terça-feira, 20 de setembro de 2011

V - A RELAÇÃO DE AMOR ENTRE SACERDOTE E COMUNIDADE

Deus não pede de nós o nosso lixo, ou o resto, ele pede o nosso tudo que também é nosso nada. Então, é o pastor solícito que Deus pede, é o operário que multiplicou os talentos. No dom de seu pastor a outro rebanho a comunidade deve agradecer porque nela, “ O Senhor Deus realizou maravilhas, ele olhou para sua pequenez, para exaltá-la” (Lc 1, 47.49.52). Deus escolheu esta comunidade, “Deus visitou o seu povo” (Lc 1,68). É preciso ver esta realidade tão profunda, entregar o pastor é saber que Deus não nos abandona, pelo contrário Ele está mais perto de nós, e se alegra porque vamos edificando o seu Reino.
Para a comunidade são consoladoras as palavras de Santo Agostinho: “oferece-lhe a atadura da consolação, pensa o que está fraturado”. Mais uma vez, uma comunidade de fé, não pensa em si mesma, no seu bem somente, mas num bem maior, o da Santa Igreja, a nossa Mãe que nos dá tudo e não nos tira nada.
As Ovelhas oferecem o seu sacerdote e pastor (a atadura da consolação) que tantas vezes as consolou e aliviou as suas dores, para que ele cure outras ovelhas que estão fraturadas pelos maus tratos, pelo peso das dores e dos sofrimentos da vida.
A Igreja para usar outra imagem, é como uma videira possuidora de muitos ramos, que crescem por todos os lados, e se estendem por toda parte. Ela conhece os ramos presos a ela, e conhece também os que foram cortados. É a esses ramos cortados que estão dispersos como ovelhas extraviadas e desgarradas que o sacerdote deve ir buscá-las, pois, “Deus é poderoso para enxertá-las de novo” (Rm 11,23).
Quando na ordenação o sacerdote coloca as suas mãos entre as do bispo, lembrando o que os servos faziam a seus senhores num gesto de obediência total, ele  se entrega a Deus em seu representante, o Bispo, quase como que dissesse: “sou teu”. Promete ali obediência a Deus, a ir aonde Deus o mandar, a fazer o que Deus lhe pedir, quem tem as rédeas da vida agora é Deus, uma obediência total. Depois o Bispo impôs as mãos sobre o sacerdote, quase dizendo: “tu és meu”. É de Deus, o seu escolhido, para ir aonde o Senhor mandar, será operário e instrumento para a edificação da vinha do Senhor.
Por isso, Deus pede de uma comunidade a oferta de seu pastor, pois com a dispersão das ovelhas “não houve quem as buscasse, quem as reconduzisse, não houve quem as procurasse” (Ez 34,7). Daí a escolha de Deus, ele quis quem tivesse a coragem de buscar e reerguer as suas ovelhas.
É esta a belíssima verdade escondida na entrega de um pastor amado que uma comunidade faz a Deus, repito, pelo bem da Santa Igreja, Nossa Mãe.
Quero concluir com outra verdade sobre a relação sacerdote e comunidade. Vejam, quando um sacerdote ama o seu ministério, ama a Jesus, Sumo e Eterno Sacerdote, ama o rebanho a ele confiado, porção da Igreja de Cristo, tudo o que ele fez na doação da própria vida pela comunidade, ele sabe e reconhece que o fez para Cristo, apascentou as ovelhas para o Bom e Divino Pastor, não buscou a sua glória,  o seu benefício, mas a glória de Cristo. No final de seu trabalho em uma comunidade que tanto amou, ama e foi amado;
Este sacerdote com toda humildade de seu coração impelido pela força do  Espírito de Cristo pelo qual foi ungido na sua ordenação e impelido na sua missão a frente de uma comunidade que Deus lhe confiou, pode dizer como São Paulo já no fim de sua missão apostólica:

“não procuro os vossos bens, mas procuro a vós mesmos. Não são os filhos que entesouram os bens para os seus pais, mas os pais, para os seus filhos. De bom grado em me desgasto e muito mais me gastarei para o bem das vossas vidas. Se meu sangue eu derramar por todos vós, e sacrifício e em favor de vossa fé, terei muita alegria”. (2Cor 12,14b-15a; Fl 2,17) “Fiz-me fraco com os fracos, para os fracos conquistar. Fiz-me tudo para todos, para todos serem salvos. Eu faço tudo isso por causa do Evangelho, para dele ser partícipe”. 
 (1Cor 9,22-23)


O BOM PASTOR É AQUELE QUE DÁ A VIDA PELAS SUAS OVELHAS


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