sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A DIVINA LITURGIA

A Liturgia é o lugar da manifestação de Deus, nos gestos, nas palavras, nos ritos é Jesus que se revela, Deus vem a nós, e revela quem Ele é, e quem nós somos, de modo que na Liturgia nós pudemos experimentar sempre de novo a vida de Deus, seu amor, sua santidade, sua onipotência.

Na Liturgia a Igreja entende que ela não vive para si mesma, mas para a glória de Deus, nada é dela em absoluto, Tudo é de Deus, nela a Igreja é uma simples serva, é uma mendiga rica, tem tudo, mas nada daquilo que tem é seu. Nós recebemos de Deus o meio eficaz de adentramos em união com Ele, é Ele que nos mostra como deve ser adorado. Poderemos entender tudo isto tomando como  exemplo o texto Escriturístico do Livro do êxodo que nos mostra o povo santo de Israel, na sua saída do exílio, no êxodo rumo à terra prometida, conduzido por Moisés. Vejamos, que a finalidade era chegar à terra de Canaã, a Terra prometida por Deus, mas será que este caminho seria vazio de sentido? Não! E é justamente neste ponto que se esconde a finalidade verdadeira do êxodo, o povo deveria caminhar até Canaã para lá prestar Culto a Deus, a terra seria oferecida por Deus como o lugar onde o povo deveria prestar culto a ele.

Pois bem, entremos na história: Deus envia Moisés e Aarão ao faraó para fazer um pedido: “Deixa partir meu povo! Para que me sirva no deserto” (Ex 7,16), a este pedido o faraó a princípio quer que eles prestem culto no Egito (Ex 8,21), depois em virtude dos flagelos, alarga esta sua oferta e os deixa ir ao deserto, só que somente os homens, as mulheres, crianças e o gado deveriam ficar. Só que Moisés não pode restringir o modo do culto a partir de questões políticas, ele deve apenas cumprir o que Deus lhe ordena, por isso que na terceira oferta do faraó, de ficar somente o gado, Moisés replica: “enquanto lá não chegarmos, não sabemos quais serão as vítimas que ofereceremos ao Senhor” (Ex 10,26). O único objetivo disto tudo é a adoração a Deus a partir da medida que o próprio Deus estabeleceu. Quando o povo chega ao Sinai, encontra Deus e como deverá adorá-lo ( Deus conclui a aliança com Moisés e proclama a sua vontade nas dez palavras santas. Cf. Ex 19, 16.20; 20,1-17; 24). Com isso Israel aprende a adorar Deus da maneira como lhe foi exigida pelo próprio Deus.

Disto nós tiramos algumas conclusões para nosso tema. Primeiro, o homem é um ser religioso, vive a procura de Deus, só que ele sozinho não consegue por si mesmo criar um culto fácil e verdadeiro, porque sem Deus se revelar, este culto será sempre insignificante, sem Deus se revelar o homem constrói altares a um “Deus desconhecido” (At 17,23), ele cria meios de alcançar a Deus, mas são todos fúteis e inúteis. Portanto, “a verdadeira Liturgia no dizer do cardeal Ratzinger: pressupõe que Deus se revele e exponha o modo de ser adorado, se assim não for ela será pura ‘criatividade’, fruto de nossa fantasia”. E consequentemente, uma liturgia que se torna obra humana, ela abandona Deus, e o disfarça em baixo de um véu de sacralidade, e por fim, ela não passa de uma frustração, de um vazio, na verdade o que acontece é uma autocelebração de si mesmo.

Basta pensarmos, de novo no Povo de Israel, recordemos o Bezerro de ouro, a princípio a intenção era de adorar a Deus, mas o que aconteceu, o povo não aguentou o esconder-se de Deus, sinal de seu mistério inacessível, fizeram uma imagem de Deus, puxaram-no de cima para baixo, e a consequência foi um culto em torno de si mesmo, representado pela dança ao redor do bezerro, Deus que se adequou ao modo humano, e a consequência foi um culto idolátrico, onde é o homem que produz o seu Deus e a forma de se entrar em contato com ele.

Por isso que na liturgia, não se há espaço para criatividade, para isso existe um rito, que não é obra humana, mas divina, são gestos de Deus, cheios do Espírito de Deus, ele comunicam e nos unem a Deus, por isso que exprimem  a maneira correta do homem glorificar a Deus. Quando, se inventa de explicar o mistério da liturgia, de fazer criatividades de nosso pensamento na liturgia, inventando e pondo acréscimos que não existem com o intuito de querer “aproximar mais o povo do mistério, para que o povo compreenda mais e melhor, acontece de afastar mais ainda este mesmo povo, do mistério tremendo e fascinante de Deus, o qual podemos experimentar com reverência e piedade na liturgia”.

Portanto, A Liturgia cristã deve nos levar a deixar-se guiar por Deus, é a liturgia do caminho, caminhamos para a Jerusalém Celeste para a terra que Deus nos prometeu, como nossa verdadeira pátria, e nesta caminhada nós deveremos estar com os olhos fixos no coração transpassado daquele que nos revelou Deus, Jesus Cristo, neste coração aberto encontramos as portas do céu abertas, qual Novo Templo no qual podemos adentrar e glorificar a Deus, celebrar a Liturgia é celebrar os mistérios de Cristo que nos unem a Deus.

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