segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O BATISMO DO SENHOR

Naquele tempo, 7João Batista pregava, dizendo: “Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. 8Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”. 9Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. 10E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. 11E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer”. (Mc 1,7-11)

Celebramos a festa do batismo do Senhor, com esta festa litúrgica culmina-se o ciclo do natal, iniciado com o 1º domingo do advento. Assim como a epifania, a festa do batismo do Senhor é manifestação de Deus, é uma festa teofânica, primeiro porque nos revela quem é Jesus e sua missão, mas também revela o Deus Uno e Trino.
Num primeiro momento quero destacar a figura de João batista, o conhecemos como o precursor, como homem de vida austera, simples, de humildade marcante, aparece como aquele que veio para preparar o caminho do Senhor, veio com lâmpada para a luz, voz para a Palavra, servo para o Rei, alegrou-se com a presença do Deus menino, quando ainda estava no ventre de sua mãe, enfim, João, por si mesmo não tem importância nenhuma, vive em função de um outro, Jesus. Ele veio ser sinal para conduzir muitos até o Messias que haveria de vir, e assim foi feito. Muitos pensaram que ele seria o Messias, certamente poderia ter se auto dominado buscando a sua glória, mas confessou não ser o Messias. João tinha plena consciência de sua missão e de quem ele era, vemos isso de forma clara no início do evangelho de hoje: “Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias”.
João vivia pregando no deserto, e batizando as margens do jordão, era um batismo penitencial, muitos acorriam para ser batizado por ele, mas sempre deixou claro que viria um outro que batizaria com água e com o Espírito, eis que um dia estando João batista a batizar nas margens do Rio Jordão, veio ao seu encontro o Rei, o Messias, seu Senhor e Salvador, certamente João ao vê-lo ficou desconcertado, sem compreender a atitude daquele que é o Filho de Deus. o próprio João disse: “eu que necessito de ti e tu vens a mim?”, a liturgia canta este sentimento de João: “João, feliz, mas tremendo, mergulha em rio profundo aquele que lavaria no sangue a culpa do mundo”.
João mesmo admirado com a atitude do Senhor, realizou o batismo, pois toda justiça deveria se cumprir. Apareceu o Messias, desaparece João, agora surge a Palavra, cessa a voz, a Lâmpada dá lugar aquele que é a Luz do Mundo.
Jesus aparece para ser batizado, já adulto, com trinta anos, é interessante que a pouco contemplávamos o menino, o recém nascido, o infante envolto em panos na manjedoura, agora damos um salto e já o contemplamos em sua fase adulta, poderíamos perguntar: como se deu a infância de Jesus? por que os evangelhos se calam? Reparem, os evangelhos apenas nos dizem que Jesus “era submisso aos seus pais”, viveu de forma obediente para com seus pais, depois com os padres da Igreja crê-se que este tempo da infância de Jesus, era Deus que estava aprendendo a viver na condição humana, diz-nos a liturgia: “Vivera já trinta anos em nossa carne mortal. E embora livre de culpa, da água busca o sinal”.
Jesus agora se apresenta para ser batizado, e assim dar início à sua missão, seu batismo no jordão iria ser culminado na ara da cruz. Pois bem, Jesus quer inaugurar uma nova criação, quer lavar o pecado de adão, quer conceder a todos os povos a vida nova, por isso coloca-se na fila dos pecadores que vieram até João no jordão, quase para dizer: foi para vos salvar que eu vim, foi para vos dar a salvação verdadeira que eu me coloco em vosso meio, para parar vos livrar da culpa original que eu quero receber este batismo, pois eu vim chamar os pecadores, eu vim para aqueles que estão doentes pelo pecado.
Jesus adentra no Jordão, outro evangelista diz que ele orava, nesta atitude, vemos Jesus que assume os pecados da humanidade, vai recolhendo as iniquidades, as faltas e culpas, para libertar e salvar que no mal perecera, pois bem, Jesus é batizado pelo Batista, este adentrar de Jesus naquele mar, indica que ele entra trazendo em si os pecados dos homens, e ao ser banhado pelas águas do Jordão, os pecados, são levados de água abaixo, prefiguração de sua sepultura, onde os pecados são sepultados, lavados pelo seu sangue redentor, Jesus lava a culpa dos homens nas águas do jordão, a natureza humana corrompida iria agora ser restaurada. E mais, Jesus dentro das águas do Jordão, santifica todas as águas, todas as fontes batismais do mundo inteiro, é esta verdade que a liturgia da mãe igreja canta: “Quando Cristo apareceu em sua glória em nosso meio, santificou todas as fontes e as águas do universo. Vinde buscar água das fontes do Senhor e Salvador! Pois o Cristo, nosso Deus, santificou todas as coisas”.
Ao sair das águas, Jesus, Deus que se fez homem, refaz a natureza corrompida, a humanidade recebe nova vida, os céus se abrem para testemunhar de onde vem aquele que se fez homem, e como na criação uma pomba pairou sobre as águas, assim, nesta nova criação da humanidade, nos céus aparece uma divina pomba. Na teofania do Jordao contemplamos, o Deus Uno e Trino, primeiro o que fora batizado é o Filho de Deus, o Verbo feito carne, na pomba qual sinal visível, vemos o Espírito, e na voz que ressoa, vem o Pai que dá testemunho do seu Filho, atestando que ele é o Messias Verdadeiro: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer”.
É em nome deste Deus, na água e no Espírito que os discípulos de Cristo batizarão os novos filhos de Deus, é este o Deus vivo e verdadeiro que se nos deu a conhecer em Jesus Cristo. Termino elevando os louvores ao Deus único que nos trouxe a salvação: “A salvação da Igreja neste mistério reluz. Em três pessoas um Deus no tempo e na eterna luz. Ó Cristo, vida e verdade, a vós a glória, o louvor; o Pai e o Espírito, revelam vosso divino esplendor”.


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