sexta-feira, 23 de setembro de 2011

São Padre Pio um estigmatizado por amor

Hoje celebramos com fé a memória de São Pio de Pietrelcina, o primeiro sacerdote a receber em seu corpo os estigmas, ou seja, as chagas de Cristo.  Sou devoto deste venerável santo, em sua vida ele uniu como centro existencial vivificador de sua existência: A Cruz e a Eucaristia. São dois elementos de fé que marcam o minha jornada vocacional, foi em um retiro diante da cruz que me senti chamado a abraçar a vida sacerdotal e a primeira vez que subi ao altar do Deus que alegra a minha juventude, foi no dia de Corpus Christi. Quando li alguns escritos sobre a vida deste grande santo, fiquei muito admirado pela sua espiritualidade da cruz, mística e piedade, uma extraordinária devoção à Virgem Maria, e um ardoroso zelo na cura de almas por meio do sacramento da confissão. Descrevo abaixo, um trecho de seu epistolário, os seus escritos da direção espiritual que fazia, neste trecho ele narra como se deu a recepção dos estigmas da paixão de Cristo.
Numa carta ao Padre Benedetto, datada de 22 de outubro de 1918, o Padre Pio narra a sua "crucifixão": O que posso dizer aos que me perguntam como é que aconteceu a minha crucifixão? Meu Deus! Que confusão e que humilhação eu tenho o dever de manifestar o que Tu tendes feito nessa mesquinha criatura!".
Foi na manhã do 20 do mês passado ( setembro ) no coro, depois da celebração da Santa Missa, quando fui surpreendido pelo descanso do espírito, pareceu um doce sonho. Toso os sentidos interiores e exteriores, além das mesmas faculdades da alma, se encontraram numa quietude indescritível. Em tudo isso houve um silêncio em torno de mim e dentro de mim; senti em seguida uma grande paz e um abandono na completa privação de tudo e uma disposição na mesma rotina.
Tudo aconteceu num instante. E em quanto isso se passava, eu vi na minha frente um misterioso personagem parecido com aquele que tinha visto na tarde de 5 de agosto. Este era diferente do primeiro, porque tinha as mãos, o pés e o peito emanando sangue. A visão me aterrorizava, o que senti naquele instante em mim não sabia dizê-lo. Senti-me desfalecer e morreria, se Deus não tivesse intervindo sustentar o meu coração, o qual sentia saltar-me do peito. A visão do personagem desapareceu e dei-me conta de que minhas mãos, pés e peito foram feridos e jorravam sangue. Imaginais o suplício que experimentei então e que estou experimentando continuamente todos os dias. A ferida do coração, continuamente, sangra. Começa na quinta feira pela tarde até sábado. Meu pai, eu morro de dor pelo suplício e confusão que experimento no mais íntimo da alma. Temo morre em sangue, se Deus não ouvir os gemidos do meu pobre coração, e ter piedade de retirar de mim está situação..."
Que admirável mistério na vida deste pobre capuchinho, Jesus imprimiu as suas chagas de amor em seu corpo, que identificação total com Cristo este grande santo experimentou, repetindo em sua pobre e humilde vida as mesmas palavras de S. Paulo: “trago em meu corpo as marcas da paixão”, as marcas do amor, da misericórdia, da bondade, da mansidão, da ternura.  Sua identificação e imitação de Cristo, como verdadeiro discípulo dele, o configurou ao seu Mestre, padre Pio colocou a própria vida em sacrifício pela salvação do mundo, de tantas almas ansiosas por repousar o seu coração em Deus.
A contemplação ardorosa do cruxifcado era alimento vital e diário para a alma de Padre Pio, a via-sacra de Jesus se transcorria em sua vida, ele carrega Jesus em seu coração, em sua existência, e todo o sofrimento, as perseguições, as calúnias, os afastamentos, as proibições de celebrar missa e confessar, não lhe desanimavam, nem o amedrontavam, por isso, dizia aos seus dirigidos e dirigidas: “Tenha Jesus Cristo em seu coração e todas as cruzes do mundo parecerão rosas”. Deveras desde sua terna infância, o santo do Gragano, compreendeu que sua vida seria pautada pela Cruz, resplandecia nele a virtude da Fortaleza. Tudo suportava por amor a Cristo e pela salvação dos homens.
Na vida de São Pio se encerram as palavras de São Paulo: “Quanto a mim, Deus me livre de me gloriar, a não ser da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl  6,14). Verdadeiramente já era o Pio que vivia, mas era Cristo que vivia em Pio de Pietrelcina.
Padre Pio tinha uma grande devoção eucarística, fruto de seu amor incondicional a Jesus, o crucificado que ele contemplava, que trazia em seu corpo, se dava em sacrifício no altar como Sacramento admirável do Amor Maior. Padre Pio tinha um amor e um zelo extraordinários pela Eucaristia, o ápice de sua vida era celebrar em cada manhã o santo Sacrifício da Missa para glória de Deus e  santificação dos homens. Dizia ele: “O mundo pode até viver sem o sol, mas não sem a Missa”... se as pessoas soubessem verdadeiramente o que era a missa, haveriam guardas nas portas das Igrejas, para conter e organizar a multidão que corria pressurosamente para celebrar a paixão de Nosso senhor Jesus Cristo”.
Em cada manhã uma multidão se dirigia a pequena Igreja de San Giovanni Rotondo para participar da santa celebração com o pobre capucho, que amor! Que piedade! Que santo temor e reverência Padre Pio tinha ao subir o altar e oferecer o santo sacrifício! Que humildade! Era como experimentar mais uma vez no tempo da historia o calvário, o mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Era viver profunda e verdadeiramente o drama da paixão, era subir ao altar de Deus com o coração, com alma, com toda a vida.
No filme que conta a vida de São padre Pio, logo quando ele recebeu os estigmas muitos duvidaram, e por isso, achando que era uma invenção do santo, ele passou a ser investigado de perto por outros sacerdotes, certa manhã como era de costume, pare pio celebrava a missa, naquele dia, alguns padres estavam investigando se de fato ele tinha recebido os estigmas, pois quando ele ia consagrar retirava as luvas que cobriam as doces chagas, e de suas mãos escorria sangue. Ao terminar a missa que durava cerca de duas horas, um dos padres se dirigiu a sacristia e perguntou a padre Pio: “uma missa dura 40 minutos e não 2 horas”, padre Pio com santa sabedoria e prudência respondeu: “Você quer colocar o calvário de Cristo em um relógio?”. Esta resposta, resumia, e mostrava como padre pio levava a sério a Eucaristia, para ele era preciso colocar em paralelo a cronologia da missa e a da paixão de Cristo.  O padre deveria no altar realizar o que Cristo realizou, pois no altar o padre é o próprio Cristo. É um homem suspenso no altar da cruz, o presbitério é sempre num lugar mais elevado, indicando o monte calvário e em cima do altar temos sempre uma cruz, para recordar que do alto do presbitério, qual calvário, esta encimado pelo bendito madeiro de nossa salvação.
Celebrar a missa era para padre Pio, unir a paixão de Cristo à sua paixão. Era não buscar as dores, mas a glória que vinha na união de corações com o sofrimento de Cristo unido ao seu. Imaginemos aquele pequeno crucificado, ao consagrar o preciosíssimo sangue de Cristo e ao toma-lo, o mesmo sangue, o de Cristo, se derramava em suas chagas, toda dor e sofrimento enfrentado era deveras, para a glória de Deus e a salvação dos homens.
Ao olharmos para a vida de São Pio, o seu amor ardente pela eucaristia, sua espiritualidade da cruz, devemos também colocar como eixos de nossa vida de cristãos e cristãs, a Eucaristia e a Cruz. Dois mistérios que na verdade são um só, pois antes de Jesus entregar o seu corpo na ara da Cruz, derramando todo o seu sangue, esvaziando-se por inteiro de si, num eterno movimento quenótico, para dar-se, entregar-se pela salvação da humanidade, ele antecipou o seu sacrifício, entregando o seu mesmíssimo corpo na última ceia, ofereceu o seu Corpo e Sangue, numa oblação de amor aos seus discípulos, Jesus impregnou  sacramentalmente no pão e no vinho  pela força do Espírito a sua paixão redentora. Na páscoa dos judeus, Jesus inaugurou a sua páscoa, deu-nos um novo rito, deu-nos a sua vida, deu-nos a sua história, suas dores, seus sofrimentos,  deu-nos a Eucaristia, o alimento a vida eterna, o alimento do céu.
Que em cada Santa Missa sejamos verdadeiros participantes deste drama, “missa não é festa, missa é drama” (Beato João Paulo II). Adentremos com toda a nossa vida, a coloquemos em sacrifício espiritual; muitas vezes não sabemos como deve ser a nossa participação de forma espiritual na missa, padre Pio nos ensina:  “devemos participar da santa missa como Maria, as mulheres e o discípulo amado estiveram no calvário diante da cruz”. Qual a postura deles? De fé, de confiança, de dor, mas de esperança, de piedade, olhando para aquele que estava transpassado. Adorando já ali o sagrado madeiro no qual estava suspenso o Senhor de suas vidas.
O ETERNO DEIXOU SUAS MARCAS DE AMOR EM MIM

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