quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Jesus, O Novo e Definitivo Templo de Deus

Quão belas as leituras da missa de Hoje da Dedicação da Basílica de Latrão. Somos convidados a com fé volver nossos olhos e nossos corações para a Santa Habitação de Deus, a sua Morada entre nós, o Templo Santo onde refulge toda a glória. Quem é este Templo? Podemos pensar a princípio no Grande Templo de Jerusalém que era o esplendor da vida do povo Judeu, era o lugar Sagrado, onde o povo acorria anualmente para adorar o Único Deus, era o lugar privilegiado do encontro entre Deus e os homens, lugar de oração, de dirigir súplicas a Deus. O Templo santo de Jerusalém era a Identidade do povo, era a alma, o coração da vida daquela pequena gente. Mas este Templo não tinha caráter definitivo, era sinal, prenúncio de um Templo Maior, construído não por mãos humanas, mas pelo Espírito Eterno que é Vida, Este Templo Novo e definitivo, é Cristo. Reparemos, Cristo é a habitação de Deus em nosso meio, é a Tenda, é a Casa de Deus no meio de seu povo, contemplando o Mistério da Encarnação vemos “o Verbo que se fez Carne e habitou no meio de nós” (Jo 1,14). Deus em Jesus armou a sua Tenda em nosso meio, em Jesus o povo não vai só anualmente, mas constantemente, Jesus em sua pessoa, é o ponto exato do encontro entre Deus e sua humanidade, o seu povo, Deus visita o seu Povo; de Cristo também refulge em plenitude toda a glória de Deus pelo Espírito que o impele em sua missão. É em Cristo que nós encontramos nossa identidade também, isso já nos dizia a 2ª Leitura da missa: “Vós sois o edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada... não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3, 9.16). Ou seja, no dia de nosso Batismo pela fé fomos unidos a Jesus, Pedra Viva, somos inseridos no Edifício Vivo que é Cristo, somos pedras vivas na formação do edifício espiritual de Deus, mas nunca esqueçamos que Cristo é e será sempre a Pedra Fundamental, a Pedra Angular se o tirarmos o edifício desmorona, assim nos advertia o apóstolo Paulo: Veja como cada um constrói: “ninguém pode colocar outro alicerce além do que está posto: Cristo” (1Cor 3,11). É bom recordar que sendo Cristo o Templo, Ele é Santo, e nós participamos desta santidade, não somos pedras quaisquer, somos pedras santas, “porque o templo de Deus é santo e vós sois esse templo” (1Cor 3,17).

No Templo de Deus encontramos a abundância da vida; Cristo nos comunica a Vida verdadeira, dá-nos a sua própria vida. Aquele Templo que nos falou o profeta Ezequiel na 1ª Leitura, do qual da porta, do lado direito que estava voltada para o oriente e que saia água e que por onde ela passava ia gerando vida, gerando frutos abundantes, era o Templo de Jerusalém, mas que sendo edifício Material iria se acabar. Aquele Templo era sinal de Cristo, é Ele que nos dá vida em abundância, “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Vamos entender esta Realidade a partir do Evangelho da missa de hoje, vejamos: S. João descreve Jesus numa de suas subidas a Jerusalém para a páscoa, por sinal é a primeira; esta subida não pode ser entendida só geograficamente, mas teologicamente esta subida tem como meta principal a oferta sacrifical que Cristo faz de si, será a sua subida aos céus de Deus, mas que passará pela Cruz. Ao chegar ao Templo, Ele encontrou o maior alvoroço, por parte dos cambistas, dos vendilhões que lá estavam vendendo os animais para o sacrifício. Ao ver aquela ação, Diz-nos o texto: “Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!”. Mas o que fez Jesus? Vejamos, é verdade que se tinha um espaço para vender os animais, e que esta venda era liberada pelo poder da época, só que os homens estavam vendendo os animais no átrio dos gentios, e ali não era para isto, “o átrio era o espaço aberto onde todo mundo é convidado a rezar ao único Deus” (Bento XVI). Por isso que Jesus repudia a atitude dos vendilhões, ele faz cumprir a lei e os profetas, não permitindo que se abusasse do Templo. Mas existe outra verdade escondida, nesta ação, é o Zelo ardoroso de Jesus pela Casa de seu Deus e Pai, não que ele fosse um zelota/revolucionário, não se trata disso, o Zelo de Jesus ser revela no amor, ele se põe como servo sofredor de Deus que se oferece para dar aos homens a salvação.

O Templo não podia ser casa de comércio, um verdadeiro covil de ladrões, precisava ser purificado, por isso atitude de Jesus. O próprio Jesus indica como se dará esta purificação: “Destruí este Templo, e em três dias o levantarei” (Jo 2,19). Não é que Jesus iria destruir o Templo, não! Foram aquelas pessoas que profanaram que acabaram destruindo, embora o Templo iria chegar a sua ruína, como de fato chegou, mas existe uma verdade de esplendor maior, Jesus indica o surgimento do Templo Novo, é a sua Cruz, o mistério de sua paixão, morte e ressurreição, é neste mistério que surgirá o Templo Novo. Na sua Paixão ele revela aos judeus e a todo o mundo o sentido definitivo do Novo Templo. O Templo que Jesus estava falando era o seu Corpo, na sua oferta dolorosa na cruz, o templo antigo chegava já ao fim, embora ainda continuasse a existir, mas já não tinha mais nenhum sentido, pela Ressurreição eis que surge o Novo e definitivo Templo de Deus, o antigo templo material chegou ao fim, fora destruído, antes de o ser literalmente, Cristo Ressuscitado é o Novo Templo, nele agora todos se reúnem, as barreiras foram rompidas, se adora a Deus em Espírito e verdade.

Cristo, o Oriente, teve o lado direito de seu Corpo (Templo) aberto, e dele jorrou a fonte da Vida Imortal, do seu seio jorrou rios de água viva (Jo 7,38), nos foi dada a Vida verdadeira, a água, como sinal do Batismo, eis a fonte de vida pela qual nos tornamos filhos de Deus sepultados em Cristo e ressuscitados Nele. E o sangue sinal da Eucaristia, Corpo e Sangue de Cristo, o alimento eterno dos filhos e filhas de Deus, o sustento para o caminho da vida. Mas o importante é que este Rio de graça, salvação e de vida plena que jorra do lado direito de Cristo, qual Novo Templo, é cheio de vida porque é cheio do Espírito Santo. E este Espírito foi o dom pascal doado a nós, a sua Igreja, por isso que não é um Templo qualquer, mas é o Templo, a casa, a morada cheia do Espírito, por isso que ninguém a pode abalar, pois é firme para sempre, pois como dizia o salmo: “Deus está em seu meio e a tornou inabalável, Deus a protege desde o romper da aurora...o Senhor dos exércitos está conosco, o Deus de Jacó é nossa fortaleza” (Sl 45). Amém   


                            BASÍLICA DE SÃO JOÃO DE LATRÃO "A Mãe de Todas as Igrejas" 




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