segunda-feira, 19 de setembro de 2011

IV - A RELAÇÃO DE AMOR ENTRE SACERDOTE E COMUNIDADE

É duro para um pastor a separação, pois aquelas ovelhas são vida para ele, elas construíram e realizaram os sonhos do pastor e o pastor construiu e realizou os sonhos delas. Mas o pastor sabe que por Deus e a sua Igreja, pelo sim obediente e mortificante do eu na ordenação  dado ao bispo com sucessor dos apóstolos, ele deve ao se deixar conduzir pelo Senhor da História, deve ir para esta comunidade nova, até, então desconhecida, que o faz temer e tremer mais uma vez a missão, mas ter a certeza que Deus consumará a obra começada e o ajudará com sua graça. Deve deixar a comunidade de seus sonhos, a “menina de seus olhos”, o rebanho de seu amor,  pois como Igreja de Cristo o sacerdote viveu com ela, as inúmeras alegrias de ser padre. Ser pastor verdadeiramente segundo Cristo é no dizer de santo Agostinho: “Aquele que apascenta não a si, mas as ovelhas... com as ovelhas é cristão e pastor... cristão para proveito de si e pastor para proveito das ovelhas” (Do sermão sobre os pastores).
Quando se é pastor de verdade se tem a consciência de que tudo o que foi realizado na comunidade, não só por ele, mas por toda a comunidade, foram feitas, não para “esperar dádivas para si mesmo, mas porque ele buscou frutos para o rebanho” (Fl 4,17).
  A segunda verdade se refere á comunidade, e se revela como fruto ofertado a Deus para o bem de si e de toda a santa Igreja. Entendamos, quando um pastor plantou, semeou, regou e colheu frutos em sua comunidade, ele o fez porque tinha projetos, metas que só seriam realizados com a ajuda da comunidade, pois sozinho o padre não faz nada. Pois bem, pensemos se outrora a comunidade estava engatinhando como uma criancinha, necessitando da ajuda de um pai que a tome pela mão e com ela dê os primeiros passos, quando esse pai cuida e promove, ela vai caminhando, crescendo, enfim, torna-se grande, embora, tenha muito o que aprender, Ela apenas, no dizer de Santo Agostinho: “Ela foi tirada da areia e colocada na Pedra”, e esta pedra é Cristo (1Cor 10,4) o Sacerdote pastor tira as ovelhas do terreno fraco que a faz afundar e as coloca num lugar seguro, perto da rocha da vida e da salvação, Cristo Jesus. Mesmo tendo dado grandes passos, se tem muito a fazer, a semente foi lançada, cresceu e deu fruto. É esta a dinâmica de Deus. Que bom seria se um sacerdote que ama e é amado por seu rebanho, não o deixasse, mas os planos de Deus são outros, Deus nos surpreende sempre, para o bem e a vida da Igreja que tantas vezes sofre, é esmagada, cuspida, escarnecida, pisoteada e massacrada por maus pastores, que apascentaram a si mesmos, tiraram a lã das ovelhas, comeram de sua gordura e de seu leite as extraviaram.
Deus pede a uma comunidade o seu pastor fiel e solícito, o bom administrador o servo fiel, que tanto deu vida a ela, mas que precisa agora dar vida a outro rebanho que está cansado, extraviado, para a Igreja de Cristo continuar vitoriosa, frente as perseguições e açoites sofridos. Deus pede o que tem de melhor para sarar o seu rebanho.
Então, quando uma comunidade chora, se entristece pela saída de seu pastor que fisicamente as deixará, não espiritualmente, porque quem sempre esteve nunca pode partir, pois perto está quem mora dentro do coração, se pela força da distância tu te ausentas, pelo poder que há na saudade voltará, pois a saudade não é o que passou, mas o que ficou em nós do que passou, ou seja, a vida do pastor, eternizada no coração das ovelhas.
A comunidade deve num choro alegre, ofertar o seu pastor a Deus, entregando tudo aquilo que ela é e o que tem, lembremo-nos a vida da ovelha é o pastor. Toma Senhor o fruto, a semente boa, o bom semeador, o bom pastor, o bom operário da tua vinha, o nosso guia, mestre, pai, o que temos de melhor que tu mesmo nos deste, mas que verdadeiramente é teu, toma como oferta simples e humilde, no amor, na alegria, com nossas lágrimas, nossos sonhos, toma esta tua semente e planta na terra seca, árida de outro rebanho para que ele possa ter vida e tua Igreja, reine, brilhe, resplandeça como luz no firmamento. É a oferta grandiosa que os irmãos na fé, oferecem a Deus, para a Igreja na vida de outros nossos irmãos, afinal, somos um único rebanho, tendo um único pastor, membros do mesmo corpo tendo Cristo como cabeça, temos um só coração, uma só alma, uma única fé, o mesmo senso e fé, unidos como ovelhas do rebanho de Cristo. Não podemos pensar só na nossa comunidade, mas em toda Igreja, afinal não somos igrejas, somos A Igreja de Cristo, e por conseguinte, o nosso bem deve ser o do outro irmão de outra comunidade, não devemos pensar só no nosso bem, mas no bem comum, somos a religião do Amor que é uma pessoa e que se fez amor, ensinou o amor, morreu por amor, e pede de nós o amor, o Deus que cremos é Amor, e isto implica, doação, renúncia de si, entrega. “os Cristãos são para o mundo o que a alma é para  corpo” (Carta a Diogneto).

Nenhum comentário:

Postar um comentário