quarta-feira, 28 de setembro de 2011

QUEM SEGUE JESUS NÃO OLHA PARA TRÁS, MAS SEGUE EM FRENTE

Naquele tempo, 57enquanto Jesus e seus discípulos caminhavam, alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. 58Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. 59Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. 60Jesus respondeu: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. 61Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. 62Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.

O Evangelho como Boa-Nova de Salvação nos apresenta Mais um encontro de Jesus com uma pessoa, essa é a dinâmica do Reino de Deus anunciado por Ele, Jesus nunca está preocupado com multidões, ele deseja sempre encontrar pessoas e convidá-las ao seu seguimento. Pois, bem, Jesus quando encontra estas pessoas, ele está sempre em caminhada, está andando, passando pela estrada da vida. Jesus estava caminhando com seus, para onde ele estava indo? O próprio Evangelista Lucas nos aponta para onde Jesus ia, diz-nos Ele: “Caminhava para Jerusalém” (Lc 9,53). Jesus caminhava para a sua Paixão, preparava-se para enfrentar o caminho da cruz, a sua via dolorosa. É para esta hora, é para fazer este caminho que Jesus chama a quem ele encontra, pois é a via de salvação e de felicidade sem fim. O caminho do discípulo, daquele que segue ou que deseja seguir a Cristo é o caminho da cruz, da paixão. É neste caminho, passando na estrada que ele encontra alguém, quem seria este alguém no anonimato da vida? Não o sabemos, mas somos chamados a ser esse alguém, sou eu, são vocês, somos nós que estamos na estrada, na jornada, no caminho da nossa pobre e humilde existência; é no ordinário de nossa vida que encontramos Jesus, ele passa na nossa História, porque Ele é o Senhor da História, ele veio e vem em cada momento, apenas corremos o risco de não percebermos estas vindas de Deus a nós.
Aquela pessoa faz uma pergunta até corajosa a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que vás”. Pela sua afirmação aquela pessoa está disposta a seguir deveras a Jesus, caminhar nos passos deixados por ele, a imitá-lo até o fim. Está disposta a entregar o rumo da própria vida a Jesus. O Divino Mestre de forma figurativa apresenta como é o caminho e as consequências de quem o segue, aquilo que se deve enfrentar. Diz Jesus: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. Era como, se Jesus estivesse dizendo: me seguir é não ter nada , despojar-se de si, renunciar a si mesmo, é viver a pobreza de Deus, é ser um pobre de Deus. É viver como um estrangeiro, sem pátria definitiva, sem morada definitiva, todo lugar que se chega é a pátria, mas se vive como peregrino, pois a Pátria definitiva e verdadeira é o Céu, o discípulo de Cristo é cidadão do céu. E o caminho do céu, da Jerusalém Celeste, passa pela cruz, ela é a ponte e a escada da eternidade. Muitas vezes no caminho do discipulado somos assim, encontramos Jesus, e dizemos que o seguiremos. Mas queremos segui-lo pelo fascínio, pelo mero encanto e não pela sua pessoa e pela missão. Deveremos sempre entender que seguir Jesus é tomar a própria cruz, renunciar a si mesmo e segui-lo até a cruz, sendo crucificado com ele. Será que estamos dispostos a esta grande e árdua missão?
O texto não nos diz nada se  aquela pessoa seguiu Jesus, o certo é que Jesus apresentou a regra de vida, o projeto pessoal de quem quer segui-lo. E hoje Jesus apresenta esta regra de vida para o discipulado, não pensemos que segui-lo é levar uma vida cômoda, tranquila, sem maiores dificuldades ou tribulações, com sombra e água fresca. Quando tudo é bom, logo esquecemos Jesus, pois estaremos preocupados conosco, com os meros prazeres da nossa vidinha. Não é fácil ser discípulo de Cristo, não e fácil ser cristão, deveremos enfrentar em nossa carne, na própria vida, tudo aquilo que Jesus experimentou. Se queres abraçar o caminho da cruz, sofrer com esperança e fé firme para alcançares o céu, bem vindo a Igreja Católica, a carteira de identidade do Cristão é a cruz.
Retomemos o texto, Jesus foi mais adiante naquele percurso e encontrou outra pessoa, mais uma vez, na vidinha ordinária, Deus vem, para e encontra uma pessoa, e o chama para ser seu discípulo: “segue-me”. Continuamente Jesus passa em nossa estrada e nos chama. A resposta daquela pessoa, não foi a de alguém que está disposto a entregar o rumo da própria vida a outro, não foi uma resposta de um discípulo, como aquela que Abraão, de Tiago, João, André, Pedro, não perguntaram nada a Jesus, para onde ele os iria levar, nem se preocuparam com o tinham de fazer, ou o que/quem iria deixar, apenas o seguiram. Esta não foi a atitude da pessoa que Jesus encontrou, ele quis antes terminar o que deixou, fazer o que tinha de fazer. Assim somos nós, Deus nos chama e nós queremos aprontar tudo, sinal de que se não der certo este seguimento, logo é possível retornar a vida de antes. Seguir a Jesus é deixar tudo e não dizer nada, apenas caminhar olhos fixos nele, seguindo as pegadas deixadas na terra muitas vezes árida de nossa vidas, sem ter medo de viver a aventura da fé.
Jesus encontra outro nesta sua caminhada para a hora da Cruz, e este não diferente do anterior disse que seguiria Jesus, mas antes tinha que concluir o que deixou, deixar acertada a vida, pois ao tomar um caminho desconhecido, se caso fracassasse se poderia logo voltar a vida antiga. Repito seguir Jesus é não ter medo de dar a direção de nossa vida para que o Outro dirija e nos leve para onde ele quer. Seguir Jesus, não é olhar para o passado da própria vida e ver o que nos prende, o que deixamos; seguir Jesus não é pensar no que vai acontecer no futuro, até porque é algo incerto. Seguir Jesus é pensar no hoje de nossa vida, é viver cada momento como diz Sto. Agostinho: “num eterno presente”; pena que muitas vezes no mundo hodierno vivemos sem um rumo certo, sem perspectivas, sem ideais; vivemos em um mundo sem esperança, um mundo de medo, um mundo escuro, vazio.
Seguir Jesus é acreditar com fé que aquele que nos chama nos dará a felicidade que permanece, que não murcha, ele não nos engana, nem nos decepciona, pelo contrário como diz o salmista: “Ele nos dará tudo o que é Bom”. Termino com as palavras do Beato Papa João Paulo II: “quem segue a Jesus não perde nada, pelo contrário, ganha tudo” esse tudo é Jesus, é o céu, é a vida dos bem-aventurados. Seguindo Jesus encontraremos o rumo certo de nossas vidas, pois nossa vida está escondida com Cristo em Deus, Ele nos revela quem ele é e quem nós somos.

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