quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Fomos feitos para a perfeição e não para medíocridade

“Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48)

Esta Palavra de Jesus dirigida às multidões e aos discípulos no Grande Sermão da Montanha, ao mesmo tempo em que é rica de significado, também nos desconcerta, nos lança num desafio muito grande: Viver a perfeição de vida como Deus.
Bem sabemos de nossa condição existencial, somos fracos, pobres, indigentes, pequenos por demais, sempre estamos a cair em virtude do pecado, enfim, trazemos as nossas limitações, e diante desta nossa realidade podemos nos perguntar: Como eu, tão pequenino, tão limitado, conseguirei levar uma vida de perfeição como o próprio Deus?
Antes de darmos a resposta para este desafio de Deus para nós, somos chamados a contemplar duas idéias as quais deveremos sempre tê-las em nossa vida, em nosso itinerário de peregrinos a Deus. A primeira idéia fundamental é a de que Deus e somente Ele, possui a plenitude da perfeição, Ele é o perfeitíssimo, sem defeito e sem erro, porque é santíssimo. É Dele e por ele que emana toda perfeição e o dom da santidade para nós. A segunda idéia é que nós não fomos criados por Deus para levarmos uma vida de mediocridade, vil e desprezível, para estarmos atolados nos erros da vida, nos caminhos incertos e desencontrados; não! Como diz uma canção: “Deus nos deu a felicidade de dentro pra fora, um amor que não dá para explicar”. A felicidade é justamente andar diante de Deus, sendo santos e irrepreensíveis aos seus olhos, é viver segundo a sua vontade, é viver segundo a sua justiça, enfim, é viver com ele e para ele. E esta vida feliz como diz a canção vem de dentro, ou seja, vem do próprio Deus que está em nós, pela força do seu Espírito com seus dons e suas virtudes infundidas em nosso interior, é na força da graça deste Espírito que somos impulsionados a viver e levar uma vida de perfeição.
É claro que nunca chegaremos à perfeição completa, porque só Deus é como já dissemos o perfeito em plenitude, sua perfeição não se esgota, pelo contrário é sem fim, como seu amor, todavia, Deus nos chama a buscarmos, lutarmos para levarmos uma vida perfeita. Agora, não com a idéia de que nunca conseguiremos, mas com a idéia de nos esforçarmos e nos empenharmos para tal missão que o próprio Deus nos convida e para a qual fomos criados.
Deus Pai nos concedeu um modelo para tal perfeição, uma pessoa na qual somos chamados a seguir e com ele atingirmos um estado perfeito de vida. Esta pessoa é Jesus, assim como Ele é o revelador do Pai, mostra-nos o rosto de Deus a nós; ele também, revela-nos os meios de levarmos e atingirmos esta perfeição de vida. E como ele faz? Por meio de suas obras, palavras e ações, em tudo o que disse e fez, o senhor Jesus, Filho unigênito de Deus nos mostrou como se dá esta vida de perfeição. Jesus trilhou a nossa história, fez-se um de nós, justamente para nos elevar à plenitude de vida com Deus, para nos mostrar que não é difícil viver a perfeição e a santidade de vida, basta que nos empenhemos nas pequenas obras em nosso cotidiano, nunca esqueçamos: “O Reino de Deus se revela na simplicidade das coisas, sempre pequenas, mas que são grandes, sempre fracas, mas que na verdade são tão fortes que nada pode abalara ou vencê-las”.
Dentre as formas de viver a perfeição, Deus nos convida ao amor mútuo a Ele e ao próximo, para muitos parece difícil este convite, porque o mundo vive enfraquecido de amor, muito falado, mas pouco vivido, o mundo vive embriagado nas paixões efêmeras e pensa estar inebriado de amor. O amor é dom, doação, entrega sem medidas e não fingimento, autossuficiência, egoísmo, individualismo.
O amor é simples, basta que olhemos para Deus que em Cristo nos ensinou a amar de forma verdadeira, pura e santa, este amor foi revelado num lavar os pés dos discípulos, em assumir as misérias do próximo, em olhar para os pecadores de uma forma diferente, em tocar os leprosos, em dar dignidade aos órfãos e viúvas, enfim, em dar a sua vida inteira para que outros tivessem vida plena.
Nada disso é difícil, basta que aprendamos a viver segundo nos diz Sto. Agostinho: “corramos sempre com o desejo, e nunca achemos que aqui na terra já alcançamos a meta”. Que desejo é esse? É o de ser perfeitos, de viver a santidade e a justiça de Deus. Agora nunca deveremos pensar que já alcançamos a perfeição, sempre a algo mais a ser feito, a um progresso a mais a ser atingido, pois como nos diz S. Paulo: “seja qual for a altura que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente” (Fl 3,16). Temos que correr, lutar aguerridamente, num empenho total, não nos desviando da Meta, do centro que é Cristo, sempre olhando para frente, perseguindo o alvo, sabendo cair e levantar, retomando a caminhada com o Senhor, pisando nas pegadas que ela deixa ao longo de nossa vida, para que assim como Santa Tereza do Menino Jesus, venhamos a dizer: “ó Bom Deus, não sois capaz de inspirar desejos irrealizáveis! Posso, por conseguinte, aspirar á santidade, não obstante minha pequenez. Crescer não me é possível. Devo, pois, suportar-me tal qual sou, com todas as minhas imperfeições. Peço-vos, portanto, dignai-vos, vós mesmo, imprimir em minha alma a imagem e a semelhança perfeitas da santidade de vossa vida e de vossas virtudes”  

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