Queridos amigos tendo iniciado com fé a Grande Semana de nossa Igreja, a Semana Santa, na qual somos inseridos no mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo, nos preparando para viver o Tríduo pascal, o ponto central no qual o Deus Vivo e verdadeiro, Uno e Trino se revela a nós, digo isso porque é na páscoa que a Trindade se Revela, é na páscoa que nós, cristãos e cristãs, encontramos a razão de ser, se revela quem é Deus e quem somos nós. Por isso quero partilhar convosco um estudo teológico que fiz, sobre a Quenose, ou seja, o aniquilamento, o rebaixamento de Deus, revelada no Mistério pascal; Deus é eterna doação de si, por isso que é Amor Total. Faço uma abordagem teológica e espiritual dos três dias nos quais celebramos a paixão e morte, sepultura e ressurreição de Cristo. Me apoio num grande teólogo e místico suíço do séc XX, Hans Urs Von Balthasar, que escreveu uma obra intitulada: “Teologia dos Três dias”. Ele foi um grande estudioso no mistério da Cruz de nosso Senhor e de sua descida aos mortos. Que estas reflexões vos ajudem a mergulhar nos umbrais do mistério infinito de Deus e de sua páscoa.
INTRODUÇÃO
A Pergunta de fé que paira no coração do homem, enchendo-o de anseio e inquietação é: “Quem é Deus?” O Evangelista João é quem nos dá a resposta precisa: “Deus é Amor” (1Jo 4,8). Este Deus Amor é o Deus Uno e Trino (Pai, Filho e Espírito Santo) que vive numa eterna autodoação de si, Ele é um abismo profundo de amor que se revela na nossa história e se manifesta de forma plena na Páscoa. Por conseguinte, o Mistério Pascal é o ponto central da fé cristã, o evento primordial onde a Trindade revela o seu amor eterno e absoluto no dinamismo intratrinitário (Ad Intra) e também econômico (Ad Extra) no que diz respeito ao homem. Esta revelação se dá por meio da entrega amorosa que o Pai faz do Filho que em obediência se deixa entregar, se esvazia de sua condição divina e assume a condição humana e mortal para enfrentar toda a sua miserabilidade até a morte de Cruz, aniquilando-se inteiramente. Esta ação do Filho de Deus chama-se “Kenosis”; ela nos permite perceber que Deus uma Nova Imagem em Deus, ele vive num eterno despojamento de si, esta é a sua essência, mais do que Poder em si, Deus é amor em si mesmo.
Esta pesquisa teológica tem como intenção refletir sobre a Quenose do Filho revelada no Mistério Pascal, mais especificamente no Sacro Tridum Mortis (Tríduo Pascal), não se trata de apresentar nenhuma novidade sobre este tema, mas somente trazer à luz em nosso tempo o grande e fascinante pensamento teológico do ilustre Teólogo Católico e Místico da cruz, Hans Urs Von Balthsar, a partir de sua obra: Mysterium Paschale – Teologia dos Três Dias. Uma vez que o Mistério da Pascoa é o verdadeiro centro de seu pensamento, a quenose do Filho é o ponto de partida e chegada de sua teologia.
Seguiremos o mesmo itinerário da obra Myterium Paschale, Três capítulos que correspondem a cada um dos três dias do Tríduo Pascal. O primeiro Capítulo (Sexta-Feira) dista sobre o Caminho para a Cruz, mostrando que o Filho foi enviado para enfrentar a Paixão, sua encarnação tende para a paixão. O Segundo Capítulo (Sábado-Santo) nos aponta a Ida ao encontro dos Mortos, a permanência no Reino do inferno, na região dos mortos, é o extremo da Quenose do Filho, o dia da morte de Deus, onde a Palavra se faz silêncio. O Terceiro Capítulo (Domingo-Páscoa) se refere à Volta ao Pai, é a Ressurreição como coroamento da missão do Filho, pois a Quenose enquanto movimento de descida implica também um movimento de elevação: “Deus (Pai) o exaltou (Filho Ressuscitado)”.
O caminho a ser percorrido neste estudo é de uma verdadeira via-sacra na busca de penetrarmos no Mistério da Trindade a partir do drama enfrentado pelo Filho dentro da história humana; este caminho deverá ser percorrido com reverência, piedade e contemplação, pois é esta a atitude daquele que perscruta o Mistério de Deus.
Que benção de artigo meu irmão, parabéns.
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