quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Santa Noite a todos, esta é a quinta reflexão sobre a amizade, espero que estas meditações despertem na vida de muitos o desejo de criarem laços de amizade verdadeiros.

Texto V

Outro ponto a ser citado no que se refere à amizade é que muitos se gabam de ter vários amigos, dez, vinte, cinqüenta etc... Deste modo a amizade se torna status, e este não é o sentido dela; muitas vezes as pessoas pensam que os conhecidos das “patotas” são amigos, pelo contrário amigo é algo raro de se encontrar, quem o descobriu encontrou um tesouro. (Eclo. 6,14), é bem verdade que nós não achamos um tesouro a toda hora, a cada minuto, a cada segundo. A sabedoria divina ainda nos diz: “o homem cercado de muitos amigos tem neles sua desgraça” (Pr 18,24) e ainda “há amigos que é só para a mesa” (Eclo 6,10). Contudo, é preciso ser precavidos, quem pensamos que são nossos amigos, tão facilmente nos abandona, sobretudo, nas provações. Por conseguinte, existe um único amigo que nos é fiel, o nome dele é Jesus, nele nós podemos confiar sem medo de nos decepcionar, pois seu amor não falha jamais. Devemos amar e deveras ter como amigo aquele que não nos faltará quando todos nos desampararem, Jesus. “Sem amigos não viverás ditoso, e se não for Jesus teu especialíssimo amigo, estarás mui triste e desamparado” (Imitação de Cristo Liv. II, cap. VIII). A questão não é que não tenhamos amigos, mas sim que tenhamos como primeiro e maior, Jesus.
            Jesus mostra em que consiste a essência da verdadeira amizade, ele partilhou o que ouviu de seu Pai, partilhou seus sentimentos, experiências, conhecimentos e seu amor, ele fez de seus discípulos os seus confidentes, ele lhes abriu o seu coração. Grün diz: “Jesus não oferece aos seus discípulos sua amizade, mas torna-os amigos pelas palavras de amor que lhes fala e pelo amor com que os ama até o fim”.
            O amor de Cristo Jesus é o alicerce de sua amizade, e isto se comprova quando ele diz: “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus irmãos” (Jo 15,13).  Jesus morre por seus amigos, eis diante de nós o mistério da amizade, Jesus entregou por seus amigos sua vida na cruz, eles vivem desse amor. Mas antes de nos lançarmos em uma maior compreensão desta realidade que nos foi apresentada, faz-se necessário que reflitamos alguns apontamentos, que alicerçarão este último ponto de nossa reflexão.
A vida cristã é de uma beleza profundíssima, nela tem-se meios de se fazer um encontro pessoal com aquele que nos ama verdadeiramente. Ao silenciarmos nosso coração, Deus nos fala com palavras suaves e profundas, que trazem uma paz interior, cura as feridas de nosso coração e nos fortalece na labuta do dia-a-dia. A voz de Deus nos faz repousar todo o nosso ser em seu colo de amor, nos envolvendo em um mar de felicidade. A cada instante Deus fala ao nosso coração, os nossos ouvidos são um útero, e a palavra de Deus é o Sêmen, quando ela penetra em nossos ouvidos ela deseja ser fecundada, essa deve ser a nossa tarefa, fazer com que ela fecunde e dê vida.
            Muitas vezes nós escutamos a palavra de Deus, ela penetra e revoluciona o nosso coração, mas ao nos dirigimos às pessoas com palavras, estas em muitos casos são muito diferentes daquela que escutamos; em outro lugar deste texto nós dissemos que existem palavras que ferem mais do que uma pisa que levamos. As palavras que devemos expressar aos outros, e em nossas amizades devem ser palavras que edificam o outro, que o façam compreender que o amor que vence o ódio e a dor vem de Cristo. Não deixemos com que as palavras que saem de nossos preciosos lábios dados por Deus, sejam palavras de destruição, mas pelo contrário, que elas sejam palavras de encorajamento, fazendo com que o outro sinta a presença de Deus em nós, em nosso modo de agir e em nosso modo de falar, pois o nosso coração uma vez preenchido pela palavra de Deus, deve transbordar desta mesma palavra que é amor, de modo que de nossa boca saiam palavras que revelam um coração cheio do amor de Deus, pois, “A boca fala daquilo que transborda o coração” (Mt 12,34).
            Um autor desconhecido diz: “A amizade é doçura; é um óleo benéfico que adoça, cura e fortifica; é por excelência, o remédio do coração humano”. As palavras de Cristo eram um óleo benéfico que curava os corações, muitos acorriam para escutá-lo, pois as suas palavras penetravam o mais íntimo dos corações, de modo que o “coração abrasava quando ele nos falava pelo caminho” (Lc 24,32). A nossa missão não deve ser diferente, sendo, pois discípulos de Jesus deveremos no caminho da vida fazer com que muitos corações, tristes, desamparados, sofridos sem amor, sintam o coração arder de alegria ao escutarem as ternas palavras de nós que fizemos a experiência de parar para escutar o divino amigo falar aos nossos corações.

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