segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O SAGRADO TEMPO DO ADVENTO - II

- É interessante notarmos que com o nascimento de Jesus cumpre-se todas as promessas do Antigo Testamento, e isto faz com que a história seja dividida num antes de Cristo e depois de Cristo, por conseguinte, o advento é justamente este tempo que precedeu a manifestação do Senhor. Isto permite que vejamos o próprio natal como um anúncio escatológico.

- Esta é a estrutura(escatológica e natalícia) que possui o tempo do advento; durante quatro semanas a Santa Mãe Igreja meditará sobre estas duas vindas de Deus na nossa história;o seu nascimento como cumprimento das expectativas do antigo testamento, e a sua manifestação cheia de glória no final dos tempos. Vejamos como estão dispostas estas quatro semanas:

- O advento abre o ano litúrgico da Igreja, tem início com o 1º domingo do advento e vai até antes das primeiras vésperas do Natal do Senhor. Um período que compreende 4 domingos, a primeira parte vai desde o 1º domingo até o dia 16 de Dezembro a Igreja vive o advento escatológico, de modo que os textos litúrgicos, assim como as leituras falam-nos do Futuro Messiânico, o Senhor que virá, e que devemos esperar vigilantes (Mc 13,33-37; Mt 25,1-13), purificando nossos corações, preparando os caminhos para o Senhor. Esta espera deve ser aguardada com alegria, a Igreja que muito suspira e grita ansiosa: vem Senhor não tardes mais! Vem dá-nos a tua salvação.



“Senhor Nosso Deus, dai-nos esperar solícitos a Vinda do Cristo, vosso Filho. Que ele, ao chegar nos encontre vigilantes na oração e proclamando o vosso louvor” (Or.Coleta da segunda-feira da 1ª semana)

“Revestido de sua glória ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje esperamos vigilantes” (prefácio do 1º domingo).


Numa segunda parte do advento que é a Grande Semana, a semana santa do Natal que vai do dia 17 ao dia 24 de Dezembro, os corações dos féis e de toda a Igreja se voltam para a meditação contemplativa da manifestação do Senhor em nossa carne, sua descida a nós, para redimir a humanidade ferida pelo pecado. A Igreja em seus textos litúrgicos lê as profecias que anunciam a chegada do Messias, sua descendia davídica,“o cetro não se afastará de Judá” (Gn 49,10), ele que surge como o rebento de Davi: “farei surgir de Davi um rebento justo” (Jr 23,5) ele que será gerado pela Virgem, filha de Sião, “Eis que uma Virgem conceberá e dará a luz um Filho e o seu nome será Emanuel” (Is 7,14). Os evangelhos apontam para a genealogia de Jesus (Mt 1,1-17), e a cada dia que passa as profecias vão anunciando com mais ânsia e fervor a chegada do Esperado das Nações.

“Eis que vem o desejado de todos os povos e encherá de glória o templo do Senhor”. (antífona de comunhão)

“Florescerá um ramo da raiz de Jessé: a glória do Senhor encherá a terra inteira e todo homem verá a salvação de Deus”. (antífona de entrada)

-As leituras dominicais trazem a seguinte ordem temática em cada um dos três ciclos litúrgicos (A-B-C):

  • A Vigilância na espera de Cristo (1º Domingo)
  • Urgente convite à conversão contido na pregação de João Batista (2º domingo)
  • O testemunho dado a Jesus pelo seu precursor (3º domingo)
  • O anúncio do nascimento de Jesus a José e Maria (4º domingo)


Podemos estabelecer também a seguinte ordem:

1º Domingo = Parusia Final
2º e 3º domingos= Vinda cotidiana do Senhor
4º Domingo= Prepara-nos para o nascimento do Senhor


Retomando a segunda parte do advento vemos que é durante estes dias que a Igreja também reza as antífonas ó, na aclamação ao Evangelho, é sinal do espanto comovido da Igreja que contempla ansiosamente o mistério do Cristo que vem para nascer em meio aos homens, Jesus é denominado de: Sabedoria, Guia de Israel, Rebento de Jessé, Chave de Davi, Sol Nascente, Rei das nações, Emanuel. O interessante destas antífonas é que sendo rezadas na semana santa do natal, elas são reveladoras de um mistério, vejamos, em latim, se tomarmos cada uma das iniciais de cada palavra começando pela última, ou seja, ó Emanuel, unidas darão a palavra latina: Ero cras, que quer dizer “amanhã chegarei”, ou seja, como a última antífona é lida no dia 23, ou seja, no dia que antecede a véspera do Natal, ela indica a grande chega do Emanuel, o Deus-Conosco.

- agora, diante destas duas vindas de Cristo ao mundo (natal e parusia) a Igreja aponta para uma vinda intermediária, que se dá por meio da Eucaristia, ou seja, é o Senhor que VEM na história a cada instante, na Eucaristia se celebra a páscoa, mas também se celebra a encarnação e o nascimento de Jesus; Santo Agostinho nos ajuda a compreender este dois grandiosos mistérios, diz ele: a encarnação na missa se dá quando assim como o útero da Virgem Maria foi fecundado pelo Espírito Santo, também as mãos do sacerdote são como aquele sagrado útero, que na força do Espírito no qual ele invoca sobre as espécies do pão e do vinho, tornam-nas fecundas de modo que é gerado mais uma vez o Filho de Deus, a isso se une o mistério do Natal, quando o menino nasceu foi posto numa manjedoura, no lugar onde se punha o alimento para os animais, isto indicava que aquele que nasceu na casa do Pão, em Belém, seria o Pão Vivo que alimenta toda a humanidade, e o altar se torna mais uma vez um manjedoura onde repousa o Pão Vivo, o Filho de Deus, e mais, diz-nos os textos sagrados é dito que o menino foi envolto em faixas (Lc 2,12), assim também na missa no altar qual manjedoura, o Corpo do Senhor está envolvido pelas alfaias sagradas, ou seja, os sagrados panos litúrgicos. Na Eucaristia, também se adentra já parusia, ou seja, no fim escatológico, mas, se fica esperando a Vinda gloriosa do Senhor, é o grito suplicante da esposa que na força do Espírito implora: Maranatha! Vem Senhor Jesus! (Ap 22,21).

-Dito isto podemos falar de três vindas de Jesus, sua manifestação na história, pois ele caminha e atua dentro dela levando-a para a sua meta:

·         Ele Veio na Encarnação
·         Ele vem pela a Eucaristia
·         Ele virá no Fim dos tempos

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