quinta-feira, 13 de outubro de 2011

EUCARISTIA, O MANÁ ESCONDIDO DESCIDO DO CÉU


Amados Irmãos e irmãs em Cristo Nosso Senhor Cordeiro Imolado, esposo de nossa alma. Quinta-feira segundo a tradição cristã, a mãe Igreja nos convida a fazer memória da bendita e generosa oferta de amor que Jesus fez antes de sua Paixão, ao se entregar no pão e no vinho, deu-nos o seu  Sacrossanto Corpo e seu Preciosíssimo Sangue, o alimento de vida eterna, o pão vivo descido do céu, o verdadeiro e definitivo maná. Jesus instituiu o admirável sacramento da Eucaristia. Hoje somos convidados a dobrar os joelhos diante do  santo altar onde o cordeiro imolado está elevado, para receber nosso amor, nossa adoração, nosso coração, nossas alegrias, nossas tristezas. Me chama a atenção uma passagem do Livro do Apocalipse que diz: “ao vencedor darei do maná escondido” (Ap 2,17). Quero meditar sobre este maná que está velado, escondido, mas que Deus anseia concedê-lo a nós seu novo povo.
Primeiro deveremos entender o que é o Maná. Vejamos, quando o povo de Israel foi libertado do cativeiro do Egito por meio de Moisés e iniciou a sua caminhada pelo deserto rumo à terra prometida, nesta longa caminhada certamente estando o povo cansado, com fome e sede, começou a murmurar contra Moisés dizendo: “antes fôssemos mortos pela mão de Iahweh na terra do Egito, quando estávamos sentados junto à panela de carne e comíamos pão com fartura! Certamente trouxeste-nos a este deserto para fazer morrer de fome” (Ex 16,3). Ao murmúrio do povo, Deus disse a Moisés: “Eis que farei chover pão do céu” (Ex 16,4). A promessa de Deus e cumpriu, choveu pão do céu e o povo pode saciar a sua fome, depois Moisés ordenou a Aarão que pusesse num vaso de ouro um gomor cheio de maná e o colocasse diante de Deus, para conservá-lo para as outras gerações, Aarão colocou-o na Arca da Aliança (Ex 16,33-34). O maná estava guardado na Arca, sinal da presença de Deus, nela estavam as tábuas da lei, objeto sagrado que ficava no local mais santo do templo, e por isso, denominado santo dos santos.
Este maná, pão descido do céu que alimentou o povo no deserto e que agora estava guardado, velado como algo sagrado, era prenúncio do grande, definitivo e verdadeiro Maná, o verdadeiro Pão do Céu, o próprio Jesus. Foi no grande discurso na Sinagoga de Cafarnaum que Jesus se revelou como o verdadeiro Pão do céu, é o Pão que enviado por Deus Pai, desce do céu e dá vida ao mundo. É interessante notar que na Encarnação, Jesus desce do céu, o verbo Eterno vem a nós, armou sua tenda em nosso meio, primeiro ele agora é depositado numa nova arca, Maria, é assim que a proclamamos no ofício da Imaculada: Maria é a Arca da Aliança, pois trouxe ao mundo a nova e definitiva lei. É nela que o verdadeiro maná está guardado e ao mesmo tempo foi revelado a nós. Outro fato importante é que o Verbo do Pai, vem a nós, nasce na nossa história, primeiro em Belém, ou seja, na Casa do Pão, indicando que era lá que o Verdadeiro Pão dos homens deveria habitar, aquela Belém reluz como sinal da Igreja, a Verdadeira casa do Pão. Depois, o Verbo repousa sobre uma manjedoura, lugar onde se punha os alimentos para os animais, duas coisas hão de ser notadas, primeiro, o Deus Onipotente, desce a nós, tão simples, tão pobre, tão humilde, depois, na manjedoura aquela pobre criança se revela como alimento para toda a humanidade, ela iria alimentar nossa vida, nossa história, nossa felicidade. Ela seria a Vida do Mundo.
Jesus, como o Maná desce também do céu,  ele é o Pão da Vida, o que vai a Ele não terá mais fome (Jo 6,35). Jesus sacia nossos desejos e anseios, ele não quer somente nos dá a paz, a alegria em nossa vida terrena, saciar nossos desejos terrestres, mas tem algo, uma vida maior a nos conceder, Ele mesmo nos diz: “Eu sou o Pão da Vida, vossos pais no deserto comeram o maná e morreram. Este pão é o que desce do céu, para que não pereça quem dele comer” (Jo 6,48-50). Os israelitas mesmo tendo comido do maná, mesmo tendo-o conservado, pereceram, morreram, não saciou plenamente as suas vidas, porque não era o pão da vida definitiva. Jesus, qual Novo Maná, escondido na eternidade de Deus, adentra nossa história, para nos conduzir à Eternidade de Deus. É Ele o Pão imperecível, “Eu Sou o Pão Vivo descido do céu, quem comer deste pão viverá para sempre” (Jo 6,51). Só que este pão não é um simples pão, o próprio Jesus dirá o que ele é, quem é este maná. Ei-lo: “O Pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo” (Jo 6,51).
Eis o Maná verdadeiro, é a vida de Jesus, seu Corpo, como oferta dolorosa de amor em sua paixão, na última ceia, ceia do amor maior, Ele tendo amado os seus quis deixa-los um testamento de Amor puro, santo, verdadeiro, Tomou o Pão, pronunciou a benção de ação de graças, partiu, sinal de oblação, entrega total e deu aos seus discípulos, dizendo: “Isto é o meu Corpo que será entregue por vós”. (Mt 26,26). Jesus institui algo novo, na ceia pascal, instituiu a sua páscoa, ele é o verdadeiro cordeiro imolado, deu-nos a sua vida, é o admirável sacramento da Eucaristia, santíssimo sacramento do Altar. A Eucaristia é o memorial do sofrimento de Cristo, é a tragédia transformada em amor, um amor louco, capaz de revolucionar não só o mundo, mas a nossa própria vida.
A Eucaristia é o alimento da vida eterna, em cada santa missa dá-se sempre de novo o mistério da Encarnação, caminhamos no deserto da vida, tão sofrida, cansados pela labuta de nossas jornadas diárias, murmuramos contra Deus, temos sede e fome de felicidade, de paz, de amor, Deus olha para nós, dá-nos o Verdadeiro Maná, o verdadeiro Pão do Céu, Jesus; a Igreja é a Nova Belém, a Casa do Pão Celeste, as Mãos do Sacerdote, são como o útero da Virgem Maria que gera para o mundo o Filho de Deus, o altar envolto em faixas, lembra-nos a manjedoura, onde repousou o Pão do Céu como Alimento para toda a humanidade. Eis o admirável sacramento de nossa fé. Deus desce do céu, para habitar na tenda de nossos corações, é não só o Maná, mas a Lei plena e definitiva, porque é Amor,  se faz tão simples, tão pequeno, num simples pedaço de pão, mas que ao mesmo tempo é grande, onipotente, pois nos dá o céu, a vida eterna.
Eis o Maná escondido, é isso mesmo, sob o véu do pão, do sacramento da Eucaristia, Deus está escondido, sua humanidade e sua divindade, assim cantamos: “No calvário se escondia tua divindade, mas aqui também se esconde tua humanidade”. És o Deus Escondido, porque é santíssimo, o vemos através do véu, falham nossa vista, nosso tato, nosso paladar, cremos na Palavra de fé pronunciada por Ele na última Ceia: “Isto é o meu Corpo” (Mt 26,26). A fé nos vêm pelo ouvido, em cada santa missa ressoam dos lábios do sacerdote, como próprio Cristo, estas mesmíssimas palavras. Ó Mistério de Amor, tão sublime, tão excelso! Deus se nos doa, sua vida, suas alegrias, sua história, sua palavra, seus gestos “quem come a minha carne permanece em mim e eu nele” (Jo 6,56). Temo e tremo diante deste admirável e fascinante mistério. Um Deus Tão Grande se coloca nas mãos dos sacerdotes, nas nossas indignas mãos, sustentamos Aquele que sustenta o universo, e nos sustenta, sem ti ó amado Deus não somos nada. Dá-nos a cada dia a tua graça, a força e a coragem de estarmos unidos a ti, perto de ti, e isto nos basta.  
Somos chamados a volver o nosso olhar para Jesus,  no Sacramento do altar, sob o véu sacramental está toda a fonte de amor, dobramos nossos joelhos para adorá-lo, aquele que é Santo. O coração se inflama ao contemplá-lo, ele o Sol da justiça, assim como se ficarmos muito tempo expostos ao sol, ele deixará em nós as suas marcas, passemos horas num silêncio contemplativo diante de Jesus, o Sol do Oriente que vem nos visitar e abrindo nossos corações, permitamos que ele imprima em nós a sua vida, as suas marcas de amor. Dele nos aproximemos com santo temor, com piedade com reverência, nos curvamos diante daquele que muito antes se curvou a nós, ao assumir a nossa condição, sendo nosso companheiro de jornada.
Em todos os Tabernáculos da face da terra, Jesus, Maná, Pão da Vida esta depositado, está escondido num mistério santo, para que corramos com o coração ardente e o adoremos. Ressoa a voz doce de Jesus: O Mestre está aqui e te chama. Vinde vós todos que estais aflitos, cansados e eu vos darei descanso. Corramos amados irmãos para repousar nos corações, inclina nossa vida no coração de nosso amado Deus, a todo instante ele está a nos esperar.
Na Eucaristia o céu nos é dado, é o alimento que nos fortalece, qual caminheiros rumo a pátria definitiva, hoje contemplamos a Jesus de forma velada, mas um dia o contemplaremos face a face, pois ao vencedor, aquele que perseverar até o fim, seguindo Jesus, alimentando-se dele, vivendo dele, por ele e para ele, será concedida a graça de contemplá-lo face a face, “Aquele que se alimenta de mim, viverá por mim” (Jo 6,57). Enquanto peregrinamos “entre as tribulações do mundo e as consolações de Deus” (Sto. Agostinho), resta-nos somente adorar a Jesus, pois ele é o Deus e nossos somos mendigos que diante do altar, a mesa do Rei, buscamos o seu alimento, a sua vida que dia e noite o adoremos, a Jesus sacramentado, certeza do céu, a Ele que é “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus Todo Poderoso, Aquele que era, Aquele que é e Aquele que vem, seja dado o louvor, a glória, a ação e graças, a honra o poder e a força pelos séculos dos séculos. Amém” (Ap 4,8. 7,12).



ADORO TE DEVOTE

Eu te adoro, ó Cristo, Deus no santo altar, neste Sacramento vivo a palpitar. Dou-te sem partilha, vida e coração, pois de amor me inflamo, na contemplação.

Tato e vista falham, bem como o sabor, só por meu ouvido tem a fé vigor. Creio o que disseste, ó Jesus meu Deus, Verbo da Verdade, vindo a nos do céu.

Tua divindade não se viu na cruz, nem a humanidade vê-se aqui, Jesus. Ambas eu confesso como o bom ladrão, e um lugar espero na eterna mansão.

 Não me deste a dita como a São Tomé, de tocar-te as chagas, mas eu tenho fé. Faze que ela cresça com o meu amor e a minha esperança tenha novo ardor.

Dos teus sofrimentos e memorial, este pão de vida, pão celestial. Dele eu sempre queira mais me alimentar, sentir-lhe a doçura, divinal sem par.

Born Pastor piedoso, Cristo meu Senhor, lava no teu Sangue a mim tão pecador, pois que uma só gota pode resgatar do pecado o mundo e o purificar.

Ora te contemplo, sob espesso véu, mas desejo ver-te, bom Jesus, no céu. Face a face um dia, hei de ti gozar, nesta doce Pátria e sem fim te amar. Amém.

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