28 DE OUTUBRO, FESTA DOS APÓSTOLOS SÃO SIMÃO E SÃO JUDAS
Hoje celebrando a festa dos apóstolos Simão e Judas somos chamados a mergulhar no mistério da Igreja de Cristo, é bom sempre recordar que celebrar um apóstolo é celebrar a Igreja, isso porque a verdadeira e única Igreja de Cristo é Apostólica, esta grande verdade nós a professamos no símbolo da fé: Creio na Igreja, Uma ,Santa, Católica e Apostólica. A apostolicidade da Igreja é uma das quatro notas, ou seja, as características da Igreja de Cristo. A apostolicidade da Igreja se dá porque ela foi edificada sobre a fé dos apóstolos, dentre os quais o primeiro é Pedro, a quem Jesus disse: “Pedro tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja... dar-te-ei as chaves do Reino de Deus" (Mt 16,17-20). E é importante destacar que o primado da Igreja foi confiado a Pedro, a ele foi concedida às chaves do Reino de Deus, que é a Igreja, é Cristo cabeça de seu corpo, e quem está com Pedro está com Cristo, por isso, deveremos com fé proclamar que a Verdadeira Igreja de Cristo é aquela que está edificada na fé petrina, de modo que a Igreja possui uma Tradição apostólica que teve início com Pedro e foi passando de geração em geração por seus sucessores e chega aos nossos com o Papa Bento XVI, o Sucessor do Apóstolo Pedro, por isso quem está com o papa e onde está o papa aí está Cristo e a Verdadeira e única Igreja de Cristo. Isto equivale a dizer que não podemos afirmar como muitos: Cristo está aqui na minha igreja, eu anuncio o evangelho de Cristo, toda religião é igual. Não podemos aceitar isso, esta não é a fé fundada em Cristo, ou Cristo está aqui (Igreja Católica) ou não está em lugar nenhum, pois bem nos disse São Paulo na leitura da missa de hoje: “A Pedra angular da construção é Cristo... É nele que toda a construção se ajusta e se eleva para formar um templo santo no Senhor. 22E vós também sois integrados nesta construção, para vos tornardes morada de Deus pelo Espírito”. (Ef 2,20-21). Esta Igreja foi fundada já na ceia, quando o Senhor se deu a si mesmo e fundou a nova comunidade, assim como o povo do Israel antigo encontrou sua identidade quando celebrava a páscoa, agora o Novo e definitivo Israel encontra a sua identidade reunidos ao redor do Novo e Definitivo Cordeiro de Deus, nasce na nova páscoa, a páscoa de Cristo, é no dom da Eucaristia como antecipação de sua oferta dolorosa na cruz que Cristo funda a sua Igreja, de modo que, em cada Eucaristia a igreja torna a nascer sempre de Novo. Bendita mãe a Igreja católica que vive da Eucaristia, eis o nosso tesouro.
A Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica, pois ela vive da fé em Cristo que nos é transmitida pelos doze apóstolos, pois essa foi a intenção do chamado de Jesus, e hoje fazemos memória de dois destes doze apóstolos; é bom lembrar a importância deste grupo dos doze, ou do número doze, há uma relação intrínseca entre o antigo povo de Deus, Israel e suas doze tribos, e o Novo Povo de Deus, o Novo Israel, com os doze apóstolos, é a Igreja este Novo Israel, a Nova Jerusalém, o edifício de Cristo que é a Igreja católica, e que tem como alicerce e colunas, os doze apóstolos, dentre os quais brilham hoje para nós, Simão e Judas Tadeu. Vejamos quem são estes dois apóstolos.
Simão era conhecido também como o Zelota, ou Zeloso (Lc 6,15), ou seja, era uma qualidade, ser zeloso e ardoroso pelas coisas de Deus; claro que na época existia um grupo nacionalista chamado Zelotas, era a seita dos judeus piedosos, que alimentavam o sonho de estabelecer, por meio da violência o reino messiânico, mesmo que Simão não tenha pertencido a este grupo, o seu zelo pela identidade judaica, pela lei e por Deus é digno de crédito.
No que se refere ao apóstolo Judas, cognominado Tadeu, que é proveniente do verbo aramaico: tadda, que significa “peito” e pode ser traduzido por magnânimo, os evangelhos nos falam pouco sobre Judas Tadeu, apenas João o menciona quando ele faz uma pergunta a Jesus na última ceia: Senhor, por que te manifestarás a nós e não ao mundo”? (Jo 14,22) a resposta de Jesus foi misteriosa, mas ao mesmo tempo reveladora: “Se alguém me ama, guardará minha palavra e o meu Pai o amará e a ele nós viremos e nele estabeleceremos morada” (Jo 14,23), daí compreendemos que Jesus deve ser visto com o coração, ou seja, é preciso abrir o coração para acolhê-lo, e como sabemos, nem todos abrem, é só com o coração verdadeiramente aberto que poderemos ver o Senhor.
Jesus chamou a estes dois para a edificação de seu Corpo que é a Igreja, chamou-os para anunciar o seu Reino entre todos os povos, e este chamado se deu de forma belíssima, foi no momento em que Jesus subiu ao monte, à montanha para rezar, ou seja, subir à montanha é sinal de adentrar na intimidade com seu Deus e Pai, naquilo que Jesus tem como mais íntimo em sua vida, é mergulhar no mistério insondável da vida divina, e o evangelho de S. Lucas nos diz que Jesus passou um longo tempo em oração, “passou a noite toda em oração a Deus” (Lc 6,12). E ao amanhecer descendo da montanha chamou os que ele quis, para ficarem com ele, Jesus cria o grupo dos doze, a princípio são discípulos, alunos, e por conseguinte, devem aprender com o Mestre, por isso a necessidade de “ficar com” o Mestre, depois de aprenderem com o Mestre, eles são constituídos apóstolos, ou seja, enviados de Deus aos homens, por isso que o texto sagrado diz: “Jesus desceu da montanha com eles e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia”. (Lc 6,17). Aqui dou ênfase a este lugar plano, sinal da vastidão do mundo, do universo, dizia-nos o salmo da liturgia: “seu som ressoa e se espalha em toda a terra” (Sl 18). Este som, é a Palavra, Cristo que os apóstolos tem a missão de anunciar, eles não devem anunciar a si próprios, mas a Outro que é maior que eles. Aqui chamo atenção para uma realidade que vivemos hoje, muitos se autodenominam “apóstolos”, quem lhes conferiu tal missão, ninguém a não ser eles mesmos, que pobreza, enquanto os apóstolos de Cristo foram gerados da oração, do momento de profunda intimidade com o Pai, muitos se autocriam apóstolos, para anunciarem a si mesmos e não a Cristo, usam o santo Nome do Senhor, mas mascaram o seu Evangelho, isto é mais uma prova verdadeira de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica.
Os apóstolos viveram para anunciar a Cristo, deram suas vidas pelo anúncio do Santo Evangelho, derramaram seu sangue pelo reino e por isso foi premiados com a palma da vitória, é o que rezava a antífona de entrada da missa: Estes são os homens santos, que o Senhor escolheu com verdadeiro amor. O Senhor deu-lhes a glória eterna. Amém!
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