiro, a Liturgia não é ação humana, não é produto nosso, mas é ação de Cristo, e se é ação de Cristo, ela se dá no Espírito, e é para a glória de Deus Pai, porque Cristo vive para fazer a vontade do Pai, para glorifica-lo, e como a glória de Deus é o homem vivo, assim sendo, a liturgia é para a santificação da humanidade, e ela se dá por meio de sinais sensíveis: Pão, vinho, água, fogo. Portanto, a Liturgia é ação de Cristo, Cabeça e de todo o Corpo. Pelo Batismo o Senhor derramou sobre nós o seu Espírito, “fez de nós um reino de sacerdotes”; e, por conseguinte, fomos inseridos no seu Corpo, somos um com Cristo, Ele é a cabeça, nós somos os membros, Cristo e a Igreja formam o “Cristo Total” que unidos se oferecem em sacrifício ao Pai na força do Espírito Eterno.
Por isso deveremos compreender que a Liturgia é a Vida da Igreja, é a alma da Religião Cristã é uma ação sagrada por excelência, nada a pode igualar.
[1] Para este curso fiz uso das seguintes bibliografias: Joseph Ratzinger. Introdução ao Espírito da Liturgia. Catecismo da Igreja católica. Salvatore Marsili. Sinais do Mistério de Cristo. Documentos do Concílio vaticano II. J.A Jungmann. Missarum Sollemnia.
[2] CIC 1074.
[3] Missal romano. prefácio pascal.
[4] SC 7
Nenhum comentário:
Postar um comentário