sábado, 27 de agosto de 2011

A AMIZADE VERDADEIRA SE FUNDAMENTA EM CRISTO

Depois de alguns dias marcados pelo correria do cotidiano da vida, estou postando o 7 texto de nossa série de reflexões sobre a busca de redescobrirmos o valor da amizade cristã, fundada em Cristo, o Nosso Mestre e Divino Amigo. Aquele que nos comunicou os segredos de seu coração.

Texto VII

É Jesus que na Eucaristia entrega as suas dores, as suas alegrias, os seus sofrimentos a sua vida, o seu Corpo Santo e o seu precioso Sangue, a nós. Quando o comungamos ele penetra em  nosso corpo e em nosso sangue, somos chamados a ser outros Cristos. E uma vez o sendo nós temos que agir como ele, levando amor aos irmãos. O Papa Bento XVI diz: “A comunhão tem sempre e inseparavelmente uma conotação vertical e uma horizontal: comunhão com Deus e com os irmãos”. Em um mundo como o nosso que tem como identidade o individualismo, nós temos que transformá-lo com nossas atitudes, levando amor onde lhe falta, pois o mundo necessita deste amor que vem de Deus, e de encontrar-se com ele, e de crer nele. Dostoieviszki diz: “a beleza salvará o mundo”; portanto, a grande beleza é encontrar e comunicar Cristo a todos. O mundo não pode viver mais sem amor. Tem um filósofo que diz: “se muitos acham difícil crer em Deus, pior ainda é viver sem ele”. Nos temos que construir um mundo de unidade, onde possa haver um só rebanho e um só pastor (Jo 10, 16).
Quando participamos da Eucaristia, somos convidados a ir ao encontro dos que necessitam, pois ao participarmos da mesa do altar de Deus, temos que ir ao altar do próximo, sacrificar a nossa vida pelos irmãos, pois na Eucaristia somos pequenos sacrificados unidos ao Grande Sacrificado. Cristo se fez imolar, sacrificou a sua vida porque muito amou aos seus amigos. Devemos ser grãos de trigo a serem sacrificados pelos irmãos.
Tem uma história que diz: “era uma vez dois trigos, bonitos e dourados. Um era egoísta, só pensava em si mesmo; o outro era generoso, sempre pensava nos demais. Um dia foram à cidade e viram muitas crianças famintas em busca de pão. O grão egoísta pensou: “estas crianças são um perigo; se me descobrirem, me comerão”. E disse ao amigo: “vou procurar um lugar escuro onde ninguém me encontre”. O grão generoso pensou: “estas crianças passam fome, mas com apenas um grão seu problema não será resolvido”. E disse ao amigo: “eu vou ao campo me enterrarei e, no próximo ano, sairão de mim muitas espigas”. O grão egoísta encontrou um esconderijo, se deitou feliz, pensando que seu amigo era bobo, e dormiu. O grão generoso procurou um bom terreno e aí se enterrou. Quando chegaram as chuvas e o frio, lembrou do amigo e teve vontade de fugir, mas pensou nas crianças e ficou quieto na terra. Depois de alguns meses, as crianças famintas descobriram em um lugar escuro um grão solitário, podre; e na metade do campo, bonitas e resplandecentes espigas douradas.”É o dom de si, quem ama se dá por inteiro ao outro. Cristo foi o grão de trigo que se deu a si mesmo, recordemos:” se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; mas se morre produz muitos frutos”(Jo 12,24).          
       Jesus tinha que morrer para poder nos salvar, e com isso nós também somos chamados a dar a vida pelos nossos irmãos. Algo que era mui belo, nos primórdios da Igreja, era a doação por inteiro que muitos faziam a Cristo e aos irmãos, de modo que os pagãos ficavam admirados com o modo pelo qual os cristãos viviam, sem contar aqueles que davam a vida em arenas cheias de feras por amor a Cristo e aos irmãos. Basta ver Sto Inácio de Antioquia que entregou a sua vida derramando o seu sangue por amor a Cristo e aos irmãos, ele diz: “Deixai-me ser alimento das feras por ela pode-se alcançar Deus. Sou trigo de Deus, serei triturado pelos dentes das feras para tornar-me o puro pão de Cristo”. A beleza de ser cristão é poder dar a vida pelos irmãos, pois a arte do bem viver é a arte do bem morrer; ou seja, muitas vezes nós temos que morrer para o nosso orgulho, para o nosso egoísmo, para muitas outras coisas para poder dar vida ao outro, dar vida aos irmãos. A plenitude do amor acontece na morte, a amizade só é bem sucedida se estivermos dispostos a morrer sempre de novo. Nós precisamos morrer, romper com o nosso eu, para podermos nos unir com o outro, para que venhamos a nos abrir ao outro. Deste modo, só quem passa pela morte do próprio eu pode avaliar a profundeza de uma amizade. A morte de cristo na cruz é o exemplo de uma verdadeira amizade. O filósofo Marcel diz: “amar uma pessoa significa dizer-lhe você não morrerá”. Ou seja, nem a morte, nem as tribulações podem apagar o amor (Ct 8,6).


Ó Jesus que nesta vida pela fé eu vejo
realiza eu te suplico este meu desejo
ver-te em fim face a face, ó meu Divino amigo
lá no céu eternamente, ser feliz contigo


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