quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Eucaristia, penhor da resurreição.

Que a paz do Cristo Ressuscitado esteja em vossos corações, desejo oferecer-vos nesta quinta-feira, dia dedicado à Sagrada Eucaristia, onde nós com alma devota acorremos à Jesus que está escondido sob o Véu do sacramento do altar, nos dirigimos com o coração sedento ao Trono da graça de Deus, ao Santo tabernáculo, para adorarmos o Nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, alimento de nossa alma, uma meditação eucarística de Santo Irineu.


Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

(Lib. 5,2,2-3:SCh153,30-38) (Séc.I)



Se não há salvação para a carne,também o Senhor não nos redimiu com o seu sangue. Sendo assim, nem o cálice da eucaristia é a comunhão do seu sangue nem o pão que partimos é a comunhão do seu corpo. O sangue, efetivamente, procede das veias, da carne, e do que pertence à substância humana. Essa substância, o Verbo de Deus assumiu-a em toda a sua realidade e por ela nos resgatou com o seu sangue, como afirma o Apóstolo: Pelo seu sangue, nós fomos libertados. Nele, as nossas faltas são perdoadas (Ef 1,7).

Nós somos seus membros e nos alimentamos das coisas criadas que ele próprio nos dá, fazendo nascer o sol e cair a chuva segundo sua vontade. Por isso, o Senhor declara que o cálice, fruto da criação, é o seu sangue, que fortalece o nosso sangue; e o pão, fruto também da criação, é o seu corpo, que fortalece o nosso corpo. Portanto, quando o cálice de vinho misturado com água e o pão natural recebem a palavra de Deus, transformam-se na eucaristia do sangue e do corpo de Cristo. São eles que alimentam e revigoram a substância de nossa carne. Como é possível negar que a carne é capaz de receber o dom de Deus, que é a vida eterna, essa carne que se alimenta com o sangue e o corpo de Cristo e se torna membro do seu corpo?

O santo Apóstolo diz na Carta aos Efésios: Nós somos membros do seu corpo (Ef 5,30), da sua carne e de seus ossos (cf. Gn 2,23); não é de um homem espiritual e invisível que ele fala – o espírito não tem carne nem ossos (cf. Lc 24,39) – mas sim do organismo verdadeiramente humano, que consta de carne, nervos e ossos, que se nutre com o cálice do seu sangue e se robustece com o pão que é seu corpo. O ramo da videira plantado na terra, frutifica no devido tempo, e o grão de trigo, caído na terra e dissolvido, multiplica-se pelo Espírito de Deus que sustenta todas as coisas. Em seguida, pela arte da fabricação, são transformados para uso do homem. Recebendo a palavra de Deus, tornam-se a eucaristia, isto é,o corpo e o sangue de Cristo. Assim também os nossos corpos, alimentados pela eucaristia, depositados na terra e nela desintegrados, ressuscitarão a seu

tempo, quando o Verbo de Deus lhes conceder a ressurreição para a glória do Pai. É ele que reveste com sua imortalidade o corpo mortal e dá gratuitamente a incorruptibilidade à carne corruptível. Porque é na fraqueza que se manifesta o poder de Deus.

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