quinta-feira, 20 de outubro de 2011

SENHOR NÃO SOU DIGNO DE ESTAR DIANTE DE TUA PRESENÇA

Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: ‘Afasta-te de mim, Senhor, porque sou pecador’” (Lc 5,8).

Amados irmãos e irmãs mais uma quinta-feira, Nosso Amado Deus nos dá a graça de recordarmos a sua entrega de amor, quando na véspera de sua paixão, deu-nos o seu Corpo e o seu Sangue como alimento de nossa salvação. Somos chamados a contemplar com reverência e piedade, com temor e tremor o Mistério da Eucaristia; quero meditar estas santas palavras do Evangelho de S. Lucas no relato sobre a vocação dos quatro primeiros discípulos, no encontro de Jesus com Simão, Tiago e João à beira do lago de Genesaré na pesca milagrosa. Ao grandioso poder de Jesus que ao encontrar os discípulos pescando pediu que eles lançassem as redes, e os discípulos se questionaram e disseram a Jesus que já tinham passado a noite inteira pescando e não pegaram nenhum peixe, mas ao pedido de Jesus eles lançaram as redes e  veio o assombro e o espanto, eis que recolheram do mar uma rede cheíssima de peixes a ponto de quase romper as redes e o barco afundar, quando Simão viu o grande sinal do poder manifestado por Jesus, ele se atirou aos pés dele, e se reconheceu um mísero pecador que não era digno de estar diante da presença de Jesus. Eis as palavras do evangelho: “Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: ‘Afasta-te de mim, Senhor, porque sou pecador’” (Cf. Lc 5,1-11).


Quero fazer uso desta atitude de Simão Pedro para meditar sobre como deve ser a nossa atitude diante do mistério da santíssima Eucaristia. Vejamos, quando deixamos nossas casas para irmos à Igreja, a Casa de Deus a Morada do Altíssimo, para celebrarmos com fé o santo sacrifício da Missa, memorial perene da Paixão de Cristo, deveremos ter no coração o desejo de irmos nos encontrar com Deus, Ele está no meio de nós, é o Emanuel, o Deus-conosco que entra em nossa história, vem ao nosso encontro, traz a eternidade o céu a nós, vinde e vede. Já nos dizia São Lourenço de Bridisi: “a missa é o céu na terra”. que presente Deus nos dá, nós que queremos ir até ele, e ele vem até nós, que maravilha, o céu nos é antecipado em cada Santa Missa. Qual deve ser a nossa atitude se não de correr apressadamente para provar as maravilhas de Deus. Mas o céu nos é dado pela oferta dolorosa de Cristo na cruz, por isso cada missa é a presentificação do único sacrifício de Cristo,  ir a missa é ir ao calvário, já nos dizia o Papa Pio XII: “o altar de nossas igrejas não é diferente do altar do Gólgota; pois ele também é um monte encimado por uma cruz e por um crucificado”. Também com as mesmas palavras no ensinava o beato Papa João Paulo II: “Ir à missa quer dizer ir ao calvário para encontramo-nos com o nosso redentor. A missa é a celebração da Paixão, Morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, o seu mesmíssimo sacrifício. Em nossos corações devem estar as palavras de S. Tomé: “vamos nós também, para morrermos com ele” (Jo 11,16).

 A este divino mistério deveríamos de fato correr pressurosos, não deveríamos poupar esforços, ou arrumar desculpas para não irmos a missa, Santo Afonso Maria de Grigório que caminhava horas, disse uma vez a um irmão: “Meu caro, vou fazer dez milhas a pé, para não perder a santa Missa”. Deveremos correr ao encontro do Senhor, mas com o coração tremendo e temendo de nos aproximarmos deste extraordinário mistério de fé, é viver a experiência de Moisés: tira as sandálias dos pés, pois o lugar que estás é santo, ou seja, deixa o pó de nossos pecados, da terra de nossas misérias, nos despojemos de nós, nos reconheçamos pequenos diante Deus.

Ao chegarmos diante da porta da Igreja, do santuário onde o Altíssimo habita, tenhamos o nosso coração reclinado e retiremos as nossas sandálias e adentremos no solo santo. Ao entrarmos na Jerusalém celeste, façamos nossa humilde oração, pedindo a Deus a sua graça para celebrarmos o seu divino sacrifício, para com ele ofertarmos também a nós mesmo como sacrifício espiritual, podemos aqui lembrar um trecho da belíssima oração de Sto. Tomás de Aquino em preparação para a missa: “Ó Deus eterno e todo-poderoso, eis que me  aproximo do sacramento do vosso Filho único,  nosso Senhor Jesus Cristo. Impuro, venho à fonte da misericórdia; cego, venho à luz da eterna claridade; pobre e indigente, venho ao Senhor do céu e da terra. Imploro, pois, a abundância de vossa imensa liberalidade, para que vos digneis curar minha fraqueza, lavar minhas manchas, iluminar minha cegueira, enriquecer minha pobreza e vestir minha nudez com vossa graça”.

Não somos dignos de estar diante da presença de Deus, daquele que é santíssimo, somos pobres, indigentes, cegos, mendigos, somos infinitamente necessitados de Jesus, só nele está a fonte da Vida, somos pecadores, marcados pelas fraquezas de nossas inclinação ao mal, e por isso estamos como que nus, muitas vezes sem a veste do banquete. Somos indignos, de nos aproximarmos da mesa do Rei, por isso que assim como Maria de Betânia caiu sob os pés do Senhor, devermos também nós cairmos de joelhos diante de seu altar e rogar a ele que com sua graça infinita ele nos ajude, se compadeça de nossas iniquidades, não nos trate como exigem as nossas faltas, mas nos cumule com sua misericórdia.

Devemos nos atirar aos pés do Senhor e pronunciar diante dele, de sua presença real no sacramento da Eucaristia as palavras de Simão Pedro: “‘Afasta-te de mim, Senhor, porque sou pecador’” (Lc 5,8). Por isso que no ato penitencial somos convidados a inclinar nosso coração e confessar diante de Deus nossas mazelas, reconhecendo que ele é Grande e Santíssimo, devermos nos apresentar como míseros pecadores, e rogar com humildade a Deus que ele tenha pena de nós, devemos bater no peito reconhecendo nossas faltas, e pedir a Jesus que nos revista com a graça de seu Espírito e nos faça menos indignos de estarmos diante dele para celebrarmos o seus santos mistérios.

Diante da eucaristia, todos são chamados a viver o que um dia S. Francisco de Assis disse: “O homem deve tremer, o mundo inteiro deve fremir, o Céu deve comover-se, quando, sobre o altar, nas mãos do sacerdote, aparece o Filho de Deus”. O Senhor vem a nós que grande alegria! “Donde nos vem a honra do Senhor vir até nós, que méritos temos, mas é isso, a Eucaristia é para nós, ele vem a nós porque é amor, a eucaristia não é só para os santos, mas para os pecadores para que este no itinerário de suas vidas, se afastem do pecado e vivam uma vida santa. É o Pão dos anjos, o Pão do céu, se a cada dia compreendêssemos quem é o Deus que recebemos em comunhão diríamos como santa Madalena de pazzi: “que pureza não guardaríamos no coração”. Por isso que em cada santa Missa, antes de recebermos a carne do Cordeiro Santo e Imaculado, proclamamos com fé: “Senhor eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”

Amados irmãos devemos a cada dia manifestar nossa gratidão a Deus por esta grande graça que ele nos concede, podermos nos aproximar de sua mesa, de seu altar e receber a sua vida, alimentar-se do Pão da Vida eterna, por isso, que não podemos perder o costume de no final de cada celebração rendermos a Deus a nossa ação de graças, os santos que eram adoradores da Eucaristia passavam horas depois da celebração, rendendo louvores a Deus pelo alimento recebido, Deus está em nós, nosso coração é um sacrário vivo, a nossa alma foi desposada pelo amado, nos tornamos quem recebemos, é  a nossa divinização, o Espírito habita em nós, vai nos restaurando, assim reza o sacerdote: “E nós vos suplicamos que participando do Corpo e Sangue de Cristo, nos tornemos em Cristo um só corpo e um só Espírito”. O Espírito de Cristo é o doce hóspede de nossa alma, que momento grandioso, não podemos deixar passar despercebido, mais uma vez nos ensina santa Maria Madalena de pazzi: “os minutos que vem depois da comunhão são os mais preciosos que temos em nossa vida; os mais apropriados de nossa parte para entreter-nos com Deus, e da parte de Deus para comunicar-nos o seu amor”.

Sabemos que não nossos dignos, mas Deus nos concede esta maravilha, só amor nos faz compreender esta ação de Deus, Ele que é amor, se dá em amor a nós na eucaristia, como não o retribuirmos com amor, a Eucaristia é o amor que supera todos os outros amores no céu e na terra, é o sacramento do amor, produz amor e significa amor. Eis o admirável Sacramento da fé, dom de amor, a Ele a honra e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.




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