quinta-feira, 3 de novembro de 2011

MEDITAÇÃO PARA O DIA DE FINADOS

Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; 26e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. 27aEu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros”. (Jó 19,25-27)


Estas palavras do livro do profeta Jó que escutamos na noite de hoje na santa liturgia pelos fiéis defuntos, revelam mesmo que em penumbra o mistério da morte. Vejamos, para o cristão sua vida não termina no vazio, no nada como absurdo da existência humana; a vida do cristão não tem fim, pois caminha para o eterno, para a Jerusalém celeste, há como que uma passagem (páscoa) da vida perecível e efêmera para a vida imperecível porque é eterna, a vida dos bem-aventurados, ou seja, daqueles que encontraram o sentido primeiro e último de suas vidas em Cristo. É Ele o redentor que esta vivo, pois venceu a morte pela própria morte. Entendamos, quando toda a humanidade estava atolada no abismo da morte e sem esperança, quando tudo parecia o fim, eis que Deus age na história humana,  Cristo é enviado pelo Pai para redimir a humanidade, “pois eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6,38-39). Cristo ao assumir a nossa ínfima condição ele para nos redimir aceitou também morreu na cruz, foi sepultado, desceu à mansão dos mortos, ou seja, foi posto no estado de morto verdadeiramente, aquele que foi solidário com os vivos o é também com os mortos, “quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios” (Rm 5,6). Ele foi depositado na terra dos impotentes, dos fracos, dos que estão longe de Deus, mas esta sua presença efetua uma novidade inaudita, com a presença do Filho de Deus na região e no estado da morte, a própria morte que aprisionava o homem foi derrotada, o amor penetrou o abismo, a terra do não-amor e transformou aquilo que era prisão em caminho, de modo que a morte não tem nenhum domínio, por isso que o Filho Bem-amado, ele resgatou todos que padeciam e jaziam no abismo da morte, sua presença naquela região tenebrosa foi a grande Boa-Nova de Salvação para o homem, agora resplandece a Luz onde era escuridão. Cristo é retirado do abismo da morte, o Pai não o abandonou ao poder da morte, mas o fez sair de lá, e junto com o Filho, vem uma multidão, é o novo êxodo, é a libertação do exílio da morte para o terra prometida, a Jerusalém celeste, o Céu, Cristo pela sua morte reconciliou o mundo com Deus, “quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados pela morte de seu Filho (Rm 5,10). Se o Filho na ara da cruz, abandonou- se por inteiro, esvaziando-se de sua condição entregando o Espírito, vinclum amoris entre Ele e o Pai, e indo parar na terra dos exilados da morte, agora o Pai derrama sobre o seu Filho o Espírito que é o “Senhor que dá a vida” (Credo Niceno-Constantinopolitano) e o ressuscita; Cristo ressurgiu da morte vencedor, a morte já não tem forças e poder, a morte passa a ganhar um caráter novo, ela é caminho que leva ao céu, quem morre, dorme o sono nesta terra para acordar na eternidade, foi esta a grande novidade trazida por Jesus em sua Morte e Ressurreição. Cristo Ressuscitou como “o primogênito dentre os mortos”  (Cl 1,18), e trouxe-nos a esperança, e doou a nós o Espírito como dom de Ressurreição, dom de vida plena, ele o derramou sobre nós: “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5,5), todo aquele que crer nele tem a vida eterna, ressuscitará com Ele no último dia. É esta a realidade expressa no prefácio da missa de hoje: “para os que creem a vida não é tirada, mas transformada”. É isto que acontece quando morremos, nosso corpo mortal que é corruptível perece, nossa alma recebe um corpo revestido do Espírito Santo e se torna incorruptível, é a vida verdadeira que nos é dada, a vida de comunhão com Deus, Ele nos concede o dom de contemplarmos a sua face, de adentrarmos em seus átrios e de saborearmos da verdadeira glória, glória do Filho que por sua morte e ressurreição nos concedeu a vida imperecível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário