quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ADORO TE DEVOTE: Meditações Eucarísticas

Santo dia caros amigos e amigas em Cristo Jesus, chegamos a nossa quarta meditação teológica-espiritual sobre a Hino Eucarístico: Adoro te devote. Vamos mergulhar no insondável mistério da Santíssima Eucaristia, pedindo a Deus o dom de uma fé nova e renovada, para que creiamos sempre mais neste grande dom de amor que o Senhor Jesus nos deixou na véspera de sua paixão.



Plagas sicut Thomas non intueor
Deum tamem meum te confiteor
Fac me tibi semper magis credere
In te spem habere te diligere.

Tal como Tomé, também eu não vejo as tuas chagas,
Mas confesso, Senhor, que és o meu Deus
Faz-me crer sempre mais em ti,
Esperar em ti, amar-te

Nesta quarta estrofe, somos chamados a olhar a fé do apostolo Tomé no seu encontro com o Ressuscitado, observaremos a relação da Eucaristia e a Ressurreição de Cristo. Pois, bem, somos conduzidos ao cenáculo é lá que Jesus aparece aos onze, no primeiro dia da semana, ou seja, o Domingo. Recordemos que Tomé não estava lá quando o Ressuscitado apareceu aos seus naquela tarde do mesmo dia da Ressurreição, e por isso não acreditou que Jesus tinha aparecido aos onze discípulos conforme lhe foi transmitido, disse ele: “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei” (Jo 20,25). Que desafio Tomé põe, era preciso ver e tocar para crer que o Senhor estava vivo. Vemos que o Senhor Jesus aceitou este desafio feito por seu discípulo; Estando oito dias depois reunidos no mesmo lugar, eis que o Senhor Ressuscitado apareceu aos seus, e agora Tomé estava com eles, o Senhor tendo aceitado o desafio de seu discípulo lhe diz: “Tomé, põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê” (Jo 20,27).

Um fato extraordinário acontece neste encontro de Jesus com Tomé, o Senhor Ressuscitado o convida  a olhar as suas chagas e permite o que não permitiu a Madalena que ele as toque. Que grande graça o apóstolo recebeu, pôde não somente ver o seu Senhor, mas também tocá-lo. Quão adorável tocar as mãos e as chagas de amor que curaram a ferida da incredulidade no coração daquele apóstolo, dando-lhe uma fé nova, era o crucificado e ressuscitado que estava diante dele, o seu divino Mestre. A Tomé o Senhor convidou-o para por a mão no seu lado aberto, ferido pela lança, lado que jorrou a fonte da vida sem fim, seio que jorrou o Espírito sobre o coração daquele discípulo, mas também sobre nós, a sua Igreja. Um dia Tomé perguntou qual era o caminho que conduziria até o lugar para onde o Senhor Jesus iria, após a sua paixão, e o Senhor lhe disse: “Eu sou o caminho” (Jo 14,4). O Lado aberto de Jesus é a via, o caminho que leva ao Pai, é a porta estreita da salvação, da eternidade sem fim, foi daquele lado aberto, do verdadeiro e novo Templo que se abriu o caminho do manancial da salvação, é a porta onde todos podem entrar para ter um encontro pessoal com Deus, foi dela que jorrou a água e o sangue, o Espírito pelo qual somos batizados e a Eucaristia que é alimento pneumatificado. Cessava ali a incredulidade de Tomé, ele viu, tocou e acreditou, São Gregório Magno comenta esta atitude dizendo: “Foi mais útil para nós que a fé dos discípulos que creram”. Ali era o prova tangível da Ressurreição, Tomé toca no corpo que foi crucificado, mas que agora estava numa condição nova, cheio do Espírito, de glória, é incorruptível.

Em cada Eucaristia podemos experimentar este mesmo encontro, no momento da consagração, pela voz do sacerdote qual Cristo se oferecendo na cruz, ele adentra pelas portas muitas vezes fechadas de nossos corações, ele vem de dentro sacramentalmente, tanto que o povo tem o costume de contemplando o hóstia santa repetir as palavras de Tomé: “Meu Senhor e meu Deus”; e o surpreendente é que na comunhão podemos tocar o Senhor em nossas mãos, qual cruz que se forma como o trono do Senhor Crucificado e Ressuscitado, mas não somos nem tanto nós que o tocamos, mas é ele que ao entrar em nosso interior toca as nossas chagas, nossas feridas. Acontece um verdadeiro intercâmbio de amor, tocamos as chagas do Senhor ressuscitado, e ele toca as nossas, e com seu poder nos cura.  Vejamos, no calvário o bom ladrão não via divindade, mas somente a humanidade, na Eucaristia humanidade e divindade estão escondidas, a Tomé foi dado ver e tocar as chagas, a nós é pedido que creiamos sem tê-las visto.

Adentarmos na segunda parte da estrofe, é a nossa resposta de fé à verdade proclamada na primeira estrofe. Primeiro ponto a ser dito é que somos mais felizes que Tomé, por quê? Porque cremos sem ter visto, e o próprio Senhor disse a Tomé: “Porque viste creste. Felizes os que não viram e creram” (Jo 20,29). Bem-aventurados somos nós que não vimos o Ressuscitado pessoalmente como Tomé, mas cremos na sua presença real na Eucaristia. Na segunda estrofe se diz: Fac me tibi semper magis credere/ In te spem habere te diligere - Faz-me crer sempre mais em ti, esperar em ti, amar-te. Aqui pedimos que o Senhor faça crescer em nós as três virtudes teologais; fé, esperança e caridade. Então, pedimos a Jesus Eucarístico o aumento de nossa fé para crermos mais em sua presença viva e real como Ressuscitado em nosso meio, pois se não crermos que o Senhor Ressuscitou vazia é nossa fé, cremos num falido como muitos pensam, que o seu Espírito venha em auxílio à nossa falta de fé.

Pedimos também a graça do crescimento de nossa caridade, de nosso amor pelo Senhor; me reporto aqui àquelas três perguntas que o Senhor Ressuscitado fez a Pedro: “Tu me amas mais do que a estes?” (Jo 21,15), esta pergunta vale para cada um de nós, será que amamos a Eucaristia, o Senhor Jesus Vivo e Ressuscitado mais do que tudo? Temos dado a ele o tempo precioso de nossas vidas, o apenas o resto, o tempo lixo? Temos tirado algum tempo para o adorá-lo? Temos tornado fecundo em nós o amor pela Eucaristia dominical?. Que nosso amor por Jesus Eucarístico deveras possa crescer, quando nos alimentamos do Corpo e Sangue de Cristo, nos alimentamos do Amor Maior, a Eucaristia é o sacramento do amor, pois foi por amor que o Senhor o instituiu e ele é o sinal sacramental de sua oferta amorosa na cruz, já nos ensinava Sto. Tomás: “a Eucaristia é amor, significa amor e produz amor”. Quando vemos esta dimensão de amor fraternal da Eucaristia, corremos o grande risco de ver a ceia eucarística só como uma simples reunião fraterna de família, um “jantarzinho” do final de semana, não! Deveremos nos lembrar da dimensão sacrifical deste banquete, primeiro porque o cordeiro imolado se ofereceu em sacrifício, depois porque somos chamados a nos oferecer em sacrifício espiritual a Deus, e a pôr a nossa própria vida em sacrifício de amor pelos irmãos, é assim que nos ensina um antigo cântico de ofertório: “diante do altar Senhor entendo minha vocação, devo sacrificar a vida por meu irmão”.

Na eucaristia vemos revelado a nós o amor louco de Deus que se imolou em nosso lugar, aceitou livremente ser crucificado, sendo justo pelos injustos, se aniquilou por inteiro, se esvaziou, doou-se inteiramente e sem reservas, e amor é isso, dar-se sem regateios, é oferta oblativa de si para o outro. Comungamos e adoramos o amor que vem a nós, devemos dar a ele nosso amor, pedir a graça de amá-lo cada vez mais e de poder derramar em muitos corações este amor puro e verdadeiro que é o alimento da vida eterna, da pátria do amor. Ao amor é o limite do céu, então, amemos até que tudo se transforme em céu.   


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