quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A MISSA CELEBRAÇÃO DO MEMORIAL DA PÁSCOA DE CRISTO

CAROS AMIGOS, AQUI POSTO O MATERIAL DE NOSSO SEGUNDO ENCONTRO DA ESCOLA DA FÉ QUE ESTAMOS REALIZANDO AQUI EM NOSSA PARÓQUIA, ESPERO QUE VOS AJUDE NO CONHECIMENTO DOS DIVINOS MISTÉRIOS


 A MISSA



“O que acontece sobre o altar, é principalmente a memória da paixão do Senhor, representada na fração da espécie do pão, na distribuição aos fiéis, na entrega do cálice na qual o sangue do Senhor é derramado...A Missa é uma celebração dedicada a memória de Cristo, não se trata simplesmente da lembrança de sua pessoa, mas da memória de sua obra” (Livro Missarum Sollemnia p. 192-193)




A celebração da santa Missa adentrou no mundo na noite da traição de Judas na Véspera de sua Paixão, na Última Ceia. Mas antes de nos debruçarmos sobre este mistério, é Importante observarmos que a última ceia se deu no quadro de uma ceia pascal judaica (Ex 12), na qual o povo santo de Israel celebrava o memorial de sua Libertação do cativeiro do Egito, da terra do pecado e da idolatria, e sua caminhada rumo à terra prometida, nesta ceia pascal judaica se comia os pães ázimos (pão sem fermento) e, sobretudo, o Cordeiro Pascal que era sacrificado, este rito deveria ser perpetuado de geração em geração, deveras como instituição perpétua, sinal da aliança de Deus com o seu Povo.  De modo que é recordando este precioso evento que Israel renasce sempre de novo e encontra a sua identidade de Povo de Deus. Vale lembrar que a páscoa dos judeus engloba três realidades: passado (libertação do Egito), presente (renovação ritual do evento antigo: toma-se consciência de seu o Povo de Deus) e futuro (futura libertação de todo o povo no fim último da vida).

Foi justamente neste quadro da Páscoa antiga que o Senhor Jesus sabendo que iria morrer e não mais poderia comer a Páscoa, convidou os seus discípulos para a Última ceia, nela doou algo novo, isto é, deu-se a si mesmo como verdadeiro Cordeiro Pascal, instituindo a Nova Páscoa, ou melhor, a sua páscoa. Veja como se deu esta oferta de si: ele (Jesus) tomou o Pão deu graças e o partiu e o deu aos seus discípulos dizendo: Tomai todos e comei, isto é o meu Corpo que será entregue por vós; depois tomou o cálice e o deu aos seus discípulos dizendo: Tomai todos e bebei, este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós.

Nesta hora, o Senhor Jesus instituiu o sacramento admirável da Eucaristia, Mistério excelso da fé, a sombra deu lugar a realidade, como cantamos num antigo cântico eucarístico: o Antigo Testamento deu ao Novo o seu Lugar, pois bem, Cristo antes de padecer o sofrimento da cruz, ele ofertou como testamento de amor e salvação, o seu sacrifício, impregnou a sua paixão redentora nas espécies do pão e do vinho, como memorial de sua paixão sanguinolenta, ou seja, de seu sacrifício na ara da cruz. Ele antecipou este sacrifício, estabelecendo um novo Rito, de modo que será na Cruz que o veremos como o Verdadeiro e Definitivo Cordeiro Pascal Imolado, é pelo seu sacrifício na Cruz, ofertando o seu corpo como vítima imaculada, derramando todo o seu sangue pela salvação do mundo, que Ele liberta toda a humanidade do cativeiro do pecado; Ele é o cordeiro que dá vida ao mundo, que não teve “nenhum dos ossos quebrados” ( Ex 12,46); também este novo rito é de instituição perpétua, pois assim o Senhor ordenou: “fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19). Seu sacrifício “foi oferecido uma vez por todas” (Hb 9,26), não precisando ser repetido anualmente como o sacrifício antigo. No sacrifício de Cristo na cruz está estabelecida a nova e eterna aliança, de modo que sempre que os filhos de Deus, o Novo Povo de Deus se reunir para celebrar este divino mistério, é o momento onde ele renasce sempre de novo.

O Senhor Jesus encerrou a instituição da eucaristia com o mandamento: “Fazei isto em memória de mim”, Ele confiou aos seus a ordem de tornar presente em todos os séculos este mesmo rito, de modo que, este sacramento, será para todos os tempos o sacrifício da Igreja, Esposa de Cristo. Mas podemos nos perguntar: Como é que os apóstolos, e como é que a Igreja primitiva realizou este mandato? Vamos ver de forma breve como este mandato foi cumprido fielmente e de forma ininterrupta pela Tradição da Igreja desde a era apostólica:

-    vejamos, que   no início a Eucaristia era celebrada pelas casas e chamava-se «fração do pão». Primeiro fazia-se uma refeição em comum chamada «ágape». Rezava-se e lia-se um texto do AT; o presidente fazia uma homilia. No final, o presidente da celebração pronunciava a bênção de ação de graças (eucaristia) sobre o pão e o vinho em memorial do que o Senhor fez. Tal modo de celebrar desapareceu cedo devido aos abusos: uns iam só para comer, enquanto outros passavam fome (cf. 1Cor 11,17-34). 

-é bom destacar que não era uma refeição qualquer, mas uma refeição na qual a assembleia se reunia em oração, para proclamar a morte de Cristo e fazer memória, não como mera recordação, mas como tornar presente o evento.

-   Ainda no final da época apostólica já aparecia claramente na celebração eucarística as duas parte essenciais: a Liturgia da Palavra, na qual se recordava as maravilhas de Deus, cumpridas na missão e na Páscoa de Cristo e a Liturgia Eucarística, na qual tudo quanto foi anunciado tornava-se presente ao tornar-se presente a Páscoa do Senhor no pão e no vinho. Lc 24,13-35 é um exemplo disso: esta passagem é uma catequese sobre a Eucaristia: os discípulos tristes no caminho escutam a Palavra do Senhor que lhes explica as Escrituras a seu respeito; depois partem o pão. E na Palavra e no Pão partido reconhecem o Senhor

-   Devido a esse gesto de «dar graças» a celebração vai cada vez mais sendo chamada Eucaristia. No fim da era apostólica, com o início das perseguições e o aumento do número de cristãos, celebrava-se a Eucaristia na madrugada do Domingo (dies Domini = dia do Senhor). Na noite do sábado para o domingo os cristãos se reuniam. Cantava-se, liam-se textos da Escritura (AT) e as memórias dos Apóstolos (NT). Entre uma leitura e outra, aquele que presidia explicava os textos sagrados, relacionando tudo com Cristo. Quando o sol começava a despontar, aquele que presidia pronunciava a eucaristia (=a ação de graças) sobre o pão e o vinho. Depois todos comungavam e os diáconos levavam as espécies consagradas aos que não puderam participar. As pessoas traziam também donativos para os pobres; estes donativos eram recebidos pelo que presidia e entregue aos diáconos, que os distribuíam.

Em Roma, a Eucaristia era celebrada nas catacumbas, pois os pagãos tinham medo de entrar aí pela noite. Em geral celebrava-se sobre o túmulo de um mártir, pois este, derramando seu sangue, uniu-se ao sacrifício de Cristo, tornando-se uma eucaristia viva. Daí vem o costume de colocar sempre dentro do altar relíquias de mártires ou de outros santos. 

-  Com a liberdade da Igreja, a Eucaristia começou a ser celebrada nos templos e passou a ter uma maior solenidade: o presidente agora usava paramentos e as palavras a serem pronunciadas passaram a ser fixadas no missal. Na Idade Média começou-se a chamar a Eucaristia de Missa. Esta palavra vem do latim missio, que significa missão; ou seja, celebrar a Eucaristia é cumprir a missão que o Senhor nos confiou até que ele volte e, ao mesmo tempo, anunciá-lo ao mundo. 

Portanto, de forma conclusiva podemos definir a missa como celebração do Mistério Pascal de Cristo, a partir de duas características: Sacrifício e banquete, ela é a Continuação daquilo que Cristo fez na última ceia e perpetuação, no sentido de tornar presente o mesmíssimo sacrifício de Cristo na Cruz, agora de forma incruenta, deste modo deveremos entender que a Missa é Ceia e Cruz ao mesmo tempo.




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