segunda-feira, 19 de setembro de 2011

I - A RELAÇÃO DE AMOR ENTRE SACERDOTE E COMUNIDADE

Caros amigos e amigas, a vós graça e paz da parte de Jesus Cristo Nosso Senhor, autor e consumador de nossa existência, razão de nossa esperança, consolador e refúgio nos momentos de tribulação. Depois de uma meditação sobre a relação da vida sacerdotal com o pastoreio de uma comunidade, quero partilhar algumas palavras que se derramam de meu coração tão inquieto e ao mesmo tempo admirado pelas ações de Deus na jornada de nossa vida.
Numa conversa fraterna sobre a relação do sacerdote, enquanto, pastor e uma comunidade, enquanto, rebanho, experimentei em meu coração quão esplêndida beleza a ser descoberta e redescoberta a cada instante. Vejamos, Um homem é revestido da graça de Deus, revestido do Espírito de Deus no dia de sua ordenação sacerdotal, retirado do meio dos homens, dos seus afazeres, de seus sonhos, de seus projetos, de sua "vidinha" para ser constituído em favor dos homens, para não viver para si mesmo, mas para uma multidão de irmãos que irão circundar toda a sua vida. Para ser Pastor de um rebanho que não é seu, mas de Cristo, e é a Ele, ao redil dele que as ovelhas deverão ser conduzidas.
Para entender esta relação sacerdote/comunidade, nos reportemos ao dia admirável da ordenação sacerdotal, aquele que foi escolhido por Deus em nome da Igreja, respondeu de forma tão simples ao chamado da Igreja a pequenina palavra: "Presente", aqui já se esconde a profundidade de como deve ser paltada a vida sacerdotal, neste presente, neste sim, está a resposta, ao convite da Santa Mãe Igreja: estás pronto para morrer para ti mesmo?, estás pronto a renunciar quem tu és? estás pronto para ser para outro e para o Outro? Estás pronto para seres pastor dando a vida pelas ovelhas? então, nesta aceitação verdadeira de morrer para si, para ser para outros e para o Grande Outro, Deus, o ministro já vai entregando o rumo da própria vida a outro, vai colocando a própria vida, seu destino, seu futuro nas mãos de Deus.
Na ladainha ele morre para o velho, se entrega, se abandona em Deus, sou todo teu Senhor, depois é revestido das sagradas vestes, ungido, consagrado com o óleo do Espírito que como um fogo abrasador queima, consome o homem antigo, como um sacrifício, e nasce um homem novo, um sacerdote, um pai, um pastor, um guia e um mestre, repito, não para si mesmo, mas para outros e o Outro. Depois se recebe em suas mãos as oferendas do povo santo de Deus, a vida dos homens, o fruto da terra fecundada por Deus e o esforço do trabalho humano que em toda a sua vida o sacerdote vai oferecer a Deus Pai, por Cristo, no Espírito, conformando a própria vida com a de Cristo, e a vida de Cristo como foi? ser para outros e para o Outro. É a cada dia subir ao altar de Deus levando o coração, a vida, os sonhos, as alegrias, as dores, o cansaço de si, e mais ainda, de uma multidão de irmãos.
O sacerdote quando é ordenado se torna um pequeno pastor com O Grande Pastor, recebe um rebanho para pastorear, ovelhas para cuidar, vidas para levar ao céu. Certamente é uma missão árdua, dolorosa, faz temer e tremer, mas é gratificante porque ela é para a glória de Deus e a santificação dos homens, dizia santo Irineu: "a gloria de Deus é o homem vivo".
Pensemos quando um sacerdote chega ao redil para cuidar de suas ovelhas com tantos sonhos, planos, ideias e ideais certamente maturados no tempo de seminário; e ao chegar no redil, o encontra sem vida, sem motivação para a vida de fé, de oração, desanimado pelas fadigas da vida, sem esperança, cansado, fraco na fé; é óbvio que isso causa espanto, e ao ver as ovelhas machucadas, solitárias, doentes espiritualmente, fracas, outras que fugiram do redil, saíram e tomaram um caminho desconhecido, atoladas no lamaçal da vida, ou até mesmo estão tão feridas e maculadas que não têm forças para se erguer. Ó Quanta dor! Ó quanto espanto causa no pastor, e ele sabe que tem muito a ser feito; e como homem marcado pelas imitações da vida e da história, treme em seu interior a ponto de pensar ser difícil de realizar tão árduo trabalho.
Só que quando o pastor não vive para si, mas para o outro e o Outro, ele não teme, assim como diz o salmista: "assim não tememos se a terra estremece e os montes desabam caindo nos mares", o sacerdote quando ama a sua vocação, ele não teme em sentir a terra, o chão da vida de seu redil treme pelas lágrimas que cairam de suas ovelhas tão cansadas, não teme se os projetos da vida da comunidade estão desabando, o desamparo, a desesperança os desmorona; o pastor solícito que ama o seu rebanho, entregando a própria vida ao Grande pastor, Cristo, se deixa guiar ainda mais pelas palavras esperançosas e encorajadoras do salmista: "pois em feroz tempestade, Ele (Deus) vem ajudá-la, pois nosso Deus é um socorro na angústia".

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