domingo, 27 de novembro de 2011

VIGIAI, EIS QUE O SENHOR VIRÁ, CONVERTEI-VOS

Quão belíssimos foram os textos da Santa Liturgia que abriu o sacro tempo do advento do Senhor, nela escutamos pelo menos duas exortações firmes que ressoaram como um refrão solene do Senhor a nós: convertei-vos e vigiai. Vejamos, cada uma destas palavras, primeiro a CONVERSÃO, com o pecado de Adão e Eva, toda raça humana ficou sujeita ao pecado, de modo que, trazemos em nós as consequências do pecado original, e por isso estamos inclinados ao pecado, e pecar é sempre afastar-se de Deus, transgredir as suas leis de amor, é abandoná-lo, repudiá-lo e negá-lo, deixamos o caminho da vida bem-aventurada para trilharmos caminhos que nos fazem estar distantes dos átrios do Senhor, e, por conseguinte, abominamos o Deus que nos criou e que nos teceu com amor, ternura e compaixão, saímos como ovelhas desgarradas, longe agora do Pastor, somos como o povo de Israel que ao Deus que o cercou de carinho, ele pagou com a idolatria, por isso, exortava o profeta Isaías: “Tu te irritaste, porque nós pecamos... Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento. Não há quem invoque teu nome, quem se levante para encontrar-se contigo” (Is 64,4-6). Eis os males que nos assolam quando estamos vivendo só e unicamente para o pecado, quando esquecemos o Deus que nos criou, estamos tão frágeis que o vento do pecado nos leva para longe de Deus, ficamos imundos, como um lixo, sujos pela imundície do pecado.
Pecar é desfigurar a imagem de Deus que há em nós, lembremo-nos que fomos feitos do barro, o Senhor nos teceu, modelou, formou qual oleiro divino, “nós todos, somos obra de tuas mãos” (Is 64,7). O Senhor Deus com seu amor de Pai foi nos lapidando, foi imprimindo as suas feições em nós, a tal ponto de nos tronamos imagem e semelhança dele, que grande dom, ó esplendorosa dádiva de Deus a nós. Simplesmente, o pecado desfigurou esta imagem, este precioso vaso espiritual que somos nós, tudo parece estar perdido, por isso rogamos: “Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome... Por amor de teus servos, das tribos de tua herança, volta atrás. Ah! se rompesses os céus e descesses!” (Is 63,16.19). É o nosso suspiro, não temos forças para sozinhos retomarmos o caminho da felicidade, mas porque Deus não nos abandona, Ele em seu amor infinito romperá os céus e de lá nos enviará seu Filho, o Verbo para adentrar na nossa história e nos conduzir para o caminho da vida, Ele virá do alto, para restaurar a imagem de Deus em nós, imagem que o pecado dilacerou em duas partes, o Filhos virá a nós para que sejamos conduzidos aos caminhos de outrora, o caminho da salvação. Roguemos a Deus que ele volva a sua face sobre nós, iluminando-nos, guiando-nos no caminho da vida, que não nos venha a acontecer de que atolados no pecado, vivamos longe da presença de Deus, podemos até pensar que Deus nos abandonou, pelo contrário, quando pecamos nos escondemos da presença de Deus, qual Adão e Eva no paraíso. Deveremos mudar nosso coração, convertermo-nos em quanto há tempo, porque pode ser que se deixarmos para amanhã ou depois, ficarmos adiando o Senhor chegue e nos encontre despreparados. É aqui que entra a outra palavra: VIGILÂNCIA. Antes é preciso dizer que temos todos os meios possíveis para mudarmos de vida, Deus ao nos criar nos concedeu diversos dons, carimãs para desenvolvermos em prol de nós mesmos e daqueles que nos rodeiam, Deus nos deu tudo e não nos falta nada, deu-nos toda possibilidade de seguir o caminho da vida pelo amor e pela doação humilde da própria vida, “Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós. Assim, não tendes falta de nenhum dom”. (1Cor 1,5-7). Todas estas dádivas nós as recebemos ao sermos criados para podermos caminhar segundo os desígnios de Deus, isto porque nós não fomos criados para a mediocridade do pecado, não nossa vocação é ser um com Cristo, fomos feitos para Deus, somos dele; por isso que nos exortava São Paulo: “Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso”. (1Cor 1,9). Deus ao nos criar nos convidou a uma comunhão de vida com ele, Deus quer nos tornar divinos, mas para isso temos que nos esforçar diariamente, como um atleta que para desempenhar bem a sua função deve estar preparado, e é justamente neste ponto que podemos falar de Vigilância; e isto implica, não em estarmos acomodados, dormindo literalmente, inertes na vida, mas a estarmos prontos, com o coração e toda a existência livres para Deus, deveremos estar em atitude de prontidão.    
O Senhor nos chama a retomar o estado inicial no qual fomos criados. Chamados a ser santos e irrepreensíveis desde já até o fim. E para esperar este fim que se aproxima e vem juntamente como seu Senhor, devemos estar vigilantes, a não dormirmos o sonos do pecado. Sabemos que o Senhor virá uma segunda vez, revestido de glória é assim que proclamamos no credo. Depois que o Senhor foi elevado aos céus, voltando para a pátria de onde saiu, a terra estrangeira de que nos falava o evangelho, ele qual patrão  deixou cada um de nós seus servos e empregados para cuidarmos de sua casa, ou seja, o a Igreja, cuidar aqui significa zelar piedosamente. Deu-nos também tarefas, ou seja, sinal dos dons e carismas. Deixou um porteiro a nos vigiar, a olhar as nossas ações, mas quem é este porteiro? São os profetas que indicaram ao povo o caminho do redil do Senhor, é João Batista, o último e o maior dos profetas do Senhor que vai preparar os caminhos do Messias. Devemos estar vigilantes à espera do Senhor que vem, não sabemos quando, onde e como ele virá, só sabemos com fé que embora ele tarde, tão subitamente ele chegará. Devemos estar vigilantes em nosso coração, nosso modo de ser, pensar, agir, que ele nos encontre prontos e tendo-nos afastado do pecado, da escuridão do mundo dos sem-Deus, sejamos contados entre seus eleitos e ressoe em nossos corações as mesmas palavras do salmista:  “E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus!/ Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!” (Sl 79).

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